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5 dicas para usar o orçamento base zero

Segundo Jeff Schmidt, vice-presidente de modelagem financeira do CFI – Corporate Finance Institute, o orçamento base zero (OBZ) é uma técnica que aloca fundos com base na eficiência e na necessidade e não no histórico. Nesse sentido, o OBZ contempla apenas as operações e despesas essenciais à condução do negócio.

Essa metodologia se ajusta às metas de curto e médio prazos e tem sido utilizada com frequência por lideranças financeiras, principalmente diante da necessidade de decisões corporativas mais ágeis e precisas.

Empresas que buscam controle orçamentário têm no OBZ uma estratégia para aumentar as margens sem alterar demasiadamente suas rotinas, o que auxilia a gestão financeira em períodos de instabilidade econômica.

Continue a leitura e fique por dentro dos principais benefícios e dicas de como implementar o orçamento base zero em sua empresa.


Benefícios de implementar o orçamento base zero

Vimal K Ramamurthy, consultor parceiro da EY Índia, afirma que, após a pandemia, muitas empresas adotaram o orçamento base zero para reduzir custos essenciais e se concentrar em suas prioridades, resultando em benefícios estratégicos.   

O orçamento base zero é um dos principais métodos para controlar os custos, e o papel do CFO e de outros profissionais da área financeira é fundamental neste processo. Juntos, eles devem acompanhar periodicamente o andamento do orçamento, tomar as medidas corretivas necessárias e converter a prática em benefícios tangíveis à organização.

Ramamurthy ainda afirma que a adoção e implementação do orçamento base zero pelas organizações, em todos os setores, pode resultar em:

– Otimização de custos globais da operação;

– Contribuição aos objetivos estratégicos do negócio;

– Criação de fundos para um futuro mais sustentável;

– Impulso na agenda de transformação da empresa.

Ao final, as economias feitas por meio do processo de orçamento base zero e os recursos humanos liberados podem ser direcionados para projetos de alta prioridade, gerando valor em  longo prazo para os negócios.

O portal Accounting Tools reuniu vantagens do orçamento base zero. Entre elas:

Análise de alternativas O orçamento base zero faz com que os gestores identifiquem formas alternativas de realizar cada atividade, como mantê-la internamente ou terceirizar, bem como os efeitos de diferentes níveis de gastos. 

Inflação orçamentária reduzida Uma vez que os gerentes devem vincular os gastos às atividades, torna-se menos provável que eles possam inflar artificialmente seus orçamentos, sendo mais fácil detectar alterações.

Comunicação aprimorada O orçamento base zero tende a desencadear um debate entre a equipe de gerenciamento sobre os planos da empresa e como eles devem ser alcançados.

Eliminação de atividades não essenciais O OBZ incentiva os gerentes a decidirem sobre quais atividades são mais críticas para a empresa. Ao fazer isso, eles podem eliminar ou terceirizar aquelas não essenciais.

Identificação de redundâncias – Implementar um orçamento base zero pode revelar que certas atividades estão sendo conduzidas por outros departamentos, levando à eliminação daquelas  fora da área de competência habitual.

Revisão mais abrangente O uso regular do OBZ torna mais provável que todos os aspectos contábeis de uma empresa sejam examinados periodicamente.

Alocação de recursos – Se o processo for conduzido tendo em mente os objetivos gerais da empresa, haverá um forte direcionamento de fundos para as áreas mais necessitadas.

A consultoria Deloitte publicou um relatório que oferece uma visão geral sobre o orçamento base zero, citando também alguns exemplos de como o setor privado pode se beneficiar dele.

O estudo menciona que o OBZ pode ser especialmente útil às organizações com uma realidade financeira complexa, envolvendo fusões ou aquisições.

É o caso da 3G Capital, que adotou a abordagem base zero na rotina orçamentária das suas empresas adquiridas, como a AB InBev e Heinz. Em ambos os casos, esta prática significou uma mudança radical nos processos de orçamentação, com o objetivo maior de proporcionar e reter economias significativas, resultando:

– Em números mais justificáveis e alinhados à estratégia da empresa;

– Na ampla colaboração entre a organização e lideranças;

– Na melhora operacional e eficiência da área financeira.

Dicas para implementar o orçamento base zero

1. Determine os objetivos do orçamento base zero

O controller Justin Ueland, em artigo para o portal FP&A Trends, afirma que o primeiro passo para implementar um orçamento base zero é determinar seus objetivos.

Segundo ele, as empresas usam este tipo de orçamento para diferentes finalidades: reduzir custos, obter maior visibilidade das contas e controle sobre gastos, alcançar uma gestão orçamentária mais fluída, etc. Independente de qual será o objetivo do OBZ, é importante defini-lo com clareza, pois este fator irá nortear o processo orçamentário como um todo.

Para auxiliar na definição dos objetivos, pergunte-se:

– Qual é a meta total de redução de custos?

– Essa redução se dará de forma lenta ou imediata?

– Qual é o nível de influência da organização nesse processo?

– Existe um planejamento para adoção do OBZ? 

– Após sua implementação, quem estará no controle das informações?

A Integration Consulting, empresa de Consultoria Empresarial, publicou um conteúdo no qual reforça a necessidade de compreender o status quo da empresa e, só a partir daí, estabelecer os objetivos.

Ela afirma que analisa primeiramente os dados históricos, realiza entrevistas com as lideranças, compreende a estratégia da empresa, e as mudanças culturais necessárias para implementar o OBZ. Com isso, é possível chegar a um acordo sobre os objetivos do projeto e a dinâmica de implementação.

2. Mobilize o time e incentive a mudança

Luke Pototschnik, Mark Austin, Jaclyn Inglesby e Julie Graham, todos os quatro diretores do Boston Consulting Group, em artigo, afirmam que implementar o orçamento base zero pode trazer significativas transformações às empresas. Esse entendimento motivou a criação da expressão ZBT – Zero Base Transformation – transformação base zero em português.

Contudo, essa transformação irá depender de uma mudança de pensamento e novas formas de se trabalhar na área financeira. E isso deve começar no topo: o CEO e o CFO precisam estar ativamente envolvidos não apenas na adoção do OBZ, mas também em articular como o método contribuirá para o crescimento de longo prazo da empresa.

Keith Ferrazzi, consultor em performance empresarial, em contribuição para a Forbes, revela que CFOs com visão de futuro estão abraçando a oportunidade de ajudar a definir métricas que apoiam culturas de trabalho positivas. E a adoção do orçamento base zero é um bom exemplo dessa mudança.

O Gartner, em seu Gartner para Líderes Financeiros, Orçamento com base em zero: quando e como fazê-lo, ressalta dois pontos relacionados ao time financeiro:

Liderança comprometida Garanta o endosso dos líderes financeiros para que disseminem uma mensagem clara sobre a adoção do orçamento base zero entre os demais líderes.

Talento Treine gerentes de centros de custo ou de outros departamentos sobre como fazer um orçamento a partir do zero.

3. Busque um modelo de gestão transparente

Jackie Wiles, diretora de conteúdo do Gartner, em artigo, afirma que um dos aspectos fundamentais para implementar o OBZ é garantir a transparência financeira no processo.

Para isso, ela observa os seguintes pontos:

– Considere o equilíbrio entre as atividades e o custo dessas, para melhor identificar quais investimentos estão agregando valor e quais não estão. 

– Detalhe se esses custos são variáveis, fixos ou podem ser cortados em curto prazo.

– Verifique o impacto nos custos diante de alteração de gastos, por exemplo, multas contratuais, custos de rescisão, etc.

Sem esse nível de transparência, você não poderá ver as ineficiências ocultas nos serviços/projetos/iniciativas e não identificará os comportamentos que precisam ser corrigidos para alterar os custos.

Kweilin Ellingrud, executiva da McKinsey, em contribuição para a revista Forbes, vai na mesma direção e comenta que promover a transparência orçamentária é essencial em um OBZ.

Segundo ela, essa visibilidade em uma organização é capaz de apontar os recursos que não estão sendo usados ​​em todo o seu potencial e aqueles que podem ser realocados para um melhor retorno em áreas como marketing, pesquisa e desenvolvimento ou melhorias na cadeia de suprimentos.

4. Invista em tecnologia no orçamento base zero

Wigbert Böhm, um dos sócios da McKinsey, afirmou em entrevista para o conselho editorial da própria consultoria, que ferramentas e sistemas digitais são os maiores facilitadores à implementação do OBZ. Segundo o executivo, a digitalização está permitindo que empresas possuam repositórios de dados financeiros, gerando maior transparência e um detalhamento preciso na gestão orçamentária.

A tecnologia além de oferecer  transparência, permite uma análise detalhada de gastos em uma unidade de negócios ou entre unidades de negócios, de acordo com o centro de custo, categoria de custo e, às vezes, fornecedor.

Steve Berez, Gary Clare e Prasad Narasimhan, sócios da Bain & Company afirmam em artigo que, as tecnologias de automação e tomada de decisão estão expandindo o potencial de uma abordagem voltada à redução de custos, um dos objetivos centrais do OBZ. 

Mesmo entre as empresas que adotam o orçamento de base zero, poucas exploram todo o potencial das tecnologias, cada vez mais disponíveis e acessíveis para ajudar na automatização de tarefas, no gerenciamento de processos e na tomada de decisões. Os executivos citam três fatores de diferenciação quanto à implementação do orçamento base zero:

Custo e eficiência – A automação de tarefas e processos por meio de softwares reduz significativamente os custos de um orçamento tradicional, geralmente de 25% a 50%, podendo chegar até 65%. Também pode melhorar a eficiência, permitindo que essas atividades sejam executadas ininterruptamente.

Processos mais eficazes – A automação facilita a redução de erros e acelera o tempo de resposta para os clientes. Ela também permite que os dados sejam coletados e organizados rapidamente, permitindo que as empresas otimizem seus processos, façam previsões melhores e atendam aos requisitos legais com mais eficiência.

Percepções – Além de ampliar a eficiência no manejo dos dados, o uso da tecnologia ajuda a fornecer insights que levam a novos produtos e serviços e aprimoramento das entregas atuais.

5. Controle e monitore o orçamento

Jack Willes do Gartner, comenta em artigo que é importante manter uma revisão abrangente e regular dos custos e das suas variações, pelo menos trimestralmente e talvez mensalmente, para um melhor alinhamento com as prioridades do negócio e conter oscilações.

Este monitoramento garante que os gastos e as previsões permaneçam em conformidade com as atividades e os resultados esperados, conforme os objetivos do OBZ. Para isso, a consultoria indica o uso de métricas e KPIs para medir o valor e alinhar os gastos com as expectativas.A sócia da Setting Consultoria, Vera Maria Stuart, também afirma, em artigo, a importância dos indicadores na manutenção da eficácia do orçamento base zero. Segundo ela, é importante mensurar e acompanhar os resultados periodicamente. Para isso, os indicadores-chave de desempenho podem ser ótimas ferramentas.

Ueland, em outro artigo para o portal FP&A Trends afirma que, após a conclusão do orçamento e decisões sobre volume e taxa, é preciso manter um forte monitoramento e controle ao longo do ano. À medida que as variações negativas começam a se materializar, elas devem ser compreendidas e corrigidas.

O monitoramento também irá destacar as áreas de oportunidade para o próximo ano, possibilitando uma visão mais a longo prazo aos gestores financeiros.

liderança feminina

Liderança feminina na área financeira: desafios e perspectivas

O futuro da liderança feminina na área financeira é promissor. Segundo a Fortune 500, ranking das 500 maiores corporações do mundo, da revista Fortune, as empresas americanas têm mais CFOs mulheres do que nunca, mostrando que elas têm tomado mais espaço e mostrado resultados positivos nos últimos anos.

A pesquisa realizada pela Crist Kolder Associates mostra que a porcentagem de CFOs do gênero feminino atingiu um recorde histórico em 2021, representando 15,1% dos 678 CFOs entrevistados. De acordo com o relatório S&P Global, empresas com CFOs do gênero feminino apresentaram desempenho superior no preço das ações, em comparação com a média do mercado. Nos 24 meses após a nomeação, CFOs mulheres viram um aumento de 6% na lucratividade e retornos de ações 8% maiores. 

Mas ainda há um caminho a ser trilhado. Segundo o Female Founders Report, estudo elaborado pela empresa de inovação Distrito em parceria com a Endeavor, rede global de empreendedorismo, e com a B2Mamy, empresa que capacita e conecta mães ao ecossistema inovador, menos de 5% das startups são fundadas e lideradas por mulheres.

Para Ana Paula Pisaneschi, CEO e fundadora da fintech de renegociação de dívidas Uffa, a disparidade entre a presença de homens e mulheres nos cenários empresariais, especialmente no da inovação, está associada com os preconceitos relacionados ao gênero feminino.

“Estereótipos levam a sociedade a acreditar que somos menos confiáveis, mais frágeis, menos profissionais e, até mesmo, menos inovadoras. Como resultado, clientes, fornecedores, parceiros e investidores em potencial às vezes nos veem com ceticismo e nos associam a mais fatores de risco do que de oportunidade.”

Segundo a Bloomberg, a igualdade de gênero é uma discussão que está sendo levantada em várias frentes e busca abordar as principais áreas de inclusão, que estão criando mais oportunidades para as mulheres nas finanças e estimulando o desenvolvimento de negócios liderados por elas em todo o mundo.

De acordo com o levantamento, 31% dos conselhos corporativos são compostos por executivas. Elas possuem 39% dos cargos com altos salários e 61% das companhias exigem que haja diversidade de gênero para processos seletivos focados em gestão. Em média, 83% das entrevistadas têm uma estratégia direta para contratar mulheres.

Continue a leitura e saiba o papel, os desafios e as perspectivas da lideranças femininas na área financeira nos próximos anos.

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Os desafios das lideranças femininas na área financeira

Denise Seiler, CFO e associada do W-CFO Brasil, grupo de integração de executivas de finanças, atribui o maior desafio da liderança feminina hoje às questões familiares e diferença nos salários entre homens e mulheres. De acordo com ela, a área financeira exige bastante dedicação, foco, longas horas de trabalho, e não é fácil para a mulher que quer equilibrar vida profissional e pessoal.

“Há momentos na vida que você pode desanimar ou precisa organizar sua carreira para poder se dedicar aos filhos, e depois retornar sua jornada. Além disso, há outros desafios, como ter que se provar tão ou mais competente que um homem para ter a mesma remuneração.”

Segundo a McKinsey, em seu artigo Closing the gap: Leadership perspectives on promoting women in financial services, equilibrar a vida profissional com familiar é citada por metade das mulheres de nível sênior como uma das principais razões para não querer exercer cargos executivos de alto escalão

No estudo da consultoria, quase metade dizem que continuam a arcar com a maioria das responsabilidades domésticas e familiares, enquanto apenas 13% de seus colegas homens dizem o mesmo. 

Em relação a diferença de salários entre lideranças femininas e masculinas, a análise da consultoria Willis Tower Watson revela que entre as empresas do S&P 1500 com mais de US$ 50 bilhões em valor de mercado, a diferença para mulheres CFOs é de cerca de 11% a menos.

A pesquisa Women in the Workplace, feita pela McKinsey, mostra que um dos principais desafios das mulheres é chegar aos cargos de liderança. Mulheres, especialmente de cor, têm pouca representação na liderança de empresas norte-americanas de serviços financeiros, por exemplo

Liderança feminina na área financeira: desafios e perspectivas

A Yale School of Management explica que um dos motivos de um homem chegar antes a esses cargos está relacionado ao ato de gestores subestimarem a liderança feminina através do estigma social e preconceitos inconscientes enraizados na cultura.

A Harvard Business Review ainda afirma que uma das razões pelas quais as mulheres têm maior dificuldade para avançar tão rapidamente quanto os homens é a própria falta de presença delas nessas posições. Segundo a pesquisa, quase 80% dos homens foram ativamente orientados por um CEO ou outro executivo sênior, em comparação com 69% das mulheres

A Forbes, em sua matéria 15 Biggest Challenges Women Leaders Face And How To Overcome Them, mostra que a falta de suporte de outras mulheres é um dos principais desafios. Sem mais lideranças femininas para pavimentar a trajetória, inspirar e incentivar, aquelas que entram no campo podem achar o caminho mais difícil de ser percorrido pela falta de apoio de gerentes. 

3 dicas para enfrentar esses desafios

Kristin Gayoso, especialista em contabilidade e diretora de finanças da empresa de softwares Simplebet, destaca algumas dicas para superar esses obstáculos:

  • Encontre uma mentora: Localizar lideranças femininas e estabelecer um networking com elas pode ajudar a criar novos laços de suporte e gerar aprendizado e confiança. Kristin utiliza um exemplo de quando mudou de emprego:“Havia apenas um punhado de mulheres na M&A Due Diligence, então fiquei motivada para conhecer todas elas. Trabalhei em estreita colaboração com uma gerente sênior, que me colocou sob sua asa, e ainda me lembro de muitos conselhos de carreira que ela me deu. Nunca esquecerei a maneira como ela conseguia falar com confiança em uma sala cheia de homens e explicar seu ponto de vista. A maneira como ela se portava exigia respeito e os parceiros geralmente concordavam com seus pontos de vista. Fui inspirada por sua confiança. Ela se tornou um modelo e, finalmente, uma mentora.”
  • Junte-se ou inicie um grupo de mulheres: Uma rede de conexões pode proporcionar um ambiente para todas se conhecerem, apoiarem umas às outras e interagirem com lideranças femininas que podem fornecer conselhos sobre como progredir na empresa. Também ajuda a ter um espaço para discutir os desafios que normalmente enfrentam.
  • Conheça os homens do departamento: Embora seja uma ótima ideia encontrar um grupo de apoio feminino, também é importante conhecer os homens no departamento, pois permite que você descubra quais deles são aliados e apoiam o avanço das mulheres no local de trabalho.

Para Kristin, “no final das contas, cada empresa ou equipe tem uma cultura diferente, impulsionada pelo pessoal que compõe o grupo. Navegar pelas diferenças pode ser um desafio, mas você crescerá aprendendo a trabalhar com vários tipos de pessoas. Embora ser mulher na contabilidade tenha seus desafios, altos e baixos, eu não trocaria minha trajetória profissional ou experiências por nada”.

De que forma a transformação digital está impactando a diversidade da área financeira?

Nos últimos anos, à medida que inovações foram implantadas no mercado, houve uma quebra de paradigmas que priorizavam gênero e deu-se espaço para qualificação técnica.

A necessidade de encontrar profissionais capacitados para desenvolver e operar essas tecnologias foi crescente, e com a falta deles, empresas tiveram de reestruturar sua cultura de diversidade e incluir pessoas capazes, sem distinção de gênero. Com esses avanços, o cenário está representando mais oportunidades do que desafios.

Para Denise Seiler, a transformação digital está ligada à cultura da empresa, e as que estão querendo se adaptar ao mundo digital e sua evolução tendem a dar mais espaço às mulheres e diversidade.

Em entrevista para a Sherpany, a presidente e fundadora da consultoria S2E partners, Cécile Bernheim afirma:

“Acho que as empresas estão, lenta mas seguramente, mudando, e muitas delas têm programas de diversidade para promover as mulheres. As mulheres precisam ousar, mostrar seus talentos e habilidades, para que possam obter posições de liderança. As empresas estão desenvolvendo seus negócios com a ajuda da digitalização, e as mulheres que são especialistas digitais, ou são digitalmente ágeis, claramente terão mais oportunidades oferecidas a elas.”

A especialista Elisabeth Oppenauer, no artigo Women in the digital transformation, da Digital Leaders, reforça que volatilidades e incertezas impulsionaram a adoção de um mundo tecnológico, e tecnologia digital é mais do que codificação. É também sobre pessoas e mudanças.

Para ela, a inevitável transformação digital leva à busca do know-how, e empresas não poderão se dar ao luxo de ignorar a influência e as habilidades das mulheres nesse quesito.

Perspectivas para a mulher na área financeira nos próximos anos

Para Denise Seiler, as expectativas são positivas: “Vejo hoje muito mais mulheres CFOs do que se via quando comecei minha carreira. Isso é ótimo. Mas ainda há um longo caminho pela frente. Precisamos mudar isso, e acredito que as mulheres tenham muita garra, e estão se unindo para chegar lá.”

Em entrevista para a Finance Monthly, Karen Penney, vice-presidente da Western Union Business Solutions, diz que as perspectivas para o futuro da mulher na liderança financeira são otimistas e que os resultados positivos gerados por essas líderes pode incentivar empresas a adotarem políticas de inclusão da liderança feminina.

A tecnologia e a automatização também têm contribuído para a inclusão e a oportunidade das mulheres provarem o seu alto valor. De acordo com Karen, nas últimas duas décadas, a transformação digital tem incentivado diversas empresas a promoverem o equilíbrio entre gêneros

O Termo de Compromisso aos Princípios de Empoderamento das Mulheres ou WEPs (Women’s Empowerment Principles), criado pela United Nations Global Pact com o objetivo de impulsionar a liderança das mulheres no ambiente de trabalho e na cadeia produtiva das empresas, também têm fortalecido a entrada de empresas com o objetivo de ampliar a liderança feminina.  A PwC, uma das assinantes do termo, por exemplo, estabeleceu uma meta de ter, ao menos, 30% de mulheres na alta liderança até 2025.

E a expectativa é que com mais mulheres na liderança, outras surjam. Segundo o relatório Liderança, representação e equidade de gênero em serviços financeiros, da Deloitte, para cada mulher adicionada ao C-level em uma organização, três mulheres ascendem a cargos de liderança sênior. Conhecido como efeito multiplicador, esse fenômeno é uma das razões mais importantes pelas quais as empresas devem reforçar os esforços para alcançar a equidade de gênero.

Nova call to action

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Como considerar a inflação no planejamento financeiro?

O IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, define a inflação como o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços. Ela é calculada pelos índices de preços, comumente chamados de índices de inflação.

Dois dos mais importantes índices são o IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que monitora a variação nos preços dos produtos de mercado para o consumidor final; e o INPC, Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que calcula a variação mensal de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias.

 Conforme publicado pela Agência IBGE, a inflação em 2022 foi de 5,79%, sendo que em dezembro ela veio acima do esperado pelo mercado: o consenso era de 0,49%, mas o IPCA teve alta de 0,62%. O acumulado em 12 meses foi o menor desde março de 2021.

Em contrapartida, 2023 já se anuncia como um ano desafiador e as projeções atualizadas do boletim Focus e Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sugerem atenção redobrada de gestores e líderes de finanças.


Panorama e expectativas para inflação

A Carta de Conjuntura, boletim trimestral produzido pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, em sua visão geral, aborda aspectos relevantes sobre a inflação para 2023, dentre eles:

1. O quadro mundial continua piorando, com inflação alta, elevação de juros e desaquecimento do nível de atividade.

2. No Brasil, sob o impacto da política monetária apertada, o ritmo de expansão da atividade econômica em outubro e novembro de 2022 já dá sinais de arrefecimento na indústria e nos serviços.

3. A taxa prevista para o IPCA e INPC para este ano é de 4,9%. 

 

4. O mercado de trabalho, por sua vez, segue em trajetória positiva, marcado pela queda da taxa de desocupação e, mais recentemente, pela recuperação dos rendimentos.

5. O crescimento da massa salarial real também corrobora o quadro positivo do mercado de trabalho. 

6. No mercado de crédito, enquanto a inadimplência e o comprometimento de renda preocupam, o volume de concessões apresenta acomodação. 

7. A taxa média de juros de operações é outro fator que limita o mercado de crédito, encontrando-se em sua máxima dos últimos anos, embora, no último trimestre de 2022, tenha havido desaceleração no seu crescimento.

8. As contas do setor externo apresentaram comportamento positivo, apesar das incertezas e turbulências externas e internas. As contas públicas do governo central fecharam 2022 com resultados positivos, quando comparadas a 2021.

9. Para 2023, a discussão recente tem se concentrado nas mudanças a serem realizadas no orçamento federal e no arcabouço de regras fiscais, visando acomodar os aumentos de despesas desejados pelo novo governo. 

10. A previsão para a expansão do PIB em 2023 foi revisada de 1,6% para 1,4% e continua acima das expectativas de mercado, que giram em torno de 0,7%. Tal divergência se explica fundamentalmente pela previsão mais alta de crescimento do setor agropecuário.

O Observatório FIESC, plataforma de inteligência para o setor da indústria, publicou o Boletim de Expectativas de Mercado, que compila dados atualizados sobre a inflação em janeiro de 2023 e outros indicadores, entre eles:

Inflação – Na terceira semana de janeiro, as expectativas para o IPCA do boletim Focus tiveram aumento pela sexta semana consecutiva, passando de 5,39% para 5,48%. Isso significa que o mercado encontra-se menos confiante de que o Bacen conseguirá cumprir a meta de inflação estabelecida para este ano, que é de 3,25%, com limite máximo em 4,75%.

Para 2024, o índice também voltou a subir, ficando em 3,84%. Esse movimento está associado às sinalizações da política econômica do governo federal na última semana.

IPCA 15 – O repórter de economia Daniel Silveira, noticiou no Portal G1 que o IPCA 15 (considerado a prévia da inflação oficial do país) acelerou na comparação com dezembro pressionado, principalmente, por saúde e cuidados pessoais e alimentação e bebidas, ficando na casa dos 0,55% em janeiro.

IGP 10 – Segundo a FGV, o Índice Geral de Preços 10 (IGP 10) alcançou variação 0,05% em janeiro de 2023. Com esse resultado, o índice acumula alta de 4,27% em 12 meses. 

SELIC – Neste ano, estima-se um patamar de 11,75% a.a e 9,50% a.a. em 2024.

Dívida líquida do setor público – As expectativas para 2023 recuaram pela segunda semana consecutiva, migrando de 61,85% para 61,60% do PIB. Também houve recuo nas estimativas para os próximos três anos.

O último relatório da XP Investimentos (Brasil Macro Mensal) prevê que a inflação de 2023 será em grande parte impulsionada pelo avanço de preços administrados, sobretudo pelos aumentos de gasolina. Já entre os preços livres, a desinflação de alimentos e bens industriais compensarão parcialmente a inflação de serviços ainda elevada.

O estudo ainda aponta uma tendência de leve desaceleração da inflação até junho, sendo que após esse período os índices voltarão a subir até fecharmos o ano com uma inflação acima do teto para 2023.

Como a inflação impacta o planejamento financeiro

Gestores buscam desenvolver estratégias para reduzir o impacto de futuros prejuízos, tendo no planejamento e na gestão financeira um dos seus principais alicerces.

Keith Suchodolski, CFO do Banco Kearny, em artigo para o portal de finanças SF Magazine, afirma que pandemia do Covid-19 “ensinou” às organizações a capacidade de planejar estrategicamente e ajustar o curso das suas ações conforme as mudanças globais.

Para tanto, analisar o cenário atual e ficar atento às perspectivas econômicas é de particular importância para os gestores financeiros, sendo que estes executivos normalmente operam com uma estratégia voltada para o futuro.

Além disso, o executivo menciona que qualquer plano estratégico precisa enfatizar a avaliação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, por meio da ferramenta de análise estratégica SWOT. E uma inflação elevada é considerada uma ameaça às organizações.

A ACSP (Associação Comercial de São Paulo) explica como a inflação impacta no planejamento financeiro das empresas. Segundo a entidade, existem basicamente duas causas para o aumento dos preços: oferta e demanda.

Se os insumos necessários para certa produção ficam mais caros, por exemplo, isso acarreta em um aumento da inflação que impacta diretamente as empresas. Além disso, o excesso de procura por algum produto ou serviço também aumenta os preços.

Com a inflação mais alta, os custos de matéria-prima também tendem a subir, elevando os gastos com a fabricação de produtos e fornecedores, gerando uma onda de impacto sistêmico.

De modo geral, três segmentos de negócios são mais impactados:

Pequenos negócios – Segmento mais sensível às variações dos preços. Isso porque o aumento dos custos de produção e manutenção podem diminuir significativamente o volume de vendas. 

Produtos e serviços não essenciais – Este segmento também sofre com a alta inflação, uma vez que as pessoas passam a priorizar itens básicos ao invés daqueles não essenciais. 

Comércio de importados – São afetados diretamente pela desvalorização da moeda, que reflete no bolso dos clientes também de forma direta.

Martin Kirsten, colunista do The Capital Advisor, site especializado em finanças, afirmou que a recente escalada da inflação no País travou os planos de expansão das empresas. Sobre este fenômeno, separamos alguns pontos importantes citados pelo autor que impactam diretamente no planejamento financeiro:

– A inflação não permitiu que as empresas tivessem previsão orçamentária sobre a  matéria-prima e o frete no mês seguinte.

– Empresas tiveram que engavetar investimentos importantes para a melhoria do processo produtivo, bem como mudar modelos de vendas e reajustar os preços mais vezes durante o ano, para não comprometer suas margens.

– Os preços altos comprometem a renda da população. Consequentemente, o consumo cai e as vendas das empresas diminuem.

– Com faturamento menor, as companhias não têm capacidade para investir: seja em infraestrutura, estoque, pessoal ou aplicações financeiras. A consequência disso é a redução da mão de obra, o que eleva o desemprego.

O portal de conteúdos financeiros InfoMoney publicou um Guia sobre inflação e seus impactos. Do conteúdo, destacamos um exemplo prático sobre rendimento frente à inflação.

O rendimento real ou a rentabilidade real é aquela obtida em uma aplicação, descontada a inflação. Por exemplo, se uma empresa optou por um investimento que resultou no retorno de 10% ao ano e a inflação no período foi de 2% ao ano, a rentabilidade real foi de 8%.

Todavia, se determinado investimento teve esse mesmo rendimento, de 10% ao ano, em um período em que a inflação foi de 11%, a rentabilidade real foi negativa: isto é, mesmo rendendo alguma coisa, o investidor “perdeu” dinheiro. 

Como se preparar para os efeitos da inflação? 

Até algum tempo atrás, era comum as empresas basearem suas decisões somente em informações financeiras, mas em um contexto cada vez mais globalizado e tecnológico, outros critérios precisam ser considerados pelos gestores.

Um deles é a possibilidade de prever diferentes cenários para se planejar e conseguir reagir rapidamente às novidades, por meio da modelagem financeira, por exemplo.

Segundo o Corporate Finance Institute, a modelagem financeira é um processo usado para prever o desempenho financeiro de uma empresa no futuro, baseando-se nas suas demonstrações anteriores e suposições sobre os próximos períodos e, assim, avaliar seus riscos e retornos. Pode ser feita através de ferramentas específicas ou planilhas.

Por exemplo, para a renegociação com fornecedores, a modelagem pode considerar o prazo do contrato e diferentes premissas, como metas de vendas e os juros. Assim é possível prever qual o melhor momento para a nova data de pagamento e quais argumentos podem ser usados para o convencimento do fornecedor.

Cabe destacar a importância de considerar a maior variedade de cenários possíveis, desde o mais pessimista, moderado ou otimista. Assim, eventos como inflação e taxa de juros elevada, que afetam diretamente a produção de uma empresa, podem ser previstos e mitigados.

Segundo a Redatora Vitória Freitas, em artigo para o Ecommerce na Prática, empresa de educação à distância voltada ao empreendedorismo, a inflação gera efeitos na gestão das empresas, mas que precisam ter seu impacto financeiro compensado:

Repasse de preços – Tendo em vista o aumento dos custos de fabricação de produtos, muitas empresas não têm outra alternativa senão repassar esses preços para seus consumidores.

Essa é uma estratégia que precisa ser bem planejada pois blinda o fluxo de caixa da empresa dessas variações mas, ao mesmo tempo, pode representar a perda de alguns clientes. Por isso, antes de implementar, leve em consideração os seus concorrentes, o seu nicho de mercado e a força que a sua marca tem no segmento.

Reduza custos e controle despesas – Para funcionar de forma saudável, uma empresa precisa ter os seus custos fixos e variáveis bem controlados. Defina, por exemplo, quais os elementos do seu negócio que precisam de constante reinvestimento e como esse processo pode ser otimizado. 

Também é importante que você mapeie quais desses investimentos estão ligados à geração de receita. Dessa forma, você poderá decidir quais os custos que valem a pena e quais podem ser cortados. 

Aumente o giro do negócio Outro ponto que precisa de atenção é o giro da empresa. E uma das alternativas nesse caso é variar o mix de produtos. Isso pode ajudar a aumentar a margem de lucro e elevar o volume de vendas totais.  

Cuidado ao retirar o pró-labore Por último, mas não menos importante: a retirada do pró-labore também pode ser impactada pela inflação. 

Muitos empreendedores, sobretudo no início das operações, costumam medir a retirada dessa quantia de acordo com o faturamento, sem considerar os custos envolvidos no gerenciamento do negócio. 

O resultado disso é uma empresa sem fôlego para crescer, que fica ainda mais suscetível às variações inflacionárias.

O coordenador de Educação e Orientação Financeira do SEBRAE, Ricardo Abreu, em artigo, levanta diversos cuidados importantes para o empreendedor, dos quais citamos alguns pontos-chave que podem ajudar no combate aos efeitos da inflação.

  1. Preveja o cenário

Primeiramente, a empresa deve fazer um levantamento das despesas previstas para os próximos três meses, separando os valores de acordo com o tipo de despesa.

  1. Analise suas despesas

Ao conhecer as despesas a serem pagas nos próximos meses, o empreendedor encontrará maior facilidade para definir as ações corretivas, priorizando as despesas com maior impacto nos negócios e que sejam passíveis de negociação. 

  1. Ajuste os gastos

Com uma possível redução no faturamento, o empreendedor deve ajustar seus custos de acordo com essa situação econômica, tomando as seguintes providências: 

 – Negocie com fornecedores um aumento nos prazos de pagamento dos seus compromissos;

– Havendo dívidas, procure renegociar visando também aumentar o prazo de pagamento com uma taxa de juros compatível à sua realidade;

– Evite despesas que não sejam extremamente necessárias à continuidade dos negócios, pois elas podem afetar a sua liquidez, já comprometidas pela alta de preços.

Já o portal de orientações financeiras Itaú Meu Negócio, em parceria com o site Pequenas Empresas & Grandes Negócios, ensina como reduzir os custos de uma empresa diante da inflação. Destacamos alguns pontos importantes:

Reveja os custos fixos É importante identificar desperdícios e conscientizar equipes sobre o uso responsável de recursos. Avalie o que é realmente indispensável para a operação e tente levantar pelo menos três orçamentos diferentes para cada serviço contratado. 

Avalie os custos variáveis Analise as despesas atreladas diretamente ao aumento de produção ou receita e calcule a porcentagem de vendas que elas representam. Por exemplo: a expansão de 20% da produção pode gerar um acréscimo significativo de despesas com energia e contratação de mão de obra temporária. Contudo, tais valores devem ser inferiores às vendas resultantes dos investimentos.

Reorganize o estoque Levante o histórico dos últimos 12 meses e liquide produtos que não registraram vendas significativas durante o período. As vantagens de um estoque enxuto incluem, na maioria dos casos, um custo significativamente menor.

Faça um orçamento mensal Este planejamento pode ser feito em uma planilha simples ou através de um software de gestão contábil que reúna todas as entradas e saídas da empresa durante um ciclo de 30 dias. A partir daí, pode-se identificar os gargalos mais urgentes e fazer os ajustes necessários em um espaço curto de tempo.

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Passo a passo para uma revisão orçamentária com eficiência

Na área financeira, a revisão orçamentária significa fazer ajustes de acordo com fatores externos e cenários econômicos adversos, muitos dos quais são impossíveis de prever.

Sendo assim, a revisão do orçamento é uma correção dos rumos para os gastos de um determinado período, diretamente associada ao planejamento orçamentário e que prepara a companhia para o período, reduz riscos e maximiza oportunidades.

Neste post, vamos detalhar diversos pontos que envolvem a revisão de um orçamento e como tornar este processo mais eficiente dentro da empresa. Ao final, mostramos como a tecnologia pode auxiliar na construção e revisão de orçamentos.


O que é a revisão orçamentária empresarial

O escritório de finanças e tesouraria da universidade estadunidense de Princeton publicou, em seu site, que a revisão e o monitoramento orçamentário são dois componentes essenciais à gestão financeira, no sentido de identificar erros, anomalias, possíveis problemas de conformidade e variações orçamentárias significativas. O SEBRAE explica que o processo de revisão de um orçamento existe para corrigir eventuais erros, sendo indispensável que haja um acompanhamento constante. 

Vendas abaixo do estimado ou despesas acima do previsto, por exemplo, podem significar a necessidade de correções. Quanto antes as correções forem realizadas, menores serão os impactos no balanço da empresa e eventuais prejuízos.

Reuniões mensais, não muito distantes do encerramento do mês, são um bom exemplo de ações de acompanhamento. Nelas, os times podem discutir o desempenho das áreas e apresentar sugestões, como descontinuidade de um produto e melhorias na gestão de despesas.

Segundo o escritor de finanças Tim Stobierski, em artigo publicado no portal da Harvard Business School, o orçamento de uma organização determina como ela alavanca o capital para trabalhar em direção às metas. Por esse motivo, a capacidade de preparar e também revisar um orçamento é uma das habilidades mais importantes para qualquer líder de negócios.

O portal contábil AccountingTools, ao explicar os passos para elaborar um orçamento, reforçou três pontos que sintetizam o processo de revisão:  

Revise o orçamento – Convoque a equipe de gerenciamento para revisar o orçamento ponto a ponto. Destaque possíveis restrições e quaisquer limitações causadas por problemas financeiros. Lembre de anotar todos os comentários feitos pela equipe e encaminhe essas informações aos responsáveis pelo orçamento inicial, incluindo as observações e solicitações para alterar o documento.

Monitore o processo – Rastreie solicitações de alteração de orçamento pendentes e atualize o modelo de orçamento com novas revisões conforme elas chegam.

Emita o orçamento – Crie uma versão revisada e distribua a todos os destinatários envolvidos no processo.

Por que uma empresa deve revisar o orçamento

Um dos colaboradores da empresa de capacitação profissional BCN Treinamentos, Carolina Aleixo, em artigo, cita dois exemplos mercadológicos que ajudam a explicar por que uma empresa deve revisar seu orçamento e como isso pode afetar a sua realidade:

Exemplo 1 – Entrada de concorrente

Uma loja de material esportivo consolidada no mercado é surpreendida pela chegada de uma concorrente estrangeira que possui uma rede de estabelecimentos e ótima estrutura.

Com isso, a loja de material esportivo tem a necessidade de rever seu orçamento e analisar a possibilidade de expansão, bem como elevar o investimento nas áreas de marketing e vendas para não perder seus clientes para a concorrência. Nesse caso, uma profunda revisão orçamentária torna-se necessária e também urgente. 

Exemplo 2 – Aumento de receita

Já em outro momento, essa mesma loja tem um aumento inesperado da receita por conta do sucesso de um determinado produto e isso também faz surgir a necessidade de revisar o orçamento, considerando o impacto das vendas e alocação de recursos. Sendo assim, os gestores podem escolher as áreas que ganharão mais recursos ou projetos que serão colocados em prática visando este crescimento. 

Passos para uma revisão orçamentária com eficiência

Vicki Benge, colaboradora do portal de boletins informativos CHRON, pertencente à gigante de comunicação Hearst, em artigo, listou 5 passos para uma revisão orçamentária: 

1- Avalie os orçamentos atuais e passados

O primeiro passo em um processo de revisão é examinar o orçamento atual e comparar os gastos das alocações com base nos resultados anteriores. As categorias que falham repetidamente são aquelas que mostram os mesmos superávits e devem ser reavaliadas e revisadas.

Por exemplo, suponha que uma empresa trabalhe com um orçamento anual e tenha um superávit recorrente em fundos alocados para matérias-primas. Imagine que a mesma empresa experimente repetidamente um déficit no frete. 

Durante o processo de revisão orçamentária, o excedente médio de matéria-prima poderia ser realocado para o frete. No entanto, as áreas que apresentam um déficit recorrente precisam ser analisadas para descobrir por que suas operações excedem continuamente diante da alocação orçada.

2- Envolva os funcionários das áreas que precisam revisar seus orçamentos

Normalmente, empresas com vários departamentos e suas respectivas chefias podem ter seus orçamentos submetidos a um processo de revisão. Nesse sentido, cada gestor será  responsável pelo desenvolvimento e implementação de meios para revisar uma parte designada do orçamento para maximizar a receita geral.

3- Faça revisões mais recorrentes em projetos de curto prazo

Se uma empresa tem planos para expandir, por exemplo, e isso levará três anos para acontecer, ela pode precisar de revisões recorrentes do orçamento durante esse período para atender às metas de curto prazo. 

Após esse tempo, a empresa pode voltar para um orçamento mais fixo com metas de longo prazo. Além disso, uma empresa que introduz um novo produto pode precisar revisar continuamente o orçamento até que os números reais dos custos de produção e receita de vendas sejam comprovados e haja um equilíbrio entre eles.

4- Considere a revisão no caso de eventos isolados importantes

Parte de um processo de revisão do orçamento é fazer concessões para um evento único. Por exemplo, considere que uma empresa tenha um problema com peças ou suprimentos defeituosos e precise fazer ajustes para refazer a produção no curto prazo. Os gastos excessivos decorrentes dos processos anteriores devem ser contabilizados no orçamento por meio de revisão pontual.

5- Avalie continuamente suas revisões 

Um processo de revisão orçamentária não é uma atividade única. Em uma operação comercial bem gerenciada, cada novo orçamento é avaliado continuamente quanto à sua eficácia. Eles devem ser revistos regularmente, em parte ou no todo, com o objetivo de aumentar os lucros sem diminuir a qualidade dos produtos ou serviços prestados.

Dentro deste processo de avaliação contínua, a universidade de Southampton reforça, através de dicas, que as empresas devem monitorar seus orçamentos, criando agendas regulares que tratem do tema como prioridade, sem ter que esperar que as reuniões de urgência aconteçam. Dentro deste aspecto, a Universidade ressalta outros três pontos importantes:

Prepare-se para as reuniões

Antes de realizar uma reunião de revisão do orçamento, examine documentos e pontos de discussão relevantes, por exemplo:

– Identifique as estimativas que tenham sido feitas na preparação do orçamento original, e avalie o impacto sobre o orçamento atual;

– Procure saber a opinião de outros colaboradores, não necessariamente envolvidos na própria reunião de revisão orçamental;

– Esteja aberto a receber feedbacks sobre o seu orçamento, seja do seu gestor ou dos membros da equipe envolvidos na construção e revisão do seu orçamento. 

Concentre-se nas questões principais

Foque nos pontos mais importantes e sensíveis do orçamento, não entrando em detalhes mais superficiais.

Reveja cuidadosamente

É importante refletir sobre todos os aspectos do processo orçamental, desde a elaboração e negociação ao controle do documento durante todo o período de orçamentação. 

Se você usa planilhas, é preciso levar em consideração a possibilidade de erros. Nesse sentido, o Corporate Finance Institute, estima que 88% das planilhas contenham erros.

Tal dado serve de alerta para que contadores e controllers redobrem sua atenção na hora de construir e revisar um orçamento. Segundo o Instituto, os erros mais comuns estão nas categorias preenchimentos de dados, cálculo, fórmula e formatação.

6 – Verifique as receitas e despesas

O NI Business Info, Guia com informações sobre revisão de orçamento, oferecido pela Invest Northern Ireland, Agência Regional de Desenvolvimento Econômico da Irlanda do Norte, destaca a importância de verificar receitas e despesas e como proceder.

Segundo o Guia, para aferir a receita real, a cada mês, você deve compará-la com seus orçamentos. Para fazer isso, as empresas devem:

-Analisar os motivos que geraram déficits: por exemplo, volumes de vendas mais baixos, mercados estagnados e produtos com baixo desempenho;
-Considerar estes motivos dentro de uma alta rotatividade: por exemplo, avalie também suas metas, talvez elas podem estar muito baixas;

-Comparar o cronograma de suas entradas com suas projeções e verificar se há adequação contábil.

A análise dessas variações ajudará você a definir orçamentos futuros com mais precisão e também permitirá que você tome medidas quando necessário.

Para um melhor controle das despesas, faça uma revisão comparando-as com os itens do seu orçamento. Isso ajudará você a prever custos futuros com maior confiabilidade. Neste caso, você deve:

-Observar como seus custos fixos diferem de seu orçamento;

-Verificar se seus custos variáveis ​também estão de acordo com seu orçamento. Normalmente, eles ​​se ajustam de acordo com seu volume de vendas;

-Analisar quaisquer razões para mudanças na relação entre custos e volume de negócios;

-Verificar quaisquer diferenças no cronograma de suas despesas, por exemplo, observando as condições de pagamento dos fornecedores. 

7- Tome as medidas corretivas adequadas

A universidade de Southampton também citou que, diante de problemas, certifique-se de que todos estão de acordo quanto às medidas corretivas e os ajustes orçamentários. Ademais, atribua responsabilidades, documente tudo o que foi acordado e emita a nota da reunião no prazo de 24 horas.

8- Comunique o andamento dos processos

No entendimento da instituição de ensino, pode ser motivador para sua equipe ou departamento ouvir boas notícias, por exemplo, que o seu orçamento está 20% à frente da projeção para o trimestre. Da mesma forma, não retenha más notícias, a menos que haja uma razão muito boa para isso. 

9- Estabeleça pontos-chave de aprendizagem

Depois de ter tido a oportunidade de realizar uma ampla e minuciosa revisão e avaliar as opiniões do time de finanças, é importante enumerar as principais lições aprendidas. Estas devem ser traduzidas em pontos de ação acordados e postos em prática.

Em complemento a todos estes passos, destacamos o que pensam três membros do Conselho Empresarial da revista Forbes sobre a importância de revisar um orçamento:

Realize avaliações ao final de cada mês

Maurice Harary afirma que, ao final de cada mês, você deve revisar todas as despesas em seu cartão de crédito, extrato bancário e folha de pagamento para garantir que as informações batem com a realidade. Também é o momento de fazer uma avaliação dos seus gastos e o que valeu a pena ter investido. 

Mantenha uma agenda de revisões de custos

Natalie Barnes diz que compreender as demonstrações financeiras é uma necessidade fundamental ao administrar um negócio. Nesse sentido, agendar revisões de custos envolvendo serviços públicos, seguros, publicidade, entre outros, pode ajudar a diminuir as despesas gerais.

Reconciliar mensalmente

Para Muraly Srinarayanathas, a reconciliação contábil consiste na verificação dos saldos contábeis com documentos e informações provenientes de fontes independentes, no intuito de identificar irregularidades, analisá-las e refletir sobre os devidos ajustes na contabilidade. Por isso, é importante acompanhar tudo para ter uma visão geral e identificar áreas de maior eficiência orçamentária.

Se você não estiver rastreando com precisão e consistência, poderá ignorar gastos redundantes ou desnecessários. Embora possa ser tedioso, a reconciliação mensal é fundamental, acrescentou o membro do conselho.

Pontos importantes na hora de revisar seu orçamento

No início de cada ano é comum traçarmos metas e projeções financeiras e nos questionarmos sobre os próximos meses. Sendo assim, quando mais realista for o orçamento, melhor será a gestão financeira da sua empresa.

Kathy Dise, CEO da consultoria estadunidense Budget Ease, afirma que existem 5 perguntas que devem ser feitas ao revisar um orçamento, sendo estas:

1- Você está atingindo suas metas de vendas? Se não, como você lidará com a situação?

  • Adicionando novos produtos?
  • Eliminando produtos não lucrativos?
  • Precificando seu produto corretamente?
  • Seu plano de marketing/vendas está sendo seguido?
  • Qual é a receita que as mudanças podem trazer?
  1. Há eventos novos/inesperados a serem considerados? Em caso afirmativo, quais despesas e receitas potenciais estariam envolvidas?
  • Publicidade?
  • Custos legais?
  • Viagens nacionais e/ou internacionais? 
  • Qual é a previsão de receitas?
  1. Haverá contratações, quantas? E qual será o custo disso?
  • Será meio período, período integral ou ambos?
  • Os benefícios estão envolvidos?
  • É necessário terceirizar a folha de pagamento?
  1. Se a equipe aumentar, há mais coisas a considerar também?
  • Serão necessários custos de infraestrutura?
  • Quanto tempo de treinamento e por qual custo?
  • São necessários mais suprimentos?
  1. Seu aluguel está programado para aumentar?
  • Quando e quanto?
  • Haverá algum aumento nos serviços públicos?

Ao responder a essas perguntas, você poderá ajustar seu orçamento e aumentar suas chances de sucesso. Com um orçamento detalhado e um processo de revisão em vigor, as chances de atingir seus objetivos serão bem maiores.

A tecnologia auxiliando a revisão orçamentária

Na hora de traçar um orçamento, contar com informações discrepantes da realidade pode ser prejudicial para a saúde financeira da empresa, que depende de dados concretos para realizar projeções e estipular gastos corretamente.

O resultado disso, são horas e horas gastas com revisões de orçamentos que, se fossem construídos de forma correta, não apresentariam erros.  

Segundo o BARC – The Planning Survey 16, principal pesquisa anual do sobre usuários de software de planejamento e orçamentação, que entrevistou 1.245 pessoas sobre o uso de softwares de planejamento e orçamento, 52% responderam que usam software especializado para apoiar esses processos. 

De acordo com a pesquisa, essas empresas reconheceram o valor agregado que o software de planejamento pode fornecer para apoiar e melhorar os processos. No entanto, 33% ainda usam planilhas sem um banco de dados ou funcionalidade de planejamento específico como instrumento principal.

Além dos riscos sistêmicos como bugs e perdas de arquivos não salvos, ainda existe a falta de segurança e controle interno nas planilhas que contribui para que seus dados possam ser facilmente alterados e manipulados, capazes de gerar prejuízos. 

Um pequeno deslize nas planilhas de orçamento custou 24 milhões de dólares à TransAlta Corporation, empresa de geração de energia elétrica canadense, por exemplo. O responsável pela preparação da planilha errou um comando de copiar e colar que não foi detectado a tempo.

Exemplos como esse já fizeram com que muitos CFOs e controllers repensassem seus métodos de construção e revisão de um orçamento. Nesse sentido, a tecnologia tem trazido muitos benefícios às áreas financeiras de muitas empresas.

O relatório Global planning, budgeting and forecasting survey Insights report, da Deloitte, diz que as planilhas ainda dominam, mas seu uso para planejamento, orçamento e forecast está diminuindo gradativamente, enquanto é perceptível o uso crescente de ferramentas SaaS (Software as a Service).

Segundo dados da mesma pesquisa, 57% dos CFOs e diretores de FP&A completam o planejamento orçamentário dentro de três meses. Enquanto isso, apenas 5% conseguem concluir o processo em apenas um mês – em 2014, esse número era de 16%, o que revela a crescente complexibilidade e tempo despendido no orçamento nos últimos anos.

Nesse sentido, plataformas de gestão de performance corporativa ou CPMs (corporate performance management), por exemplo, atuam como aliadas.

A criação de diversos cenários para a previsão de orçamentos, investimentos e cortes também fazem parte da funcionalidade dessa ferramenta, e são essenciais para que o gestor financeiro obtenha panoramas sobre situações futuras e prepare o caixa da empresa antecipadamente. 

Essas plataformas podem oferecer automatização de tarefas rotineiras do processo orçamentário, como o fluxo de caixa direto e indireto, DRE e Balanço Patrimonial, por exemplo, garantindo maior rapidez na sua conclusão.

 

Como-usar-a gestão-financeira-em-meio-uma-crise

Como usar a gestão financeira em meio a uma crise

A Pesquisa Global sobre Crises 2021 da PWC, ouviu 2.800 líderes empresariais em todo o mundo e analisou a resposta da comunidade empresarial e a gestão de crise em relação a uma situação de disrupção social, econômica e geopolítica sem precedentes. Recém-saídos de uma crise sanitária, 62% das lideranças brasileiras revelaram que seus negócios foram impactados negativamente pela Covid-19 (73% no mundo) e 33% disseram que estão em situação melhor do que antes do início da pandemia (20% no mundo).

Planejar e se preparar para uma crise, porém, é um trabalho constante de análise de riscos. 98% dos líderes de negócios no Brasil disseram que seus recursos de gestão de crises precisam ser melhorados (95% no mundo) e 54% alteraram a estratégia corporativa em resposta à crise (77% no mundo).

E nessa jornada, construir resiliência é algo importante. 7 entre 10 organizações no mundo relataram que planejam aumentar seus investimentos para desenvolver maior resiliência. 92% das empresas que tinham um processo de revisão de suas ações em vigor antes da Covid-19 e que realizaram uma revisão formal, também planejam ter um processo em vigor para crises futuras.

 

Com um 2023 ainda rodeado de incertezas devido a diferentes prognósticos de crises, principalmente financeiras e políticas, aumentam também os riscos. Por este motivo, gestores buscam desenvolver estratégias para reduzir o impacto de futuros prejuízos, tendo no planejamento e na gestão financeira, um dos seus principais alicerces.

A consultoria Gartner estima em seu relatório The Top 8 Cybersecurity Predictions for 2021-2022 que até 2025, 70% dos CEOs exigirão uma cultura de resiliência organizacional para sobreviver a ameaças de ataques e falhas cibernéticas, eventos climáticos severos, distúrbios civis e instabilidades políticas.

E para manter-se preparadas nesse panorama volátil, as empresas precisaram se adaptar e uma gestão financeira é apenas um dos pilares de uma boa gestão de crises. 

A importância do planejamento e da gestão financeira em uma crise

Um bom planejamento alinhado a uma gestão financeira de ponta é fundamental para uma empresa que pretende enfrentar qualquer tipo de crise. Keith Suchodolski, CFO do Banco Kearny, em artigo para o portal de finanças SF Magazine, afirma que pandemia do Covid-19 “ensinou” às organizações a capacidade de planejar estrategicamente e ajustar o curso das suas ações conforme as mudanças globais.

Para tanto, analisar o cenário atual, avaliando o que essas condições significam para o futuro é de particular importância para os gestores financeiros, sendo que estes executivos normalmente operam com uma estratégia voltada para o futuro. Suchodolski, enumera algumas perguntas-chave que os gestores devem fazer na tentativa de obter maior clareza sobre o problema e como agir estrategicamente.

1) Que tipo de crise estamos enfrentando?

Dica: a partir de uma visão macro, foque nas particularidades da crise e seus principais desafios, medindo consequências e projetando ações de contenção.

2) A situação pode piorar ou o pior já passou?

Dica: é fundamental entender o questionamento anterior para, só então, dimensionar o seu real impacto, recalcular a rota se necessário e agir com maior segurança.

3) Quando haverá recuperação e de que tipo será?

Dica: após ter claro os dois primeiros pontos e tomadas as medidas estratégicas, é hora de reavaliar o cenário e entender possíveis sinais de recuperação e alternativas a seguir.

Além disso, o executivo do Banco Kearny menciona que qualquer plano estratégico precisa enfatizar a avaliação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, por meio da ferramenta de análise estratégica SWOT

O SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, publicou em seu portal um artigo sobre gestão financeira em tempos de crise, no qual levanta diversos aspectos importantes para o empreendedor. No texto, Ricardo Abreu chama atenção sobre os erros mais comuns que o empresário pode cometer no seu dia a dia:

– Confusão entre o patrimônio individual e empresarial;

– Falta de planejamento financeiro;

– E contração de dívidas sem a previsão de receitas.

Em complemento a este cenário, o texto ainda trata da importância de aproveitar o momento de crise para replanejar o destino da empresa. E, caso não exista um planejamento detalhado, que contemple todas as metas, objetivos e os planos de ação, é necessário tomar algumas medidas: 

1. Planeje-se

Primeiramente, faça um levantamento das despesas previstas para os próximos três meses, separando os valores de acordo com o tipo de despesa.

2. Analise suas despesas

Observe que, ao conhecer as despesas a serem pagas nos próximos meses, o empreendedor encontrará maior facilidade para definir as ações corretivas, priorizando as despesas com maior impacto nos negócios e que sejam passíveis de negociação. 

3. Ajuste os gastos

Com uma possível redução no faturamento, o empreendedor deve ajustar suas despesas de acordo com essa situação, tomando as seguintes providências: 

 – Negocie com fornecedores um aumento nos prazos de pagamento dos seus compromissos;

– Havendo dívidas, procure renegociar visando também aumentar o prazo de pagamento com uma taxa de juros compatível à sua realidade, adequando o valor mensal ao seu faturamento;

– Evite fazer despesas que não sejam extremamente necessárias à continuidade dos negócios, pois elas podem afetar a sua liquidez. 

 4. Busque formas alternativas de faturamento

O empreendedor pode também tomar providências para aumentar o seu faturamento:

– Fazendo promoção de produtos que estão há muito tempo em estoque; 

– Disponibilizando serviços de entrega para manter o nível de compra dos clientes

– Diversificando e ampliando as formas de pagamento;

– Implementando a estratégia de divulgação dos seus produtos por meio do marketing digital: facebook, whatsapp, instagram, etc. 

 5. Fique atento ao fluxo de caixa

Realize a gestão do fluxo de caixa da empresa, considerando as receitas e despesas previstas para não correr o risco de não ter capital para honrar seus compromissos.

É necessário, também, focar nas particularidades financeiras da sua empresa, entre elas: cuidar das contas; levar em consideração as projeções econômicas e de juros; entender se haverá alguma forma de alívio ou compensação do governo; e avaliar o comportamento de outras organizações, concorrentes ou não diante da crise.

A ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software – em seu curso Gestão Financeira em tempos de Crise, pontua que o empresário necessita conhecer os riscos de liquidez que podem deflagrar uma crise, por meio de uma análise e ações envolvendo:

Liquidez: mostra a capacidade de uma empresa para saldar seus compromissos de curto prazo.

Ativos: são usados para medir a rapidez com que contas são convertidas em vendas ou em caixa.

Endividamento: mostra o montante de recursos de terceiros que está sendo usado na tentativa de gerar lucros.

Lucratividade: são os lucros da empresa levando em consideração o volume de vendas, os ativos e o investimento na empresa.

A importância de planejar cenários em meio a crise

O consultor financeiro Jack Alexander, em artigo publicado na Financial Management, explica que “o propósito do planejamento de cenários vai além de estimar o impacto. O verdadeiro benefício é quando os líderes identificam e avaliam as possíveis ações indicadas em cada caso”.

Tony Klimas, presidente da consultoria norte-americana Horváth, em relatório sobre a função financeira em cenários turbulentos, afirma que “eventos macroeconômicos severos requerem intervenção nas operações e correções dramáticas de curso para a estratégia dos negócios”.

Para o professor, Paul Schoemaker, especialista em decisões financeiras e planejamentos de cenários, em artigo publicado para a FP&A Trends, a previsão é “o ato de avaliar o desempenho da organização durante um período definido no futuro”.

Paul ainda explica, em artigo para o  ResearchGate, portal de estudos científicos, que os cenários de previsão são normalmente narrados contando diferentes histórias sobre o futuro. Segundo o autor, o objetivo é desafiar a mentalidade das pessoas, estimulando estratégias, diálogo e reflexão.

Segundo ele, as empresas devem planejar cenários principalmente quando:

1 – A incerteza dificulta a capacidade de prever ou ajustar rotas;

2 – A empresa acumulou prejuízos num passado recente;

3 – Novas oportunidades são percebidas como insuficientes;

4 – A qualidade do pensamento estratégico é insuficiente;

5 – A indústria passou por mudanças transformadoras;

6 – Concorrentes planejam obter vantagem competitiva.

Em um contexto preditivo, destaca-se também o profissional de FP&A, que realiza suas previsões com base em diferentes cenários e oferece recursos preestabelecidos para uma possível crise no futuro. 

De acordo com o Corporate Finance Institute, o FP&A é um dos principais pilares do desempenho financeiro de organizações e auxilia nas decisões tomadas pelos CEOs e CFOs. Os departamentos de FP&A adotam, entre outras práticas, o Rolling Forecast, ou previsão contínua, em português. Trata-se de um processo no qual as empresas buscam prever o desempenho futuro a partir das informações da companhia, com revisões frequentes.

Na prática, a empresa que adota o rolling forecast projeta, no mínimo, doze meses à frente, ao mesmo tempo, se compromete com sua revisão a cada mês ou trimestre. Dessa maneira, o orçamento sempre é um ponto de atenção e há como dimensionar o desempenho real em relação ao plano financeiro.  

Melhores práticas de gestão financeira na crise

Falco Weidemeyer, líder global de recuperação e reestruturação da EY, cita cinco passos essenciais recomendados às empresas no caso de uma crise empresarial.

1. Colocar o bem-estar dos empregados acima de tudo

Colaboradores representam o maior ativo de qualquer empresa. Em tempos de crise, as organizações têm a responsabilidade de agir no melhor interesse de suas pessoas, bem como clientes e stakeholders. 

É necessário identificar alternativas de trabalho e reimaginar os negócios, cumprindo ao mesmo tempo as leis trabalhistas, de forma a colocar, em primeiro lugar, a saúde e a segurança dos empregados.

2. Comunicar de forma rápida, clara e transparente

As melhores linhas de comunicação são as mais abertas. Comunicações claras, rápidas e transparentes são essenciais em todos os cenários empresariais. Em cenários de crise, isso é ainda mais verdadeiro, especialmente se for necessário garantir suporte contínuo de clientes, funcionários, fornecedores, investidores e autoridades reguladoras.

3. Mantenha as despesas sob controle e tenha reservas para o caso de um déficit orçamentário

Determinar como a crise afeta os orçamentos e os planos de negócios é fundamental. Se o impacto for material e os pressupostos orçamentais e planos de negócio anteriores já não forem relevantes, mantenha-se ágil e reveja-os. Quando o negócio for significativamente impactado, considere os requisitos operacionais mínimos, incluindo as principais dependências de força de trabalho, fornecedores, localização e tecnologia.

Se necessário, considere a mobilização de capital a curto prazo, o refinanciamento da dívida ou apoio de crédito adicional de bancos ou investidores, ou o suporte político do governo.

4. Identifique e conserte o processo da cadeia de suprimentos

Diante de uma crise, é provável que a maioria das empresas sofra disrupções significativas nas suas operações e tenha um desempenho inferior durante todo o período de turbulência.

Ao trabalhar com cadeias de suprimentos impactadas, as organizações precisam manter contato regular com seus fornecedores, para se certificar quanto à sua capacidade de entregar bens e serviços, e elaborar planos de recuperação.

Reimaginar o modelo da cadeia de suprimentos, alavancar ecossistemas digitais e redes de mercado, permitindo novas formas de colaboração são exemplos de medidas de contenção.

5. Prepare-se para o inesperado

Além das adversidades comuns, certas crises podem apresentar desafios legais que não estavam previstos. Sendo assim, as empresas terão que conduzir avaliações de risco contratual e identificar ações preventivas e, até mesmo, estar preparadas para adotar cláusulas de “força maior” quando necessário.

Como usar a tecnologia na gestão de crise

Segundo pesquisa feita pela Consultoria McKinsey, quase 70% das companhias aceleraram a adoção de novas tecnologias e a digitalização de processos e sistemas, principalmente pós-pandemia, e a tendência é que esses números aumentem ainda mais até 2030.

A Deloitte, em seu relatório “Finanças 2025: Transformação digital em finanças – nossas oito previsões sobre tecnologia digital para CFOs”, aponta que as novas plataformas de gerenciamento de performance corporativa e automatização desafiarão o ERP tradicional e outros mecanismos ultrapassados. 

Além de plataformas tecnologicamente superiores, é fundamental que haja uma maior integração de dados entre as diferentes áreas de uma empresa. Nesse sentido, a Deloitte também afirma que muitos departamentos financeiros ainda enfrentarão desafios com a desorganização de dados e falta de compatibilidade entre sistemas.

Segundo Nilly Essaides, diretora sênior de pesquisa financeira/EPM do The Hackett Group, em artigo para a FP&A Trends, o modelo operacional de finanças esperado em 2025 trabalhará com uma visualização de dados conjunta, com todas as informações da empresa armazenadas em um só banco.

Por isso, alguns questionamentos são comuns para quem busca uma solução em finanças, tais como: qual é o software ou plataforma ideal para minha empresa? Dentre tantas opções, é comum a confusão entre as entregas do ERP e do CPM.

Caso sua empresa não tenha um ERP, caberia contratar um CPM primeiro? Ou então, se o CFO precisa de uma plataforma para análise, o ERP dará conta sozinho? A resposta para essas perguntas passa pela necessidade dos gestores pesquisarem qual ferramenta ou plataforma de gestão financeira é capaz de atender às suas expectativas e qual delas pode auxiliar decisões estratégicas

Todas estas premissas, bem como evolução tecnológica têm se mostrado essenciais para os líderes da área financeira, que poderão se dedicar mais às atividades estratégicas, inclusive voltadas à mitigação de riscos diante de uma crise.

O papel do CFO na gestão de crise

Shaun Taylor, CFO do Standard Chartered Bank, em editorial publicado na SF Magazine, destaca que a crise financeira de 2008-2009 catapultou muitas empresas para uma nova era de maior investigação e supervisão regulatória. Ao mesmo tempo, ampliou a relevância sobre a governança corporativa e as tomadas de decisão, principalmente em áreas-chave onde mudanças drásticas eram necessárias.

Ele assinala que o CFO tem o poder de adaptar-se a cenários adversos, exercendo um papel vital na orientação das empresas em tempos de incerteza. Nesse sentido, o executivo de finanças de hoje já é considerado um parceiro valioso, capaz de assumir o leme de organizações complexas e liderar uma força de trabalho altamente especializada.

 

Com uma mentalidade proativa e vontade de adquirir novas competências, o CFO moderno está posicionado para enfrentar desafios atuais e os que surgirão no futuro, por meio de diferentes habilidades, entre elas:

– Micro e macro análises (para identificar o cenário e coletar insights estratégicos);

 

– Habilidade comunicacional (com o time financeiro e demais stakeholders);

– Gestão de custos e investimentos (levando em consideração pessoas e processos).

Bobbie Ramsden-Knowles, sócia de crise e resiliência da PwC UK, comentou em um dos episódios do podcast Take on Tomorrow, que os executivos tradicionalmente se concentram em lidar com as consequências imediatas de um desastre, mas em uma era de incerteza contínua, eles precisam criar estratégias para ameaças de longo prazo com base em análises detalhadas de cenários que mapearam. E os CFOs têm um papel decisivo, unindo diferentes perspectivas em toda a diretoria e no C-Suite, observou ela.

Diante de uma crise, é fundamental que a área financeira esteja, cada vez mais, preparada tecnologicamente. E o CFO se mostra fundamental não só no desenvolvimento de estratégias de mitigação de riscos e enfrentamento de problemas, como na avaliação da infraestrutura tecnológica necessária.

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Os assuntos mais lidos pela área financeira em 2022

Em 2022, diversos temas de importância global marcaram a realidade das empresas e foram pautas obrigatórias entre CFOs e profissionais do time de finanças, seja para guiar decisões, seja para incrementar e reciclar conhecimentos. 

Esses temas também mostraram a importância de uma área financeira mais estratégica. De acordo com a McKinsey, em seu artigo “Finanças 2030: quatro imperativos para a próxima década”, nos últimos dez anos, a área financeira reduziu os custos em quase 30% e gestores usaram 19% mais tempo em atividades de valor agregado.

De 2022 até 2030, o objetivo é alcançar níveis ainda mais altos de eficácia e, para isso, os executivos precisam mudar suas prioridades para minimizar erros, impulsionar a velocidade nos fluxos de trabalho e gerar maior precisão.

Com a chegada de um novo ano, fomos atrás dos assuntos mais lidos, comentados e compartilhados em nosso blog para que você possa se preparar e refletir sobre os principais desafios de 2023: FP&A, liderança feminina, certificações e metodologia ágil são apenas alguns deles. 

Confira. 

Os 5 assuntos mais lidos pela área financeira em 2022

1. xP&A: o futuro do planejamento e análise financeiros?

O termo xP&A foi utilizado pela primeira vez em 2020, pelo Gartner, que o caracterizou como uma evolução do financial planning and analysis (planejamento e análise financeiros) ou FP&A. O xP&A permite que áreas como finanças, vendas, marketing, RH e TI, por exemplo, possam sincronizar seus planejamentos em tempo real, dinamicamente e com maior previsibilidade.

Também possibilita um relatório micro da saúde financeira em cada um dos departamentos, levando em conta suas demandas, seus custos e retornos. Assim, é possível criar planejamentos estratégicos, considerando a empresa como um todo.

De acordo com a consultoria, o conceito de xP&A potencializa uma transformação no planejamento financeiro e é listado como uma das principais tendências de FP&A para os próximos anos.

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2. Como fazer um balancete e evitar os erros mais comuns

Diferentemente do balanço patrimonial, que é realizado anualmente, o balancete ou balancete de verificação pode ser feito mensalmente, quinzenalmente, ou sempre que houver a necessidade de analisar um resultado parcial da empresa ou entender indicadores para traçar estratégias.

O balancete é fundamental para o controle das movimentações financeiras, pois auxilia na tomada de decisão e traz mais segurança à empresa, principalmente em cenários de alta competitividade.

Sob o ponto de vista estratégico, o balancete é útil na rotina de contadores e controllers, pois auxilia na administração dos recursos e previsão de cenários futuros. Nesse sentido, o CFO tende a obter uma fotografia da empresa. Além disso, essa demonstração contribui para uma maior transparência da área financeira.

Erros no balancete são comuns e podem acontecer em qualquer empresa. Eles vão desde entradas duplicadas, não realizadas, entradas na conta errada e invertidas, bem como erros na alteração de dígitos e entradas não equilibradas. 

Acesse o conteúdo na íntegra clicando aqui e saiba como evitá-los.

3. Certificação CMA: tudo o que você precisa saber

O Certified Management Accountant, ou Contador Gerencial Certificado, no português, é um título concedido aos profissionais financeiros e contábeis que concluem o programa CMA do Institute of Management Accountants (IMA).

Os profissionais que obtêm esse certificado são conhecidos como CMAs e possuem expertise e preparação para uma variedade de funções, principalmente as de controller financeiro e CFO. O programa tem uma duração entre 12 a 18 meses e se baseia na qualificação e proficiência em contabilidade e análise financeira

Além dos benefícios salariais e oportunidades de carreira, a certificação CMA proporciona uma extensa preparação em habilidades cruciais para quem deseja se tornar um gestor contábil ou financeiro do alto escalão, além do reconhecimento como autoridade no assunto. 

Profissionais com esta certificação podem executar tarefas de FP&A, tomada de decisão, gestão de riscos e investimentos, entre outras atividades essenciais do negócio que exijam maior compreensão e capacidades analíticas, não somente em contabilidade, mas também em negócios e finanças.

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4. Liderança feminina na área financeira: desafios e perspectivas

O futuro da liderança feminina na área financeira é promissor. Segundo a Fortune 500, ranking das 500 maiores corporações do mundo, da revista Fortune, as empresas americanas têm mais CFOs mulheres do que nunca, mostrando que elas têm tomado mais espaço e mostrado resultados positivos nos últimos anos.

De acordo com pesquisa realizada pela Crist Kolder Associates, a porcentagem de CFOs do gênero feminino atingiu um recorde histórico em 2021, representando 15,1% dos 678 CFOs entrevistados.

A tecnologia e a automatização também têm contribuído para a inclusão e a oportunidade das mulheres provarem o seu alto valor. De acordo com Karen, nas últimas duas décadas, a transformação digital tem incentivado diversas empresas a promoverem o equilíbrio entre gêneros.

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5. O papel da metodologia ágil na área financeira 

Nos últimos anos, a metodologia ágil na área financeira ganhou evidência, beneficiando o trabalho do CFO e seus colaboradores. O 12º Annual State Of Agile Report aponta que 24% das áreas de tecnologia de empresas adotam o método em suas rotinas, seguido pelas de finanças com 17%.

Diferente do que acontece com um planejamento na gestão tradicional, no qual as estratégias são definidas em sua totalidade, na metodologia ágil, as entregas se dão por etapas e de forma contínua. O resultado são tarefas desenvolvidas com mais eficiência e controle. 

Segundo Henk Pieter den Boer, especialista da PwC, a implementação de rotinas ágeis traz um impacto sistêmico em diversas funções financeiras, e pode facilitar a maneira de se trabalhar com planejamento e orçamento.

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Cibersegurança, privacidade de dados, ESG e automatização lideram tendências financeiras de 2023

Realizada pela Protiviti, consultoria global em negócios, a Pesquisa de Tendências Financeiras 2022 traz informações e indicativos para o setor de finanças, em especial ao CFO e alto escalão financeiro.

O estudo, que teve mais de 1.000 participantes em diversos países, aborda uma série de aspectos relevantes no dia a dia de muitas empresas, entre eles: segurança e privacidade de dados, automatização de processos, recursos tecnológicos, ESG, cadeia de suprimentos e gestão de talentos.

Esses temas desafiam CFOs do mundo inteiro a se posicionarem como um dos principais articuladores na estratégia e no relacionamento com o board executivo das empresas, mesmo diante de um cenário composto por tensões geo-políticas, volatilidade da taxa de juros e inflação crescente.  

Os resultados da pesquisa confirmam que os CFOs seguem contribuindo e agregando valor à organização, indo além dos limites das atividades financeiras e contábeis tradicionais. Neste texto, trazemos as principais reflexões do estudo, além de outros indicadores e perspectivas da área financeira para o futuro.  

Temas importantes para as lideranças financeiras em 2023

Destacamos os cinco temas que mais estão impactando e despertando o interesse das organizações, levando em conta o cenário global e a realidade de transformação tecnológica da área financeira.

1. Modelos de trabalho flexíveis: estão em ascensão por serem especialmente vantajosos na hora de buscar talentos qualificados para lidar com relatórios financeiros, ações estratégicas e atividades de Project Management Office (PMO).

A pesquisa aponta uma verdadeira “guerra” na busca por talentos qualificados na área de finanças. Por isso, as organizações estão apostando em provedores e plataformas tecnológicas para suprir habilidades e recursos sob demanda, em meio a condições de mercado incertas.

2. Segurança e privacidade dos dados: assim como em anos anteriores, estes dois temas continuam sendo encarados como prioridade máxima entre os CFOs, sendo que cada vez mais esses executivos estão focados em uma cultura de segurança nas empresas. Contudo, também merecem destaque outras ações importantes, incluindo relatórios de análise de lucratividade e habilidades de liderança.

3. Blockchain: essa tecnologia, bem como contratos inteligentes ganharam força entre os executivos e já figuram entre as principais tendências financeiras e investimentos entre as empresas, junto de automatização, aplicativos de finanças, dados em nuvem, entre outros. 

4. Estratégias ESG: CFOs e líderes financeiros estão dedicando mais tempo, atenção e recursos para iniciativas ESG, bem como incluindo o conceito no planejamento regular da empresa, o que fortalece outra importante sigla, a D&I (Diversidade e Inclusão).

5. A inflação preocupa: o tema também vem ganhando espaço na agenda do CFO, principalmente no que tange às medidas internas que estão sendo tomadas para conter a alta de preços e o consequente impacto nos demais segmentos da empresa, além das principais atualizações e tendências.

Tendências financeiras que irão guiar as decisões em 2023

Segundo reportado pela pesquisa, o maior foco do board de finanças ainda está voltado aos investimentos tecnológicos, principalmente tendo a cibersegurança como prática preventiva, automatização de processos para melhoria da performance e redução dos riscos corporativos.

Segurança e privacidade de dados: 73% dos CFOs e VPs de finanças vão priorizar esse tema na área financeira para os próximos 12 meses. E o cumprimento desse objetivo requer também:

– Determinar se os incidentes de cibersegurança aumentam para um nível de “materialidade”;

– Assegurar a devida atenção ao controle de violações quando elas ocorrem;

– Relatar ataques cibernéticos e esforços de reparação para investidores e outras partes interessadas;

– Divulgações sobre políticas e procedimentos de gestão e supervisão de risco de cibersegurança.

Tecnologia e automatização de processos: 71% dos CFOs e VPs de finanças visualizam a automatização de processos como prioridade máxima para sua organização financeira nos próximos 12 meses, em comparação a 65% de outros profissionais de finanças.

As crescentes contribuições estratégicas da área financeira e o seu alcance para “além das finanças” tornam imperativo que os CFOs se comprometam com a transformação contínua e a implementação de tecnologias avançadas, fazendo uso de ferramentas de automatização e tecnologia que impulsionam essa jornada. 

Além disso, os CFOs e líderes financeiros estão reavaliando o que a transformação financeira requer e avaliando as habilidades profissionais necessárias para alcançar esses objetivos,

Os principais CFOs entendem que a transformação digital não é um destino, mas sim uma viagem contínua, e que nesta jornada, é importante selecionar as iniciativas certas a seguir.


ESG: 75% das equipes de finanças estão assumindo os riscos ESG e entendendo essa realidade como parte da sua função. Além disso, 40% dos CFOs e líderes financeiros estão levando em conta a cultura ESG na sua rotina de decisões. A Europa vem liderando a divulgação de relatórios sobre ESG, mas outros países já estão adotando esta prática rapidamente. 

 

Os CFOs ajudam suas organizações em diversos aspectos sobre ESG:

– Coleta de novos dados enquanto ajusta simultaneamente a base de dados;
– Adoção de melhores processos e ferramentas tecnológicas;
– Garantir maior precisão e eficácia de todos os aspectos relacionados ao ESG.

Cadeia de suprimentos: 45% das organizações estão mais focadas em garantir uma receita flexível e consistente do que buscar apenas eficiência em sua cadeia de suprimentos. Uma série de grandes interrupções na cadeia de suprimentos causou danos de dois dígitos e o declínio do valor das ações de muitas empresas

Segundo CFOs, o problema reside na fragilidade do modelo atual da cadeia de suprimentos, com seu foco estritamente definido em custo/eficiência, sem levar em conta outros aspectos como a confiabilidade, capacidade de resposta e resiliência de fornecedores, bem como disponibilidade de fontes alternativas qualificadas de abastecimento. 

Quais são as prioridades gerais do CFO para os próximos anos

Além dessas tendências financeiras, a pesquisa da Protiviti destaca 10 prioridades do CFO e VP de Finanças e outros pontos que também exigem atenção do executivo de finanças.

1) Segurança e privacidade dos dados;
2) Relatórios e análises de rentabilidade;
3) Contratos inteligentes, a partir de blockchain;
4) Aplicativos baseados em nuvem;
5) Planejamento e análise financeira (FP&A);
6) Promover novas demandas e expectativas dentro da organização;
7) Manutenção do perfil de liderança dentro da organização;
8) Melhoria e mineração dos processos de trabalho;
9) Maior automação e infraestrutura tecnológica;
10) Foco em liderança, desenvolvimento e recrutamento de talentos.

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Gargalos de governança permanecem entre as companhias abertas, afirma estudo

Principal documento do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o Código de Governança apresenta recomendações de boas práticas que contribuem com a evolução da governança corporativa das empresas e demais organizações atuantes no Brasil.

Com o objetivo de verificar, acompanhar e avaliar a aderência das companhias ao Código, o IBGC, em parceria com a Consultoria EY e a TozziniFreire Advogados, publica a nova edição da Pratique e Explique: Análise Quantitativa dos Informes das Companhias Abertas Brasileiras (2022).

  Em sua quinta edição, o estudo oferece a toda companhia aberta no Brasil a oportunidade de informar a sua adesão a cada uma das 54 práticas recomendadas pelo código, assim como de explicar a não adesão ou adesão parcial em divulgação anual obrigatória.

A amostra contou com um total de 423 companhias, a maior desde a primeira edição. Os resultados indicam uma percepção positiva quanto a práticas de governança, porém também apontam gargalos importantes (e recorrentes) entre as companhias abertas brasileiras.

Essa edição mostrou taxa média de aderência de 62,6% das companhias abertas às 54 práticas recomendadas pelo Código Brasileiro de Governança Corporativa – Companhias Abertas (Código). 

O índice significou aumento de 3,9 pontos percentuais em relação a 2021. O número vem crescendo, já que, no ano anterior, houve um aumento de 4,4 pontos percentuais, quando a taxa média de aderência das empresas passou de 54,3%, em 2020, para 58,7% em 2021.

Reflexões sobre a governança nas empresas brasileiras

Confira 10 aspectos importantes divididos em três eixos, que foram mapeados nesta edição da pesquisa e acompanhe o comportamento das companhias e do mercado diante das práticas de governança corporativa.

Sobre aderência das companhias

1) Houve uma evolução da taxa média de aderência: Trata-se de um resultado positivo, pois indica que as empresas, em geral, estão aprimorando os seus modelos de governança.

2) Motivação à aderência: Grande parte da aderência verificada se deve às empresas pertencentes ao Novo Mercado, aquelas listadas na Bolsa de Valores e que alcançaram um altíssimo nível de transparência e governança corporativa.

Contudo, esse resultado levantou o seguinte questionamento: se essas companhias estão utilizando o modelo “pratique ou explique” como norteador das ações de governança, ou se a evolução desta aderência decorre da obrigatoriedade por dispositivos legais ou regulatórios.

3) Variação entre taxas de aderência: Empresas dentro de um mesmo segmento ou categoria de análise, apresentaram grande variação entre maior e menor taxas de aderência, mesmo em segmentos diferenciados.

Sobre os participantes

4) Evolução das empresas: Empresas do Novo Mercado foram as que mais evoluíram, mas ainda necessitam adaptar-se ao novo regulamento de novos mercados da B3.

5) Faturamento das companhias: O estudo mostrou que a receita líquida das empresas foi um indicador que auxiliou a justificar a maior ou menor aderência às práticas recomendadas. Esse resultado se deu a partir de um cálculo estatístico que levou em conta todas as companhias que entregaram o Informe de Governança neste ano.

6) Segmentos diferenciados: A bolsa precisa analisar se os casos de não adesão às práticas são em função de maior especificidade das práticas do Código ou por descumprimento das regras dos segmentos especiais (Bovespa Mais, Bovespa Mais Nível 2, Novo Mercado, Nível 2 e Nível 1).

Sobre o mercado investidor e regulador

7) Atenção redobrada: Dada a grande variação entre taxas de aderência, investidores devem observar com cautela a utilização da participação nos segmentos diferenciados como único padrão para análise de uma empresa. Logo, esse dado não representa garantia de boa governança, uma vez que mede a adoção formal das práticas e, não necessariamente, a sua correta e efetiva aplicação no dia a dia das companhias.

8) Engajamento de acionistas e investidores: A pesquisa ainda detectou a necessidade desse público compreender mais a fundo os Informes de Governança das companhias e cobrar explicações sobre suas ações e práticas.

9) Análise aprofundada: É preciso maior compreensão sobre as empresas e seus Informes de Governança, incluindo a análise das explicações e a comparação com outros documentos, para entender a estruturação do seu sistema.

10) Pratique ou Explique: Regulador, acionistas e participantes do mercado devem continuar acompanhando a evolução do modelo e o amadurecimento da sua aplicação entre as companhias, estando atentos a sinais que possam alertá-los sobre a adesão apenas formal ou parcial às práticas divulgadas pelas companhias.

Gargalos na governança

A pesquisa identificou que a prática com maior percentual de respostas “Não” é a do plano de sucessão do diretor-presidente aprovado pelo conselho de administração: 57,4% das companhias afirmam não adotar a prática de forma alguma. 

Em seguida aparece a prática sobre a política de contribuições voluntárias, que deve prever que o conselho de administração seja o órgão responsável pela aprovação de todos os desembolsos relacionados às atividades políticas, com 50,1% de respostas negativas.

Outro gargalo refere-se à prática que aborda a implementação de um processo anual de avaliação de desempenho do conselho de administração e seus comitês. A questão figura, de maneira recorrente, entre as cinco com maior percentual de respostas “Não”, com 35,7%.

“A oportunidade de estudarmos uma série histórica com cinco edições nos permite enxergar algumas tendências e alguns desafios das companhias abertas brasileiras.  Temos observado um movimento crescente e louvável das chamadas boas práticas de governança nessas organizações, mas as oportunidades de melhoria ainda existem e precisam ser enfrentadas pelas lideranças, ainda mais neste momento de pós-pandemia e retomada da economia. O mercado de capitais brasileiro precisa de companhias abertas com sistemas de governança formal e materialmente confiáveis, proporcionando um ambiente de negócios cada vez mais saudável”, diz André Antunes Soares de Camargo, sócio de TozziniFreire Advogados, na área Corporate, com foco em governança corporativa e M&A.

Princípios básicos de uma boa governança

Além da adesão ao código de governança, as boas práticas financeiras assumem uma importância fundamental na rotina diária das companhias. O Código de Governança do IBGC enxerga 5 princípios básicos:

Transparência – Disponibilizar às partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas previstas em dispositivos legais ou regulamentos. Equidade – Proporcionar um tratamento justo e isonômico a sócios e demais stakeholders, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas.

Prestação de contas – Exercitar um demonstrativo contábil claro, conciso e compreensível, assumindo integralmente as consequências de atos e omissões.

Responsabilidade corporativa – Zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, cuidando da reputação, modelo de negócios e dos diversos capitais.

Gestão de riscos – A boa gestão da governança passa por ações da companhia para assegurar foco na performance do negócio e estabelecer uma gestão de riscos efetiva.

Ainda segundo as diretrizes do Código, as demonstrações financeiras devem ser acompanhadas por processos de auditoria interna e externa, além de uma equipe de conselheiros fiscais, para que haja confiabilidade e integralidade das informações, bem como proteção de todas as partes interessadas.