Muitos gestores e profissionais de contabilidade veem as Demonstrações contábeis, como a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), como obrigações a serem cumpridas. Contudo, elas podem ser mais do que isso, desempenhando o papel de auxiliar na gestão estratégica do negócio, bem como na tomada de decisão.
Contudo, muito além de sua característica mandatória, o documento pode ser elaborado mensalmente, tendo um protagonismo como ferramenta de um instrumento de gestão de performance da empresa, orientando também o planejamento financeiro e a definição da visão de futuro do negócio.
Neste artigo, detalhamos o conceito da DRE e mostramos a relevância desse tipo de documento.
O que é a DRE?
A DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) é um relatório contábil que mostra se a operação de uma empresa gerou lucro ou prejuízo contábil em dado período de tempo.
De acordo com a legislação fiscal, essa é uma das demonstrações contábeis obrigatórias para todas as empresas, exceto os MEIs. O documento deve ser elaborado anualmente sempre após o encerramento do ano-calendário.
Ao lado do Demonstrativo de Fluxo de Caixa e do Balanço Patrimonial , o DRE é um das peças utilizadas na consolidação contábil no caso de Grupos econômicos. O documento permite medir o potencial de lucratividade do negócio, apontando possíveis ajustes sempre que necessário.
Na prática, a DRE possibilita a construção uma série de indicadores relevantes que orientam a gestão corporativa. São eles:
- Faturamento Bruto;
- Ticket Médio;
- Resultado Líquido;
- Despesas com Impostos;
- Custos de Infraestrutura;
- EBITDA.
A partir dos dados que constam na DRE, tanto o profissional de contabilidade quanto o gestor têm condições de avaliar a saúde financeira da Companhia/Empresa.
Em suma, a DRE possibilita a detecção de uma série de aspectos que requerem atenção e alocação de recursos financeiros. É possível, por exemplo, mapear a origem de despesas ou gargalos na performance das vendas e fazer os ajustes necessários, buscando o máximo desempenho.
Tomando como base as informações e indicadores da DRE, construa estratégias mais consistentes de captação de recursos, crescimento e expansão de negócios.
A estrutura da DRE
A estrutura da Demonstração de Resultado de Exercício é definida pela Lei 6.404/1976, Artigo 187, considerando também a alteração pela Lei 11.638/2007 e deve conter:
- A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;
- A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
- As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
- O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
- O resultado do exercício antes do imposto sobre a renda e a provisão para o imposto;
- As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa;
- O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.
A estrutura indicada na lei se aplica às empresas de capital aberto. Ainda assim, atualmente, o presente formato é usado pela maioria das Entidades de diferentes setores.
Como elaborar uma DRE?
Para produzir o relatório, de acordo com o modelo proposto pelo governo, o profissional de contabilidade precisa realizar uma série de cálculos que irão facilitar a construção da DRE.
Veja os principais passos a serem seguidos:
- Apresentar a Receita Bruta de vendas, subtraindo dela todas as deduções (devoluções e cancelamentos) e impostos. Como resultado, tem-se a Receita Líquida do período.
- Da Receita Líquida, basta subtrair os custos das mercadorias produzidas/vendidas e/ou serviços prestados. O resultado é a Margem Bruta.
- Da Margem Bruta, é preciso subtrair as despesas operacionais, como por exemplo despesas administrativas, comerciais resultando no Resultado Operacional Líquido, que consequentemente deduzido do resultado financeiro e também das despesas com depreciação e amortização chegando ao LAJIDA (Lucros antes dos juros impostos, depreciação e amortização) também conhecido pela sigla em inglês EBITDA (Earning before interests taxes depreciation and amortization).
- Por fim o passo é deduzir as despesas de Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido, obtendo, então, o Resultado Líquido do Exercício: esse é o objetivo da DRE.
Exemplo de uma DRE
A seguir, é possível conferir o exemplo de uma DRE para compreender onde fica cada elemento:
FATURAMENTO BRUTO (relacionado à venda de produtos para empresa industrial)
(-) Imposto sobre os Produtos Industrializados(IPI)
= RECEITA de VENDAS BRUTA (vendas de Mercadorias e Prestação de Serviços)
(-) Impostos e Contribuições Incidentes sobre Mercadorias e Serviços (ISS, ICMS, PIS/COFINS)
(-) Descontos incondicionais concedidos
(-) Devoluções de Vendas
(+) Reversão dos Impostos Sobre Devoluções de Vendas
(-) Abatimentos sobre Vendas (sem reversão dos impostos sobre a parte abatida)
= RECEITA DE VENDAS LÍQUIDA
(-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV, inclui frete/seguros sobre compras de insumos)
(-) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV, inclui frete/seguros sobre compras de mercadorias)
(-) Custo dos Serviços Prestados (CSP)
= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) Despesas Comerciais (inclui publicidade e propaganda, marketing, eventos, depreciação de veículos de vendas/entregas, fretes/seguros sobre vendas, salários de vendedores, despesa de provisão para devedores duvidosos, brindes)
(-) Despesas Gerais e Administrativas (inclui impostos e aluguéis sobre prédios administrativos, depreciações em geral, salários, impostos, benefícios – como plano de saúde e vale refeição, contabilidade, contas de água, luz e telefone, seguro e honorários de diretoria)
(-) Outras Despesas Operacionais (inclui despesas ligadas à operação da empresa, como custo de equivalência patrimonial e despesas de ajuste ao valor de mercado)
(+) Outras Receitas Operacionais (inclui os valores das vendas de serviços ou produtos relacionados à atividade econômica da empresa. Ou seja, abrange receitas de equivalência patrimonial, receitas de ajuste ao valor de mercado, aluguéis ativos e reversão de provisão para devedores duvidosos)
(-) Despesas Financeiras (inclui IOF, variações monetárias passivas, descontos condicionais concedidos a clientes, juros pagos a fornecedores, variações cambiais passivas, tarifas bancárias com manutenção de conta e transferências)
(+) Receitas Financeiras (inclui variações monetárias ativas, descontos condicionais concedidos, juros; descontos recebidos; rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa; receitas de títulos vinculados ao mercado aberto; receitas sobre qualquer outro investimento temporário; prêmios sobre resgate de títulos e debêntures; juros recebidos sobre o valor do depósito judicial ou extrajudicial que suspenda a exigibilidade do crédito tributário);
(-) Outras DESPESAS (inclui custo de venda de ativo imobilizado)
(+) Outras RECEITAS (inclui receita de venda de ativo imobilizado)
(=) RESULTADO OPERACIONAL LÍQUIDO antes do imposto de
renda e da contribuição social sobre o lucro líquido
(-) Despesa com Provisão de Imposto de Renda
(-) Despesa com Provisão de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
(=) RESULTADO LÍQUIDO antes das participações
Importante: As participações abaixo devem ser calculadas rigorosamente na ordem proposta. Para o cálculo da próxima, deve ser sempre abatido o valor da participação anterior.
Fórmula: Base de cálculo das participações = Resultado líquido antes das participações – Prejuízo acumulado de exercícios anteriores |
(-) Debêntures (dedutível do Imposto de Renda)
(-) Empregados (dedutível do Imposto de Renda)
(-) Administradores
(-) Partes Beneficiárias
(-) Fundos de Assistência e Previdência para Empregados
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
Assim como outras demonstrações contábeis, a DRE é um poderoso instrumento de gestão e planejamento que revela muito sobre o potencial produtivo e de rentabilidade do seu negócio.
2 Responses
[…] O levantamento, tanto trimestral quanto anual, do demonstrativo do lucro real consiste no seguinte cálculo dos balanços mensais: […]
[…] balancete também é importante para a criação de outros demonstrativos, entre eles, Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e o Balanço Patrimonial […]