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Novos recursos do Accountfy levam flexibilidade com governança ao planejamento orçamentário

O Accountfy está aperfeiçoando a sua plataforma de gestão e governança financeiras com o lançamento de novos recursos para planejamento orçamentário. Com isso, a fintech dá mais um passo em sua estratégia para expandir os negócios no Brasil e exterior, com o desenvolvimento de uma ferramenta completa para a área financeira das empresas. 

 As novas funcionalidades da plataforma SaaS são a Memória de Cálculo e o Orçamento Matricial, que estarão disponíveis no módulo de Modelagem Financeira a partir do mês de outubro. Os lançamentos ampliam a oferta de produtos do Accountfy para os times de Financial Planning and Analysis (FP&A), que hoje ainda são dependentes de planilhas.  

“Essas equipes passam a ter algo inovador que combina a governança do Accountfy e a flexibilidade das planilhas. São novidades que aumentam o nosso potencial de mercado e, por consequência, devem elevar a receita. Diferente de soluções que são mais padronizadas e exigem que os clientes se adaptem ao processo da ferramenta, nos adaptaremos ao processo das empresas. Esse é o maior ganho para os usuários”, afirma Goldwasser Neto, cofundador e CEO do Accountfy. 

Desde a sua fundação, em 2017, a startup cresce três vezes em seu faturamento a cada ano. Em plena expansão nacional e internacional, o Accountfy pretende investir, pelo menos, R$ 30 milhões até 2024 para acelerar o desenvolvimento do produto. “Os aportes em tecnologia buscam consolidar a nossa plataforma como a ferramenta mais completa para munir as áreas que são o tripé para os CFOs – controladoria, planejamento e tesouraria – com recursos que permitam a automação da área financeira das empresas com governança”, diz Goldwasser. 

Segundo Thiago Mano, CPO do Accountfy, as funcionalidades de Memória de Cálculo e Orçamento Matricial, além de maior flexibilidade, proporcionam segurança e agilidade no planejamento orçamentário, ampliando ainda mais o leque de possibilidades de construção de cenários para a tomada de decisões estratégicas de negócio. 

“Estamos potencializando a construção do orçamento, trazendo diversas possibilidades para modelagem de cenários complexos com mais informações e a possibilidade de cruzamento de dados de diversas áreas. Além disso, criamos camadas de segurança para dar acesso apenas a quem precisa da informação”, afirma o executivo. 

Novidades para o planejamento orçamentário

Na prática, a Memória de Cálculo permite a criação de racionais de cálculo para definição de uma premissa de orçamento; a criação de premissas compostas pelo cruzamento de informações contábeis e de outras fontes; maior flexibilidade do cálculo dos valores, usando fórmulas mais complexas; fácil acesso das memórias de cálculo para revisão e validação dos valores; controle de acessos aos dados usados e confidencialidade de informação; e evita o retrabalho no desenvolvimento de modelos para a construção de orçamentos.  

Outras vantagens são a importação e exportação de planilhas e arquivos CVS e a otimização da modelagem financeira, uma vez que os cálculos complexos ficam dentro da memória permitindo utilizar menos premissas. 

Já por meio do Orçamento Matricial, os profissionais de finanças poderão criar orçamentos solicitando o preenchimento das informações de várias áreas da empresa O recurso dá visibilidade ao acompanhar o status do processo; evita a circulação de várias planilhas, tendo o trabalho de consolidação para visualização do orçamento final; garante a confidencialidade das informações, restringindo o compartilhamento com pessoas não autorizadas; e agiliza a validação e ajustes, otimizando todo o processo. 

 Com o novo recurso, os profissionais terão flexibilidade ao criar e editar o orçamento matricial pois, a qualquer momento, podem incluir ou excluir novas dimensões (que, no Accountfy são chamadas de Etiquetas) e usuários, além de definir os prazos de forma individual ou coletiva. “Além da atribuição explícita dos usuários que precisam preencher informações das suas áreas, o responsável pelo orçamento pode bloquear as abas para edição, preservando os valores já validados. Tudo isso também traz segurança ao montar o orçamento”, afirma Mano.  

Quer saber mais sobre essas novas funcionalidades, marque um bate-papo com um dos nossos especialistas.

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Mirando governança financeira, Accountfy cria cargo de CRO e planeja crescimento por meio de parcerias

Em uma época em que ESG é um dos termos mais usados pelas empresas, alcançar uma maior governança corporativa tem sido um dos principais objetivos de muitas delas. E é com o foco na entrega de tecnologia e serviços para governança que o Accountfy, plataforma SaaS de gestão e performance financeira, espera crescer nos próximos anos. 

Para isso, a startup está apostando na expansão da rede de canais formada pelas grandes empresas de auditoria e consultoria, além de escritórios de médio porte. Hoje, ela já conta com 15 parceiros, incluindo PricewaterhouseCoopers (PwC) e Ernst & Young (EY). 

 

 “Com essas parcerias, entregamos aos clientes uma visão além da gestão contábil: uma estratégia de gestão financeira e governança corporativa. Por isso, vamos fortalecer essa rede de canais com a criação de um programa de benefícios e mostrando como a nossa ferramenta agrega mais valor e pode alavancar as margens dos serviços prestados pelo parceiro”, diz Marcelo Ferraz, que acaba de assumir o cargo de Chief Revenue Officer (CRO) do Accountfy.  

Fundada em 2017 por especialistas em finanças, o Accountfy já facilitou a rotina do departamento financeiro de mais de 500 grupos econômicos. Em seus cinco anos de existência, a plataforma cresceu três vezes em seu faturamento anualmente e prevê dobrar de tamanho em 2022.  

A nova posição de Ferraz, executivo que atua na área há quinze anos, sendo os últimos cinco na plataforma, surge num momento desafiador para as startups em meio à desaceleração dos investimentos e redução no quadro de funcionários. Ele será responsável pela estratégia de geração de receita com um olhar mais próximo de todas as áreas. 

“Mesmo com um modelo de gestão muito controlado e com viés focado em finanças, era visível o distanciamento entre as áreas em função de um crescimento muito rápido do negócio. A ideia é unificar todas as operações com um único entendimento de estratégia de comunicação e venda, para aumentar a eficiência e a receita da empresa”, afirma Ferraz.  

A ampliação de canais será usada tanto na expansão dos negócios no mercado local como no exterior. Após ter recebido aportes que totalizam US$ 11 milhões, o Accountfy já chegou a cinco países, incluindo os Estados Unidos. Hoje, as operações no Chile, Colômbia, México e Peru representam 7,5% da receita da empresa. No longo prazo, um dos objetivos estratégicos é que o mercado latino-americano, sem considerar o Brasil, componha 40% dos negócios até 2024. 

A estratégia para ganhar capilaridade vem acompanhada de novos aportes. Para sustentar essa expansão, a empresa investirá, pelo menos, R$ 30 milhões nos próximos dois anos para acelerar o desenvolvimento do produto, com lançamento de novas funcionalidades e fortalecimento da infraestrutura de segurança e certificações. 

Educação sobre automatização e governança financeira

Segundo Ferraz, a rede de parceiros contribuirá no processo de educação do mercado para a importância da automatização da contabilidade nas empresas para agilizar a apresentação de dados, promover a transparência das informações e reduzir erros comuns com o uso de planilhas. Consultas informais realizadas pelas equipes do Accountfy indicam que 90% das grandes empresas ainda fazem as suas demonstrações financeiras em planilhas.  

“Isso significa que existe oportunidade de mercado, mas também há resistência na adoção de novas tecnologias capazes de automatizar processos. O grande desafio é mostrar para a empresa que sua área financeira deve estar apoiada em processos, governança e metodologia. E esse processo de educação em finanças só acontece em longo prazo, pois implica em mudança de consciência dentro das empresas”, diz.  

O executivo desta que a especialidade do Accountfy é resolver os problemas de empresas que têm obrigação de reportar informações financeiras por meio da publicação de balanço. São companhias de capital aberto e aquelas que são auditadas, que precisam gerar demonstrações financeiras, fazer consolidação contábeis e outras obrigações.  

Um dos objetivos da startup, entretanto, é também apresentar a ferramenta para pequenas e médias empresas terem acesso à mesma metodologia de reporte e análise financeira que as grandes companhias possuem. “Essa prática resulta em uma auditoria de contabilidade e finança saudável, mais crédito, empréstimos com taxas especiais em função de uma organização financeira e governança que gera confiança e transparência para as instituições e investidores.”  

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As melhores estratégias para construir um orçamento eficiente

Tainá Cunha, em artigo publicado no portal de finanças iDinheiro, afirma que orçamento é um documento que contém informações futuras sobre todas as receitas e despesas de uma empresa em um determinado período, projetando seus recursos financeiros a curto, médio e longo prazo.

Trata-se de uma ferramenta de planejamento financeiro completa e eficiente, pois permite que o empreendedor e sua equipe possam vislumbrar os gastos futuros de cada setor, atividade e função dentro do negócio.

Jonas Elmerraji, em editorial para a Investopedia, afirma que o orçamento serve como um plano de ação para os gestores, bem como um ponto de comparação no final de um período. E este processo pode ser desafiador, principalmente se houver problemas de liquidez ou a receita e as vendas forem intermitentes.

Para ele, existem vários tipos de orçamentos que as empresas podem adotar em suas rotinas, incluindo orçamentos operacionais, principais, bem como orçamentos estáticos e flexíveis. Contudo, a maioria das empresas projeta um orçamento global, onde prevêem todo o ano fiscal.

Este orçamento incluirá projeções para itens na demonstração de resultados, no balanço patrimonial e na demonstração do fluxo de caixa. Essas projeções podem incluir receitas, despesas, custos operacionais, vendas e despesas de capital.


Como é feito um orçamento empresarial

A Siteware, empresa de gestão de performance e estratégia empresarial, detalha em seu site aspectos importantes sobre orçamento empresarial

Segundo a companhia, todas as empresas, sejam elas públicas, privadas ou organizações sem fins lucrativos, devem fazer seu orçamento empresarial.

Em empresas de médio e grande porte, recomenda-se que a tarefa seja dividida entre os gestores das diversas áreas ou centros de custo. Assim, as informações finais, depois de consolidadas, acabam gerando o orçamento de toda a companhia. A Siteware também apresenta cinco dicas para a elaboração de um orçamento:

  1. Baseie-se em um plano de contas contábil da empresa ou área;
  2. Busque por informações históricas, evitando orçamentos fora da realidade;
  3. Lembre de contemplar os encargos de rotina sobre a folha de pagamentos;
  4. Respeite a realidade comercial e as variações sazonais do seu negócio;
  5. Mantenha o alinhamento com o planejamento estratégico da empresa.

Os tipos de orçamento existentes

Rosemary Carlson, especialista em negócios, em artigo para o portal de finanças The Balance, afirma que uma das etapas fundamentais em um orçamento é a preparação do documento. Para ela, as empresas que dependem da receita de vendas sazonais servem de exemplo da importância de um orçamento bem estruturado.

“Se os meses de junho, julho, agosto e dezembro normalmente geram 75% da receita da sua empresa, seu orçamento permitirá que você planeje com antecedência. Ter uma estratégia para distribuir sua receita com mais eficiência ao longo de um ano fiscal completo ajudará a maximizar os lucros”, afirma Rosemary.

A escritora de finanças também pontua os tipos de orçamento mais comuns e a importância de cada formato na avaliação do desempenho das empresas.

Orçamento estático

Usa dados financeiros históricos para orçar receitas e despesas esperadas no próximo período. Normalmente usado ​​por empresas muito pequenas, ele exige que cada item de linha seja adicionado a um aumento ou diminuição percentual para refletir o próximo orçamento.

Baseado no desempenho

Leva em consideração as entradas e saídas por unidade de produto ou serviço, gerando análises comparativas, visando alcançar a máxima eficiência do negócio.

Orçamento base zero

O orçamento base zero começa do zero e cria um novo orçamento com base nas condições de um determinado momento, detalhando cada item e os dados financeiros internos.

Análise de variação

É o orçamento em que os valores reais e esperados para cada item de receita e despesa são calculados. Os resultados são usados ​​para tentar trazer os itens orçamentários de volta a um determinado intervalo e obter maior eficiência orçamentária.

Orçamento para obter financiamento

Trata-se de um histórico dos orçamentos com detalhamentos, que ajuda a mostrar aos credores ou investidores em potencial que você pode desenvolver um plano de negócios e fazê-lo funcionar. 

Estratégias para fazer um orçamento eficiente

Em tempos de incertezas globais e retração econômica, cada vez mais, as empresas irão se deparar com a necessidade de enxugar e ajustar orçamentos. E fazer uso da melhor estratégia tem se mostrado um diferencial competitivo.

Nick Lebredo, professor de contabilidade e gestão de negócios, em artigo publicado na Strategic Finance, analisa como um time de beisebol norte-americano, que com poucos recursos, mas com um boa dose de inteligência e liderança, conseguiu um histórico de excelentes resultados na temporada 2018.

Na análise, o autor levanta pontos importantes que podem fazer a diferença na construção de um orçamento eficiente. Já a Cobli, plataforma de inteligência em gestão de frotas, reuniu algumas dicas sobre como fazer um orçamento empresarial mais eficiente.

A Bsoft, desenvolvedora de software, também publicou em seu site, insights que auxiliam na criação de um orçamento.

Confira algumas delas:

Monte o diagnóstico financeiro

Para começar a fazer seu orçamento empresarial, é importante fazer uma análise geral da condição do negócio, reunindo as informações referentes ao passado da companhia. Para formar esta base orçamentária, junte todas as contas e impostos pagos, as folhas de pagamento, os pedidos a fornecedores, bem como as informações de receitas recebidas e serviços prestados no último ano da companhia, por exemplo.

Liste objetivos e metas

Um bom orçamento não pode olhar só para o passado, deve ajudar a entender quais são as metas que a empresa pretende atingir. Assim, é possível alinhar a realidade do presente com os objetivos do futuro. Se sua empresa fabrica roupas e quer vender mais no ano seguinte, talvez seja necessário gastar mais com empregados, máquinas e tecidos, por exemplo. Ao mesmo tempo, se sua empresa pretende ser mais eficiente, é importante olhar para os custos anteriores e avaliar se há possibilidade de reduzi-los.

Faça uma projeção baseada em dados

As projeções devem ser baseadas em uma visão realista sobre o que aconteceu e como o negócio pode evoluir no futuro. Se sua empresa vendeu 100 mil camisetas em um ano, pode ser muito difícil acreditar que você venderá 1 milhão de camisetas no ano seguinte. É preciso olhar para os dados, entender o cenário e definir quais projeções são mais realistas para o negócio.

Estime as receitas

Muitos empresários cometem o erro de construir metas isoladas, pensando apenas nas vendas de maneira específica. É preciso levar em conta que o custo de um material ou dos seus insumos podem variar de tempos em tempos.

Detalhe custos e despesas

Se você é um gestor ou empreendedor, sabe da importância de um fluxo de caixa. Afinal, não basta só olhar para as receitas, é preciso também fazer com que custos e despesas estejam saudáveis; em bom português, é importante ganhar mais do que gastar.

Organize as informações para consulta

Se você já organizou os dois lados do seu fluxo de caixa, agora é só organizar todas as informações para a consulta. Sim, um bom orçamento é aquele que pode ser consultado por todos os envolvidos no processo. 

Acompanhe o mercado

Alterações nas legislações tributária, trabalhista, nas taxas de juros, de importação e exportação de bens e serviços, no preço do combustível e de outros insumos podem impactar no seu negócio em maior ou menor medida. 

Monitore os resultados 

Além de seguir os passos mencionados, é essencial monitorar o processo periodicamente e ter a certeza de que o orçamento empresarial está sendo cumprido. O uso de indicadores e métricas serve para avaliar o desempenho dos processos, identificar os erros e adotar medidas corretivas quando necessário.

Se for preciso reavalie o orçamento

Se ao monitorar a execução do seu orçamento, você perceber algum desvio de rota ou a necessidade de ajustes, volte atrás e reavalie. 

Coloque as pessoas certas nos lugares certos

Combine e retenha novos talentos. Assim como no baseball, colaboradores não devem ficar presos a um determinado papel, eles precisam se movimentar e atender a área financeira conforme necessário. 

Seja inovador, corra riscos

O mundo dos negócios está cheio de exemplos de empresas que quebraram a tradição, seja para contratar executivos que tiveram sucesso em outros setores, introduzir novas linhas de produtos, adquirir ou se fundir com empresas, entre outros. Além de assumir riscos, é importante aprender e crescer com os erros.

Desenvolva seus talentos

Confiar nos seus talentos, investir no desenvolvimento do seu time e estreitar laços com os colaboradores das demais áreas é uma lição para os líderes financeiros.

Ganhe confiança

Após ter as pessoas certas no lugar certo, o próximo passo do líder é criar um ambiente de confiança, possibilitando que colaboradores se autogestionem, absorvam e transmitam melhor um ideal de confiança.

Trabalhe duro, mas crie um ambiente positivo

Não há dúvida de que o sucesso requer competência técnica e muito trabalho, mas um ambiente inspirador também traz ótimos resultados. Líderes da área de finanças devem influenciar positivamente os demais colaboradores a alcançar os resultados desejados.

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Governança: Qual é o caminho para uma empresa mais transparente?

Para muitas empresas, a governança corporativa e transparência aparecem muito mais no discurso do que realmente em ações. 82,1% das startups e scale-ups brasileiras, por exemplo, ainda estão nos estágios iniciais em governança corporativa, afirma uma pesquisa elaborada pela Better Governance, consultoria especializada em governança. Foram avaliadas 148 empresas, 16% delas fintechs, em parceria com a Associação Brasileira de Startups, Distrito, BNDES Garagem, Cubo, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e InvestSP.

Os aspectos de ESG (Environmental, Social and Governance) também são alvo de avaliações não só das próprias empresas, mas de diferentes organizações. A Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), por exemplo, reconhece e  incentiva a transparência das empresas no que diz respeito à divulgação das suas informações por meio das demonstrações financeiras com o Troféu Transparência

A 26ª edição aconteceu em outubro e reconheceu as empresas que seguem as melhores práticas contábeis, em um esforço para apresentar o conjunto de informações mais objetivas para o mercado.

O Accountfy foi um dos apoiadores oficiais da premiação. Conversamos com Marta Pelucio, presidente nacional da ANEFAC, sobre governança, transparência e a importância do prêmio.

A relação entre governança e transparência

Qual a importância de uma empresa ser transparente com suas demonstrações financeiras? 

Por meio das demonstrações financeiras é que qualquer indivíduo ou entidade tem informações sobre o desempenho de uma entidade e de sua situação patrimonial. Quanto mais transparente a empresa for, melhor será a qualidade da informação que chega para esses entes externos. 

Empresas de qualquer tamanho devem prezar por isso?

Independentemente de setor ou do tamanho da empresa, se tivéssemos uma cultura de total transparência, teríamos um mercado cada vez mais confiável para nossos investimentos e para nossas análises e toda a sociedade ganha com informação de boa qualidade. Meu sonho é de que entidades de diferentes portes e áreas de atuação publicassem de forma transparente suas demonstrações financeiras. Mas, infelizmente, as empresas fechadas, que não negociam seus títulos patrimoniais ou de dívidas no mercado de capitais, não geram informação para a sociedade. Um funcionário de uma grande empresa fechada não tem informações sobre a situação dela e pode, de uma hora para outra, ficar sem seu emprego, sendo pego de surpresa com recuperações judiciais ou encerramento de atividades, como já aconteceu com multinacionais de grande porte que não divulgam suas informações. Da mesma forma, importantes combinações de negócios acontecem com essas empresas fechadas e nossa sociedade não tem nenhum tipo de informação, não sendo possível mensurar ou avaliar os impactos de suas negociações na nossa sociedade.

Quais são alguns dos benefícios de uma boa governança corporativa?

Os credores sentem-se muito mais confortáveis com demonstrações financeiras que são transparentes e ser transparente inclui a sua ampla publicação. Quando o credor percebe falta de transparência no mercado, reflete sua insegurança no custo da dívida. Mercado não transparente é um mercado caro. Os investidores sentem-se motivados a participar de um mercado que seja transparente e o buscam para aportar seus capitais, pois entendem que quanto mais transparente, menor será o seu risco. Com isso consideram uma taxa de risco alta na precificação das ações, o que é prejudicial para os participantes. O futuro é a transparência.

O que uma empresa deve fazer para começar a ser mais transparente?

Ela deve pensar com a cabeça do seu leitor. Se colocar no lugar dele e refletir: qual informação é importante para que o usuário externo entenda minha operação? Qual informação é necessária para que o usuário avalie meu desempenho e os riscos do negócio? Uma empresa transparente comunica ao mercado tudo aquilo que é relevante sobre o negócio da entidade, sua situação patrimonial e seu desempenho. Usa uma linguagem acessível. Tem como foco o processo de comunicação.

Quais são os principais desafios nesse processo?

O grande desafio é interpretar o que a empresa é com base nas diretrizes normativas e regulatórias e traduzir em uma linguagem de fácil comunicação. Dessa forma, primeiro é preciso ter uma boa estrutura de governança que garanta que todas as transações relevantes que impactam financeiramente a entidade sejam devidamente mapeadas, controladas e gerem informação clara para que a contabilidade possa atuar adequadamente. 

Outro importante desafio é ter uma boa equipe de contabilidade, com bons conhecimentos normativos e boa capacidade de interpretação dessas transações devidamente mapeadas. E, por fim, ter uma gestão comprometida com a qualidade e que tome decisões durante o processo de elaboração das demonstrações financeiras com foco na qualidade da informação financeira que será gerada. 

Qual o nível de transparência e particularidades do mercado brasileiro em relação a esse tema?

Infelizmente nosso nível de transparência ainda é muito baixo em relação ao tamanho do Brasil. Temos empresas comprometidas com a bandeira da transparência e que são exemplares. O problema é que são poucas quando olhamos para o nosso mercado como um todo.Em 26 anos do nosso Troféu Transparência, por exemplo, até hoje somente cerca de 110 empresas foram premiadas.

Existem mercados muito menores nos quais empresas de médio e pequeno porte publicam suas informações. Acredito que teríamos uma sociedade muito mais transparente se todas as empresas multinacionais tivessem a obrigatoriedade de auditar e publicar suas demonstrações financeiras; que toda empresa de grande porte, mesmo que limitada, tivesse a obrigatoriedade de publicar suas demonstrações financeiras no Brasil. Nós deveríamos exigir essa maior transparência. 

Quais são os pontos positivos e ensinamentos que podemos tirar das empresas vencedores do troféu?

As empresas que são exemplo em transparência buscam o que é melhor para o mercado, buscam gerar informações relevantes e compreensíveis, fomentam a discussão e o networking. Cada uma tem um caminho diferente para se estruturar nesse processo de geração de demonstrações financeiras transparentes, mas o objetivo final é sempre o mesmo: gerar informação útil e transparente para o mercado sobre sua situação financeira. 

Ganhadores do Troféu Transparência 2022

Categoria Receita líquida abaixo de R$ 5 bilhões: 

AES Brasil Energia, Cesp, Cogna Educação, Fleury, Irani, Marcopolo, Qualicorp, Rio Paraná Energia, SLC Agrícola e Totvs.                     

Categoria Receita líquida de R$ 5 bilhões até R$20 bilhões: 

B3, Comgás, CSN Mineração, EDP Energias do Brasil, Engie Brasil Energia, Riachuelo, Klabin, Lojas Renner, Sabesp e Sanepar.

Categoria Receita líquida acima de R$20 bilhões: 

Eletrobras, Eletropaulo, Embraer, Magalu, Neoenergia, Petrobras, Raia Drogasil, Suzano, Vale e Vibra Energia.

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10 boas práticas em fusões e aquisições

Após os seis primeiros meses do ano, marcados por uma movimentação recorde no mercado de fusões e aquisições – mergers and acquisitions ou M&A em inglês – o cenário atual apresenta desaceleração. 

O volume global de fusões e aquisições caiu 17% em relação ao primeiro semestre de 2021 para US$ 2,1 trilhões, segundo dados compilados pela agência de notícias Bloomberg. O conjunto de fatores como inflação em alta, aperto monetário, tensões geopolíticas e cadeias de suprimentos ajustadas influenciaram na queda de volume de compras visto no ano passado.

Com isso, o movimento dos bancos é de recuo do financiamento para grandes transações. Isso se deve às negociações que caíram em todas as principais regiões e na maioria dos setores, com um número crescente de transações emperradas ou abandonadas. 

Segundo estudo da Refinitiv, fornecedora global de dados e infraestrutura do mercado financeiro, apesar desse cenário, o primeiro semestre de 2022 foi o melhor período para grandes acordos – negócios fechados acima dos US$ 10 bilhões –, resultando em uma alta de 11% em operações únicas nesse patamar. Entre as quatro principais operações, duas foram no setor de tecnologia: a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft por US$ 69 bilhões e a compra da VMware pela Broadcom por US$ 68 bilhões.

Estima-se que o mercado M&A poderá movimentar cerca de US$ 4,7 trilhões neste ano, segundo cálculos da consultoria Bain, publicados em seu relatório global de M&A.

Michael Santini, presidente executivo global do UBS, banco de investimentos, afirma: “O segundo semestre começou com volatilidade e, provavelmente, caminhamos para um mercado mais ativo de fusões e aquisições e IPOs em 2023, dado que o ciclo de alta de juros do Fed (banco central americano) será concluído quando encerrarmos 2022, possibilitando maior visibilidade sobre as perspectivas econômicas.”

Cenário Brasil e LATAM de fusões e aquisições 

O relatório Market Report Fusões e Aquisições/M&A Brasil, elaborado pela consultoria Kroll, reuniu os resultados das operações de M&A no Brasil de janeiro a junho de 2022 e revelou que o cenário de retração é muito similar ao mundial. Segundo a análise, incertezas globais combinadas com desafios internos, afetaram o volume de operações. Durante o período, foram anunciadas 735 transações, com uma baixa de 2,3% em comparação ao mesmo período de 2021 (752). Dessas, 94 foram apenas no mês de junho, 19,6% a menos em relação ao mesmo mês do ano anterior (117).

De acordo com o relatório, as 20 maiores transações (excluindo a operação de privatização da Eletrobrás) do primeiro semestre totalizaram mais de R$ 61,6 bilhões. Entre os setores mais aquecidos, estão os ligados à tecnologia, serviços financeiros, B2B e B2C, bem como logística, energia e produtos de consumo.

Já a América Latina, segundo o último relatório da Transactional Track Record, estudo preparado em parceria com a Aon e Datasite, teve um total de 1.621 fusões e aquisições, entre anunciadas e fechadas, por um valor agregado de US$ 50,094 milhões.

10 boas práticas em fusões e aquisições

A KPMG concluiu recentemente um estudo das principais práticas internas de M&A, ouvindo 221 organizações globais, incluindo empresas listadas na Fortune 500 e FTSE 350. Essas recomendações foram aprofundadas pela Grimes, McGovern & Associates, assessoria de fusões e aquisições norte-americana.

Loren Shifrin, CEO da Revolution Capital, fornecedor líder de serviços de factoring no Canadá e nos Estados Unidos, afirma em artigo na revista Forbes, que embora cada M&A seja único e deva ser gerenciado como tal, existem algumas práticas importantes em todos os processos.

Compilamos abaixo as principais recomendações para se ter diante de fusões e aquisições:

1. Transmita eficiência na negociação

Os principais departamentos de fusões e aquisições tendem a criar barreiras aos negócios por meio de dois métodos: o uso de comitês sequenciais, onde as propostas são analisadas antes mesmo que recursos adicionais sejam comprometidos, e através de um processo de documentação de transações mais completo, exigindo critério e transparência por parte da empresa no repasse de informações.

2. Trabalhe com sinergia

Alavancar recursos e compartilhar responsabilidades entre os canais internos da sua empresa e suas respectivas equipes aumenta as chances de sucesso.

3. Promova rodízios entre departamentos

Grupos de fusões e aquisições que fazem rodízio de funcionários entre as unidades de negócios são mais propensos a obter sucesso nas negociações. Treinar essas pessoas em processos de M&A ajuda a criar filtros de qualidade durante os processos de fusão e aquisição.

4. Quantifique e acompanhe

Para obter maior eficiência, além de treinar equipes, é preciso monitorar as atividades, saber se os gastos estão dentro da meta, se o trabalho está sendo conduzido de forma sinérgica e se as métricas operacionais estão sendo alcançadas. 

5. Utilize consultores

O uso de consultores externos traz benefícios durante o processo de negociação, gerando validação independente dos esforços internos, como indicadores de mercado, posicionamento competitivo da empresa ou análise contábil. 

6. Separe as atividades de Due Diligence

Procure manter separados as investigações e fluxos de trabalho da empresa-alvo, com as do mercado e da própria empresa. Tornar esses esforços distintos melhora o foco e torna o processo de due diligence replicável, aumentando a probabilidade de sucesso.

7. Valide as descobertas das diligências

Seja por meio de comitês internos ou consultores terceirizados, as empresas devem sempre validar as principais premissas do negócio e as descobertas das diligências. Executivos costumam dizer que esse processo de verificação é importante, não importa quão experiente seja o líder do negócio.

8. Garanta equidade

Um processo de M&A envolve confiança no(s) ex-diretor(es) da organização adquirida, evitando que eles se sintam enganados de alguma forma, já que isso pode comprometer a fusão. As melhores negociações são aquelas em que todos se sentem satisfeitos: então seja aberto, justo e honesto.

9. Promova o alinhamento cultural

Nos processos de M&A é comum a mentalidade “nós contra eles”. Trata-se de um tema recorrente e que pode ser bastante prejudicial à companhia. O choque cultural é real em ambos os lados e precisa ser tratado imediatamente. Para isso, o primeiro a fazer é estabelecer uma comunicação eficaz, de cima para baixo, onde todos estejam alinhados. Incentive os funcionários a usar palavras como “nosso” e “nós”: Nossos clientes, nossa equipe, nós asseguramos etc. Isso é fundamental para uma cultura corporativa forte.

É recomendável avisar imediatamente a todos que seus empregos estão seguros. Se os funcionários acreditam que estão sendo demitidos no primeiro dia, isso pode causar uma espiral descendente, da qual é difícil voltar, prejudicando a manutenção de um ambiente de trabalho saudável.

10. Aprenda o valor de uma reputação

Convide as partes envolvidas no processo para falar abertamente. A opinião deles sobre você é mais valiosa do que a sua opinião sobre você mesmo, porque reputação é tudo. Tenha cuidado para não prejudicar os relacionamentos já construídos, pois isso pode afetar negativamente o próximo negócio que você fizer.

Dicas úteis de M&A

A CBR doc, plataforma dedicada à busca de documentos, lista algumas iniciativas importantes em um processo de fusão e aquisição:

– Desenvolva um plano de execução;

– Defina interesses e alinhe expectativas;

– Avalie benefícios e riscos do M&A;

– Faça um valuation adequado;

– Busque um acordo alinhado;

– Dê atenção ao pós-closing;

– Explore experiências anteriores.

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As principais certificações para profissionais da área financeira

De acordo com o recente relatório da Robert Half, consultoria de soluções em talentos, 91% dos gestores seniores estadunidenses afirmam ser desafiador encontrar profissionais qualificados em finanças e contabilidade.

Num cenário de amplas oportunidades e alta concorrência, buscar qualificar-se pode ser a melhor opção para os que procuram se tornar profissionais mais completos e requisitados. Neste artigo, você encontra as principais certificações para profissionais da área financeira, detalhes, requisitos, vantagens e expectativas. Confira.

As principais certificações para profissionais da área financeira e como obtê-las

CMA – Certified Management Accountant

O Certified Management Accountant (CMA), ou Contador Gerencial Certificado, no português, é uma das principais certificações para profissionais da área financeira. Reconhecido mundialmente, é emitido pelo Institute of Management Accountants (IMA), uma das maiores associações contábeis do mundo.

Segundo o instituto, o certificado abre oportunidades para alavancagem profissional, melhores salários e preparação para assumir funções como controller e CFO.

Para obtê-lo, é necessário ser aprovado em um exame composto por duas partes, que envolvem competências gerais de gestão financeira, como análise e planejamento estratégico. Após isso, completar o programa do instituto, que leva em média de 12 a 18 meses. Além disso, deve:

  • Ter sua filiação ativa no IMA;
  • Possuir um diploma de bacharel de uma faculdade ou universidade credenciada ou uma certificação profissional relacionada;
  • Ter dois anos contínuos de experiência profissional em contabilidade gerencial ou gestão financeira, que podem ser concluídos em até sete anos após a aprovação no exame;
  • E concluir o programa em no máximo três anos.

Certified Financial Planner – CFP®

O Certified Financial Planner (CFP) é uma certificação para profissionais da área financeira emitida pelo Financial Planning Standards Board, que tem como objetivo incentivar e promover o compromisso com a prática competente e ética no planejamento. No Brasil, o órgão que o regula é a Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro, que reúne todos os profissionais CFP do país. 

Segundo a instituição, para se obter a certificação é necessário ser aprovado no exame composto por 140 questões de múltipla escolha, que abrangem planejamento financeiro, gestão de ativos e investimentos, gestão de riscos e seguros, planejamento fiscal, e planejamento sucessório. A prova é aplicada em abril, agosto e dezembro.

Além disso: ter ensino superior completo, ter ao menos cinco anos de experiência profissional no atendimento direto com cliente pessoa física comprovada e aderir ao Código de Conduta Ética e Responsabilidade Profissional e Melhores Práticas, regras estabelecidas pela associação que visam o comprometimento com a ética.

CNPC – Cadastro Nacional de Peritos Contábeis

O Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC), estabelecido pela Resolução CFC n.° 1.502/2016 do Conselho Federal de Contabilidade, tem o objetivo de oferecer ao judiciário profissionais qualificados como Peritos Contábeis. 

O Perito Contábil tem a possibilidade de auxiliar juízes em situações nas quais as provas de um caso dependam de conhecimentos específicos da área contábil e do Código de Processo Civil Brasileiro (CPC).

Para obter o cadastro no CNPC, o contador deve estar devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição e ser aprovado no Exame de Qualificação Técnica (EQT), também instituído pelo CFC. 

O exame consiste em seis provas, aplicadas em dias consecutivos, geralmente em agosto. Segundo a norma NBC PP 02, que o regula, entre as competências abordadas estão:

  • Legislação Profissional;
  • Ética Profissional;
  • Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnicas e Profissionais, editadas pelo Conselho;
  • Federal de Contabilidade, inerentes à perícia;
  • Legislação Processual Civil aplicada à perícia; 
  • Língua Portuguesa e Redação;
  • Direito Constitucional, Civil e Processual Civil afetos à legislação profissional, à prova pericial e ao perito.

CGMA – Chartered Global Management Accountant

O Chartered Global Management Accountant (CGMA), ou Contador de Gestão Global Credenciado em português, é uma certificação para profissionais da área financeira e contábil emitida pela Association of International Certified Professional Accountants (AICPA), uma das maiores associações do mundo, com mais de 689 mil membros. 

A designação é destinada a profissionais financeiros e contábeis que tenham um diploma de bacharel ou superior em contabilidade, finanças ou negócios. 

Segundo a AICPA, o CGMA é a principal credencial de contabilidade gerencial e indica que o profissional possui proficiência e qualificação avançadas em finanças, operações, estratégia e gestão. Para a associação, a credencial impulsiona promoções de carreira. 

Para profissionais financeiros e contábeis não estadunidenses e estabelecidos na América, a obtenção da credencial se dá a partir da conclusão do CGMA Finance Leadership Program, programa que cobre 33 competências como demonstrações financeiras, impostos, contabilidade de custos, orçamento e planejamento, análise de dados, preços, liderança e gestão de pessoas, modelos de negócios, gestão de riscos corporativos, formulação de estratégias e estratégia digital.

Após isso, deve-se passar em três exames, que consistem em estudos de caso envolvendo níveis de conhecimento em áreas gerenciais, operacionais e estratégicas, todos abordados no programa.

De acordo com a AICPA, os candidatos devem ter como objetivo concluir cada nível, incluindo o programa e os exames de estudo de caso, dentro de nove a doze meses.

ACCA Qualification – Association of Chartered Certified Accountants

O ACCA Qualification é uma certificação para profissionais financeiros emitida pela Association of Chartered Certified Accountants (ACCA), órgão de contabilidade profissional com mais de 230 mil membros ao redor do mundo.

Segundo a ACCA, os que têm essa qualificação são pensadores estratégicos com alta integridade ética, forte conhecimento financeiro e visão precisa de negócios. Tudo produto de um conjunto de habilidades estratégicas, capacidade técnica e mentalidade profissional para adicionar valor imediato para qualquer organização e alavancar carreiras.

Para brasileiros, basta estar matriculado em uma universidade e pagar a taxa de registro (além de uma taxa anual) para iniciar o programa. A associação não exige diploma nas áreas de finanças ou contabilidade para a certificação, entretanto, é possível dispensar alguns exames se houver qualificação reconhecida pelo órgão. 

Para obter a certificação, é necessário ser aprovado em três etapas de exames, que abordam três grandes blocos de conhecimento:

  • Conhecimentos aplicados: Negócios e Tecnologia, Contabilidade Gerencial, e Contabilidade Financeira.
  • Habilidades aplicadas: Direito Societário e Empresarial, Gestão de Desempenho, Tributação, Relatórios financeiros, Auditoria e Garantia, e Gestão Financeira.
  • Estratégia profissional: Líder de Negócios Estratégicos, e Relatórios Estratégicos de Negócios.

 

Além disso, deve completar dois módulos adicionais: Ética e Competências Profissionais. Por fim, é exigido 36 meses de experiência profissional comprovada nas áreas de finanças ou contabilidade, que podem ser concluídas durante o programa, que leva, em média, três a quatro anos.

 

 

Mercado da educação e área financeira: tendências e desafios

O mercado da educação vem se transformando ano após ano em busca de novas alternativas que melhorem a experiência do estudante, otimizem custos operacionais e rentabilizem seus modelos de negócio. Nesse processo, a área financeira é decisiva na sustentabilidade dessas instituições.

Conforme Censo da Educação Superior, promovido pelo, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2020, o Brasil ocupava a posição de 5º maior mercado de ensino superior do mundo e o maior da América Latina, com aproximadamente 8 milhões de matrículas, sendo que 87,6% das instituições de educação superior são privadas.

Segundo dados do Censo Escolar de Educação Básica de 2020, também promovido pelo Inep, o Brasil possui 47,3 milhões de alunos da educação básica, sendo que 80%, ou 38,7 milhões de estudantes, estão matriculados na rede pública de ensino. 

Continue a leitura e entenda os principais desafios da área financeira no mercado de educação e descubra como a tecnologia fez a diferença na realidade de um importante grupo educacional.

Uma fotografia do mercado de educação

Segundo a pesquisa Números da Educação Privada, divulgada recentemente pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) o crescimento do PIB do Ensino Privado entre 2010 e 2015 foi maior do que o crescimento da economia como um todo nesse período. Isso fez com que a participação do Ensino Privado no PIB brasileiro crescesse de 1,42% em 2010 para 1,65% em 2019, totalizando R$ 126,5 bilhões.  

Deste montante, o ensino privado contribuiu com quase R$ 20 bilhões para a Previdência Social e para o FGTS. Além disso, cerca de 3,4% de todos os empregos formais no setor privado brasileiro estão na área educacional e este número segue crescendo. 

O portal de finanças TradeMap, em seu Relatório de 2021 sobre o Setor Educacional, destaca alguns propulsores para esse crescimento:

  • Retomada da economia, puxando o aumento da base de alunos;
  • Alta demanda latente por qualificação acadêmica;
  • Grande relação entre nível de escolaridade e renda;
  • Incentivos governamentais à formação superior;
  • Aumento contínuo de investimentos privados;
  • Demanda por novos cursos e tecnologias.

EAD e Edtechs impulsionam o mercado de educação

Tecnologia e educação nunca se conectaram tanto como atualmente: o ensino a distância (EAD) tem sido um importante acelerador do crescimento deste mercado, pois já superou, pela primeira vez, o ensino presencial por número de ingressantes em 2020.

A EY afirma que dos mais de 3,7 milhões de ingressantes em 2020 (em instituições públicas e privadas), acima de 2 milhões de alunos (53,4%) optaram por cursos a distância e 1,7 milhão (46,6%) escolheram os presenciais.

Fora do Brasil, este cenário também é favorável à economia. É o que aponta a matéria publicada na americana Forbes. Segundo a publicação, o segmento de EAD nos EUA deverá movimentar em torno de US$ 325 bilhões em investimentos até 2025.

Quanto às Edtechs, startups que unem tecnologia à educação, os números crescem a cada dia. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), as edtechs representam hoje o maior segmento entre as startups brasileiras. Os dados mais recentes da entidade, reunidos no Mapeamento de Comunidades 2020, contabilizam 566, sendo que a maior parte delas (58,7%) está localizada na Região Sudeste.

Tendências globais até 2030

Relatório da consultoria EY aponta sete tendências em educação superior baseadas na transformação digital que podem ser adotadas globalmente até 2030, sendo estas:

Plataformas digitais reduzindo o custo de aprendizado, até cair para zero;
– Jornadas de estudo ainda mais flexíveis e customizáveis;
– Provedores e gestores de educação mais cobrados por resultados;
– Universidades mais transparentes com relação às suas entregas;
– Tecnologia como aliada na promoção da equidade educacional;
– Soluções educacionais cada vez mais personalizadas;
– Linhas de pesquisas com maior incentivo financeiro.

“É hora de começar a nos indagar e olhar para as oportunidades que a pandemia trouxe. É hora de repensar como, onde e para quem a educação superior é entregue”, afirma Catherine Friday, líder global de educação da EY  

Principais desafios da área financeira no mercado de educação

Mesmo que esteja atravessando um cenário de transformação digital, o setor da educação precisa evoluir em diversos aspectos na área financeira. Confira os principais desafios:

– Cultura organizacional não voltada à inovação;
– CFO e departamento de FP&A ainda pouco atuantes;
– Excessivo consumo de tempo com processos manuais;
– Ausência ou baixo índice de digitalização nos processos;
– Falta de integração e automatização das informações financeiras;
– Lentidão na consolidação das empresas controladas;
– Ausência de práticas de governança financeira e compliance;
– Baixos índices de segurança e privacidade de dados;
– Ausência de ações e ferramentas de modelagem financeira.

Tecnologia como aliada da área financeira

Fundado em 2003, em Recife, o Grupo Ser Educacional é um dos maiores grupos de ensino superior do Brasil, com uma base de mais de 300 mil alunos e mais de 2.400 cursos. 

Hoje, além do grande número de unidades, a estrutura do grupo conta com mais de 300 polos de ensino à distância, levando a marca para 26 estados e Distrito Federal, contando com mais de 12 mil colaboradores e outras empresas de apoio, o que torna imprescindível à empresa manter a qualidade do ensino e as contas em dia.

Cenário antes do uso da tecnologia na área financeira

Antes do emprego das soluções tecnológicas, o Grupo Ser Educacional enfrentava dificuldades na consolidação das informações das suas mais de 70 empresas, já que a integração de dados era feita manualmente, em planilhas e em conjunto com um ERP, o que consumia muito tempo e esforço da equipe financeira. 

Após a consolidação ainda havia outro desafio: a ferramenta utilizada para o acompanhamento de resultados não estava atendendo às necessidades de expansão do Grupo. Sem a visualização adequada das informações financeiras de toda a estrutura, o planejamento financeiro ficava desfalcado.

“Antes era necessário subir todas as informações no sistema para visualizá-las. Hoje nós lançamos informações brutas e a ferramenta faz isso tudo pra nós de forma dinâmica. O ganho foi imensurável”, diz Diego Ricelle, analista de planejamento financeiro sênior do grupo.

Toda esta governança foi obtida devido à inteligência contábil de uma plataforma de CPM  capaz de integrar diversas soluções em uma, além da implantação e suporte especializado por profissionais de finanças.

Tecnologia para ampliar a competitividade

João Furtunato, gerente de planejamento financeiro do Grupo Ser Educacional, afirma que o principal desafio de trabalhar no mercado de educação é a competição por preços.

“Alinhar investimentos em marketing no orçamento e estimar seu ROI é uma das principais etapas do planejamento. Tudo isso enquanto há a preocupação de não desfalcar o caixa, o pagamento dos educadores e os serviços prestados à instituição.”

Ele diz que, com a tecnologia, é possível usar a modelagem para simular índices que auxiliam o gestor a avaliar quanto desconto deve oferecer a um estudante para conseguir uma matrícula, quanto investir em marketing ou quantos ajustes serão necessários nas estruturas, por exemplo.

Furtunato, que possui formação na área financeira e também na de tecnologia, diz que a junção dos dois mundos foi essencial para a evolução na forma de trabalhar e visualizar os dados. Para ele, isso faz diferença principalmente na hora de apresentar os resultados para investidores e nas aquisições.

George Arruda, especialista em planejamento orçamentário do grupo, acredita que a digitalização dos processos e o uso da ferramenta tem um peso e importância significativos para o momento de expansão e crescimento do grupo. Para ele, o investimento já está representando economia de tempo, rapidez em análise, amplitude, visão e disseminação da informação.

Tecnologia para uma gestão de ponta a ponta

Segundo Furtunato, o investimento em tecnologia também facilitou a integração contábil, algo que antes demandava servidores internos, gerenciamento de acessos e outros apontamentos. 

Com uma plataforma de CPM permite a redução da disparidade entre os dados provindos da pós-aquisição, sendo que um dos principais pontos de otimização de tempo foi nas publicações das atualizações financeiras, antes feitas em ferramentas de texto. Atualmente, as tabelas e as informações da consolidação já são estruturadas automaticamente, bastando apenas a revisão, afirma.

O Grupo Ser Educacional já utiliza todos estes benefícios tecnológicos de forma colaborativa, permitindo que as empresas espalhadas por todo o país tenham acesso às informações. Ao mesmo tempo, para garantir a segurança e a privacidade desses dados, a plataforma permitiu que os administradores estabelecessem limites na visualização e alteração.

 

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O papel do CFO na implementação de novas tecnologias

O papel do CFO na implementação tecnológica das empresas é uma constante: 81% deles reconhecem o potencial da automatização na área financeira para otimizar processos e como recurso para capturar insights de dados. É o que mostra o Estudo do CFO 2022: O Futuro da Automatização e Inteligência nas finanças das empresas, elaborado pela Vic.ai, ferramenta de inteligência artificial para sistemas de pagamento de contas, em parceria com a StrategicCFO360, comunidade de insights para líderes.

O levantamento, feito com mais de 145 tomadores de decisão de empresas estadunidenses de diversos setores, mostrou que, além disso, eles procuram a automatização para outros objetivos:

  • 52% querem reduzir erros;
  • 89% tem como objetivo mais eficiência e produtividade;
  • 47% esperam otimizar suas atividades de forecasting e predição financeira.

Mais quais são os principais desafios nesse processo de implementação? Andre Verçosa, CFO da oáz e Lucas Nabeiro, CFO da Vivae, participaram da palestra “O papel do CFO na implementação de novas tecnologias” durante o CFO Summit, realizado em setembro e patrocinado pelo Accountfy, para discutir e compartilhar suas próprias experiências.

O papel do CFO: pontos importantes para uma área finaceira mais tecnológica 

Ao ser questionado sobre como se daria, na prática, o papel do CFO diante da implementação de novas tecnologias dentro da empresa, Andre Verçosa afirma que primeiro é preciso garantir que a ferramenta esteja 100% alinhada ao planejamento estratégico da empresa. “Senão, daqui a 3 ou 5 anos, você verá que o investimento feito não conversava com suas expectativas”, diz.

Já Lucas diz que, olhando para a tecnologia, o papel do CFO tem duas vertentes. “A primeira mostra que hoje, cada vez mais, as empresas querem ser digitais e ágeis, pois todo mundo fala em transformação digital. Mas para você ser ágil, a tomada de decisão precisa ser descentralizada e disponível a qualquer pessoa que tenha acesso à informação.”

O uso da tecnologia é essencial para esse processo acontecer, principalmente para a área financeira, que precisa de informação em tempo real. O papel do CFO é ser um incentivador de novas tecnologias para a companhia, a fim de proporcionar produtividade, velocidade e qualidade na tomada de decisão. 

Retorno sobre o investimento

Sobre os diferenciais obtidos com o emprego da tecnologia, Verçosa afirma que, antes de tudo, é preciso garantir que o investimento irá agregar valor à empresa, seja por meio de produtividade, redução de custos, incremento de vendas, confiabilidade, redução de riscos à área de compliance. 

Atualização do CFO

Outro importante tema abordado na palestra foi como os CFOs se atualizam com relação à tecnologia. Os convidados falaram sobre a importância de acompanhar blogs e publicações sobre o tema, fazer cursos, além de seguir perfis de pessoas da área. Em complemento, afirma-se que o diretor financeiro precisa ser curioso, perguntar e, eventualmente, buscar as respostas. 

 

E o time financeiro, acompanha esta atualização?

O debate trouxe à tona também a figura do colaborador. Sobre esse ponto, ao ser questionado sobre como anda a atualização da equipe financeira, Verçosa afirma que hoje o nível de expertise já é outro, com profissionais mais preparados e atualizados com as ferramentas digitais.

“Hoje, o profissional já entra sabendo fazer minimamente uma macro em planilha, e isso agiliza bastante a extração de relatórios.” Neste ponto, o executivo ainda diz que é importante o CFO buscar pessoas curiosas para integrar à equipe.

Investimentos tecnológicos na área financeira

Ambos os palestrantes foram perguntados sobre como suas empresas estão se comportando diante da necessidade de investimentos na área.

Lucas respondeu que a Vivae, por ser uma empresa que está começando agora, ainda não centraliza nenhum investimento específico, mas que já nasce de uma grande parceria entre a Vivo e a Ânima. Contudo, diz que a integração de ferramentas é importante, pois facilita a análise dos KPIs e demonstrativos, obtendo uma informação clara, disponível e segura.  

Andre afirma que, mesmo durante a pandemia, a oáz optou por fazer uma mudança de ERP que se integrasse à realidade do ponto de venda (PDV) justamente pela necessidade de crescimento e pelos planos de internacionalização da empresa.

CFO como incentivador da segurança digital 

Neste ponto da conversa, abordou-se a importância do CFO como um apoiador da melhoria da segurança da empresa. Ambos os painelistas afirmaram que a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) veio para trazer mais um incentivo à segurança. E o papel do CFO é decisivo também neste ponto, gerando prevenção e adequação às regras de compliance.

Relação entre o CFO como as demais áreas estratégicas

Próximo ao encerramento da palestra, a relação do CFO com os demais diretores e gerentes de outras áreas, ganhou destaque.

Andre Verçosa, CFO da oáz, afirma que a melhor maneira para gerar aproximação e fortalecer esta relação é conversando e mostrando a importância de apoiar a tomada de decisões das demais áreas do negócio, oferecendo informação e subsídios estratégicos.

Lucas Nabeiro, CFO da Vivae, diz que a tecnologia tem papel fundamental na disponibilidade de dados, suportando as tomadas de decisão de forma descentralizada e gerando empoderamento por meio da informação.

O perfil do CFO moderno é consultivo

Ao final, ambos os convidados deram sua opinião sobre a figura do CFO e o seu perfil atual. Nabeiro afirma que o CFO é formado por uma combinação de soft e hard skills. E que o seu papel será, cada vez mais, de dar suporte às decisões de forma consultiva dentro da empresa.   Já, Verçosa diz que ficará ainda mais latente a necessidade do CFO como gestor qualificado, humanizando a relação deste executivo com o restante da empresa.

 

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Cenário de IPOs em 2022: segundo trimestre de desaceleração e investidores seletivos

Após um ano recorde de IPOs em 2021, empresas vivem um momento de incertezas diante da elevada volatilidade do mercado, fruto das crescentes tensões geopolíticas, fatores macroeconômicos desfavoráveis, enfraquecimento das bolsas, entre outros. 

Diante deste cenário adverso, Paul Go, Líder Global de IPO da EY, no recente estudo EY Global IPO Trends Q2 2022 (Tendências Globais de IPO da EY – Segundo trimestre 2022), afirma que com menor liquidez, os investidores têm se tornado mais seletivos. “Eles estão concentrando suas atenções em empresas que demonstram modelos de negócios mais resilientes e escaláveis, ao mesmo tempo em que incorporam políticas e práticas de ESG como parte de seus principais valores. 

Segundo dados da mesma pesquisa, no segundo trimestre de 2022, o  mercado global contabilizou 305 novas ofertas iniciais, movimentando US$ 40,6 bilhões, equivalentes a quedas de 54% e 65% respectivamente.

Já no acumulado do ano, foram registradas 630 novas ofertas e US$ 95,4 bilhões em receitas, equivalendo a quedas de 46% e 58%, sendo que a maior ocorreu na região das Américas, incluindo o Brasil.

Continue a leitura e saiba mais detalhes sobre esse cenário, os principais desafios e fique por dentro de insights e tendências de mercado.

A desaceleração do mercado de IPO nas Américas

Após o mundo ter presenciado níveis recordes em operações de IPO em 2021, as condições voláteis do mercado resultaram em uma desaceleração significativa no primeiro trimestre de 2022. 

Impulsionado pelo quarto trimestre do ano passado, o mês de janeiro foi o que apresentou melhor resultado em termos de receitas e rendimentos nos últimos 21 anos. Ao mesmo tempo, este movimento global de desaceleração vem sendo sentido na região das Américas, com destaque para os Estados Unidos, Canadá, Brasil e México.

Rachel Gerring, Líder de IPO da EY Américas, afirma, no estudo EY Global IPO Trends Q2 2022, que a atividade de IPOs nas Américas permanece tímida em meio a ventos contrários macroeconômicos que continuam impactando o desempenho e a avaliação de diferentes ofertas públicas.

“Esses ventos levaram a uma abordagem de ‘esperar para ver’, pois quando os mercados começarem a se recuperar e a confiança se estabilizar, os segmentos de empresas que irão impulsionar a retomada de IPOs provavelmente serão lucrativos”, afirma. “Assim que o mercado de IPO reabrir, as empresas que se movimentarem rapidamente, poderão aproveitar o momento mais oportuno para seus investimentos.”

Como anda o Brasil nesse cenário

Por aqui, não foi diferente. O país vinha de um movimento elevado de transações nos anos anteriores, mas perdeu força até estagnar no primeiro trimestre deste ano, com nenhuma oferta pública na B3.

Movimentação em 2021

– Volume de operações de IPO: 46 operações

– Valor movimentado: cerca de R$ 65,6 bilhões

– Setores de maior destaque: TI e Serviços; Saúde e Seguros

– Quantitativo por setor: 

  • TI e Serviços com 08 operações, totalizando R$ 6,8 bilhões
  • Saúde com 03 operações, somando um total de R$ 4,8 bilhões
  • Seguros com 01 transação, que sozinha gerou R$ 4,3 bilhões 

Desafios frente à desaceleração

Segundo levantamento da EY, a volatilidade no mercado brasileiro deverá continuar em alta devido aos seguintes fatores:

– Inflação elevada;
– Taxas de juros elevadas;
– Cenário e período eleitoral;
– Preço-base do barril do petróleo;
– Tensões geopolíticas internacionais;
– Enfraquecimento do mercado de ações;
– Aumento dos preços de energia e de cartas commodities.

Nessa mesma direção, Flávio Machado, Líder do Centro de Assuntos do Conselho (CBM) e Sócio-líder de Serviços de Consultoria Financeira e Contábil (FAAS) da EY, analisa o cenário nacional em comunicado de imprensa.

“O ano de 2022 começou muito fraco, se compararmos com o primeiro trimestre de 2021. Isso aconteceu em decorrência de diversos fatores de mercado, como o aumento da inflação e o aumento dos juros como medida para conter esse avanço. Em um ano de eleições, isso acaba aumentando a volatilidade.”

Segundo Machado, é possível que haja alguma recuperação dos IPOs após as eleições, com expectativas de que certas transações que foram adiadas possam ser retomadas, desde que haja melhora dos cenários de riscos internos e externos.

“Setores de infraestrutura, saneamento ou energia podem puxar algumas transações de IPO ao final do ano. Enquanto isso, diversas negociações de fusões e aquisições estão ocorrendo no país, inclusive com o envolvimento de startups. As empresas continuam se preparando para quando o momento for favorável”, afirma.

Apesar dos níveis de incerteza e da forte volatilidade, que forçam a desaceleração das atividades por enquanto, ainda há um apetite por IPOs e emissores preparados poderão se mover rapidamente quando a janela se abrir em meio a mercados mais calmos e propícios.

Mudança no desempenho global no cenário de IPOs

Mesmo com uma queda de 16% no volume, a região da Ásia-Pacífico (AsPac) teve o maior número de transações totais: alcançando 188 IPOs e uma receita de US$ 42,7 bilhões, equivalente a um aumento de 18%. 

Destaque global para os setores de tecnologia e de materiais que estão no topo com 58 IPOs cada, levantando US$ 9,9 bilhões e US$ 5,9 bilhões, respectivamente.

Em se tratando de receita, o setor de energia assumiu a liderança global, com um montante de US$ 12,2 bilhões, fruto de 15 IPOs, sendo que o maior foi realizado na bolsa coreana (Korean Exchange). Já o setor de telecomunicações ficou em terceiro lugar, movimentando US$ 8,6 bilhões em seis IPOs realizados.

Ringo Choi, Líder de IPO da EY Ásia-Pacífico, afirma  múltiplos fatores, desde os bloqueios da covid-19, guerra na Europa, até o aumento das taxas de inflação, além das tensões EUA/China, enfraqueceram o mercado na AsPac no primeiro semestre de 2022.

Na opinião de Choi, uma série de avanços econômicos positivos e novas políticas governamentais na China devem resultar em otimismo, renovando a atividade de IPO em toda a região o restante do ano.

Europa, Oriente Médio, Índia e África

Já a região da EMEA, compreendida pela Europa, Oriente Médio, Índia e África, registrou uma atividade moderada, com 96 IPOs, equivalente a uma queda de 38% em transações em comparação com 2021 e de 68% em receita, totalizando US$ 9,3 bilhões.

“Tempos difíceis e incertezas inusitadas mantiveram a volatilidade do mercado em níveis elevados e levaram a uma atividade moderada. Estamos vendo os investidores sendo mais seletivos e uma mudança histórica de IPOs relacionadas à transição energética e fatores ESG”, afirma Martin Steinbach, Líder de IPO da EY na EMEIA. 

Principais Insights do cenário de IPOs no segundo semestre de 2022

Unicórnios

O declínio acentuado nos IPOs de unicórnios pode ser atribuído à diminuição nas operações de empresas de tecnologia (120 no acumulado do ano de 2022 e 308 em de 2021).

Mega IPOs

Apesar de uma queda acentuada no número de mega IPOs, ofertas públicas de valores muito expressivos a partir de 2021, a parcela das receitas globais vem permanecendo estável até o momento.

Energia em alta no ranking dos 10 mais

O setor de energia lidera com quatro dos maiores IPOs e ultrapassou em volume o setor de tecnologia, mas que ainda é detentor do maior número de transações de 2021 até agora. Telecomunicações, Finanças, Varejo e Indústria obtiveram menor destaque.

Setor de energia

Algumas empresas de petróleo e gás estão optando por desmembrar partes de seus negócios em energias renováveis. Tudo porque os riscos e retornos dessas operações são diferentes da sua realidade. IPOs focados em ESG/energia limpa estão no centro das atenções globais com destaque para empresas que operam com hidrogênio verde, baterias e mobilidade elétrica.

Países do Golfo estão procurando trazer suas concessionárias para outros mercados, como meio de diversificar suas economias para longe da zona do petróleo, utilizando os recursos do IPO para financiar seus investimentos relacionados à energia limpa. 

Setor de saúde e ciência

Permanece baixo em volume e valor comparado ao desempenho de 2021. O desafio é agravado pelo declínio das SPAC, Companhias com Propósito Especial de Aquisição, empresas constituídas para levantar capital a partir de uma oferta inicial de ações, devido ao aumento de medidas regulatórias da Securities and Exchange Commission (SEC).

Indústria

A cadeia de suprimentos global demanda investimento em fabricação de componentes-chave (incluindo semicondutores) para modernização e expansão das suas operações. Com os mercados priorizando cada vez mais a sustentabilidade, indústrias terão crescimento na demanda de soluções em energia renovável.

A atividade de IPO está sendo impulsionada por investimentos em pesquisa e desenvolvimento, focando na captação de recursos para produtos inovadores.

Principais tendências

Incertezas geradas por fatores geopolíticos e macroeconômicos provavelmente permanecerão. Mega IPOs adiados no primeiro semestre de 2022 representam um pipeline saudável de empresas que estarão preparadas para entrar no mercado quando as janelas se abrirem.

O setor de tecnologia provavelmente continuará como o líder em termos de número de negócios, mas ampliará seu foco com as energias renováveis, à medida que os preços do petróleo aumentam.

Com os níveis de liquidez em baixa, o declínio nos preços das ações e o boom de aberturas de capital nos últimos dois anos, investidores estão se tornando mais seletivos e priorizando empresas sadias e escaláveis financeiramente.

ESG continuará a ser um tema-chave independentemente do setor para investidores e candidatos a um IPO.