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Gargalos de governança permanecem entre as companhias abertas, afirma estudo

Principal documento do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o Código de Governança apresenta recomendações de boas práticas que contribuem com a evolução da governança corporativa das empresas e demais organizações atuantes no Brasil.

Com o objetivo de verificar, acompanhar e avaliar a aderência das companhias ao Código, o IBGC, em parceria com a Consultoria EY e a TozziniFreire Advogados, publica a nova edição da Pratique e Explique: Análise Quantitativa dos Informes das Companhias Abertas Brasileiras (2022).

  Em sua quinta edição, o estudo oferece a toda companhia aberta no Brasil a oportunidade de informar a sua adesão a cada uma das 54 práticas recomendadas pelo código, assim como de explicar a não adesão ou adesão parcial em divulgação anual obrigatória.

A amostra contou com um total de 423 companhias, a maior desde a primeira edição. Os resultados indicam uma percepção positiva quanto a práticas de governança, porém também apontam gargalos importantes (e recorrentes) entre as companhias abertas brasileiras.

Essa edição mostrou taxa média de aderência de 62,6% das companhias abertas às 54 práticas recomendadas pelo Código Brasileiro de Governança Corporativa – Companhias Abertas (Código). 

O índice significou aumento de 3,9 pontos percentuais em relação a 2021. O número vem crescendo, já que, no ano anterior, houve um aumento de 4,4 pontos percentuais, quando a taxa média de aderência das empresas passou de 54,3%, em 2020, para 58,7% em 2021.

Reflexões sobre a governança nas empresas brasileiras

Confira 10 aspectos importantes divididos em três eixos, que foram mapeados nesta edição da pesquisa e acompanhe o comportamento das companhias e do mercado diante das práticas de governança corporativa.

Sobre aderência das companhias

1) Houve uma evolução da taxa média de aderência: Trata-se de um resultado positivo, pois indica que as empresas, em geral, estão aprimorando os seus modelos de governança.

2) Motivação à aderência: Grande parte da aderência verificada se deve às empresas pertencentes ao Novo Mercado, aquelas listadas na Bolsa de Valores e que alcançaram um altíssimo nível de transparência e governança corporativa.

Contudo, esse resultado levantou o seguinte questionamento: se essas companhias estão utilizando o modelo “pratique ou explique” como norteador das ações de governança, ou se a evolução desta aderência decorre da obrigatoriedade por dispositivos legais ou regulatórios.

3) Variação entre taxas de aderência: Empresas dentro de um mesmo segmento ou categoria de análise, apresentaram grande variação entre maior e menor taxas de aderência, mesmo em segmentos diferenciados.

Sobre os participantes

4) Evolução das empresas: Empresas do Novo Mercado foram as que mais evoluíram, mas ainda necessitam adaptar-se ao novo regulamento de novos mercados da B3.

5) Faturamento das companhias: O estudo mostrou que a receita líquida das empresas foi um indicador que auxiliou a justificar a maior ou menor aderência às práticas recomendadas. Esse resultado se deu a partir de um cálculo estatístico que levou em conta todas as companhias que entregaram o Informe de Governança neste ano.

6) Segmentos diferenciados: A bolsa precisa analisar se os casos de não adesão às práticas são em função de maior especificidade das práticas do Código ou por descumprimento das regras dos segmentos especiais (Bovespa Mais, Bovespa Mais Nível 2, Novo Mercado, Nível 2 e Nível 1).

Sobre o mercado investidor e regulador

7) Atenção redobrada: Dada a grande variação entre taxas de aderência, investidores devem observar com cautela a utilização da participação nos segmentos diferenciados como único padrão para análise de uma empresa. Logo, esse dado não representa garantia de boa governança, uma vez que mede a adoção formal das práticas e, não necessariamente, a sua correta e efetiva aplicação no dia a dia das companhias.

8) Engajamento de acionistas e investidores: A pesquisa ainda detectou a necessidade desse público compreender mais a fundo os Informes de Governança das companhias e cobrar explicações sobre suas ações e práticas.

9) Análise aprofundada: É preciso maior compreensão sobre as empresas e seus Informes de Governança, incluindo a análise das explicações e a comparação com outros documentos, para entender a estruturação do seu sistema.

10) Pratique ou Explique: Regulador, acionistas e participantes do mercado devem continuar acompanhando a evolução do modelo e o amadurecimento da sua aplicação entre as companhias, estando atentos a sinais que possam alertá-los sobre a adesão apenas formal ou parcial às práticas divulgadas pelas companhias.

Gargalos na governança

A pesquisa identificou que a prática com maior percentual de respostas “Não” é a do plano de sucessão do diretor-presidente aprovado pelo conselho de administração: 57,4% das companhias afirmam não adotar a prática de forma alguma. 

Em seguida aparece a prática sobre a política de contribuições voluntárias, que deve prever que o conselho de administração seja o órgão responsável pela aprovação de todos os desembolsos relacionados às atividades políticas, com 50,1% de respostas negativas.

Outro gargalo refere-se à prática que aborda a implementação de um processo anual de avaliação de desempenho do conselho de administração e seus comitês. A questão figura, de maneira recorrente, entre as cinco com maior percentual de respostas “Não”, com 35,7%.

“A oportunidade de estudarmos uma série histórica com cinco edições nos permite enxergar algumas tendências e alguns desafios das companhias abertas brasileiras.  Temos observado um movimento crescente e louvável das chamadas boas práticas de governança nessas organizações, mas as oportunidades de melhoria ainda existem e precisam ser enfrentadas pelas lideranças, ainda mais neste momento de pós-pandemia e retomada da economia. O mercado de capitais brasileiro precisa de companhias abertas com sistemas de governança formal e materialmente confiáveis, proporcionando um ambiente de negócios cada vez mais saudável”, diz André Antunes Soares de Camargo, sócio de TozziniFreire Advogados, na área Corporate, com foco em governança corporativa e M&A.

Princípios básicos de uma boa governança

Além da adesão ao código de governança, as boas práticas financeiras assumem uma importância fundamental na rotina diária das companhias. O Código de Governança do IBGC enxerga 5 princípios básicos:

Transparência – Disponibilizar às partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas previstas em dispositivos legais ou regulamentos. Equidade – Proporcionar um tratamento justo e isonômico a sócios e demais stakeholders, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas.

Prestação de contas – Exercitar um demonstrativo contábil claro, conciso e compreensível, assumindo integralmente as consequências de atos e omissões.

Responsabilidade corporativa – Zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, cuidando da reputação, modelo de negócios e dos diversos capitais.

Gestão de riscos – A boa gestão da governança passa por ações da companhia para assegurar foco na performance do negócio e estabelecer uma gestão de riscos efetiva.

Ainda segundo as diretrizes do Código, as demonstrações financeiras devem ser acompanhadas por processos de auditoria interna e externa, além de uma equipe de conselheiros fiscais, para que haja confiabilidade e integralidade das informações, bem como proteção de todas as partes interessadas.

 

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Mirando governança financeira, Accountfy cria cargo de CRO e planeja crescimento por meio de parcerias

Em uma época em que ESG é um dos termos mais usados pelas empresas, alcançar uma maior governança corporativa tem sido um dos principais objetivos de muitas delas. E é com o foco na entrega de tecnologia e serviços para governança que o Accountfy, plataforma SaaS de gestão e performance financeira, espera crescer nos próximos anos. 

Para isso, a startup está apostando na expansão da rede de canais formada pelas grandes empresas de auditoria e consultoria, além de escritórios de médio porte. Hoje, ela já conta com 15 parceiros, incluindo PricewaterhouseCoopers (PwC) e Ernst & Young (EY). 

 

 “Com essas parcerias, entregamos aos clientes uma visão além da gestão contábil: uma estratégia de gestão financeira e governança corporativa. Por isso, vamos fortalecer essa rede de canais com a criação de um programa de benefícios e mostrando como a nossa ferramenta agrega mais valor e pode alavancar as margens dos serviços prestados pelo parceiro”, diz Marcelo Ferraz, que acaba de assumir o cargo de Chief Revenue Officer (CRO) do Accountfy.  

Fundada em 2017 por especialistas em finanças, o Accountfy já facilitou a rotina do departamento financeiro de mais de 500 grupos econômicos. Em seus cinco anos de existência, a plataforma cresceu três vezes em seu faturamento anualmente e prevê dobrar de tamanho em 2022.  

A nova posição de Ferraz, executivo que atua na área há quinze anos, sendo os últimos cinco na plataforma, surge num momento desafiador para as startups em meio à desaceleração dos investimentos e redução no quadro de funcionários. Ele será responsável pela estratégia de geração de receita com um olhar mais próximo de todas as áreas. 

“Mesmo com um modelo de gestão muito controlado e com viés focado em finanças, era visível o distanciamento entre as áreas em função de um crescimento muito rápido do negócio. A ideia é unificar todas as operações com um único entendimento de estratégia de comunicação e venda, para aumentar a eficiência e a receita da empresa”, afirma Ferraz.  

A ampliação de canais será usada tanto na expansão dos negócios no mercado local como no exterior. Após ter recebido aportes que totalizam US$ 11 milhões, o Accountfy já chegou a cinco países, incluindo os Estados Unidos. Hoje, as operações no Chile, Colômbia, México e Peru representam 7,5% da receita da empresa. No longo prazo, um dos objetivos estratégicos é que o mercado latino-americano, sem considerar o Brasil, componha 40% dos negócios até 2024. 

A estratégia para ganhar capilaridade vem acompanhada de novos aportes. Para sustentar essa expansão, a empresa investirá, pelo menos, R$ 30 milhões nos próximos dois anos para acelerar o desenvolvimento do produto, com lançamento de novas funcionalidades e fortalecimento da infraestrutura de segurança e certificações. 

Educação sobre automatização e governança financeira

Segundo Ferraz, a rede de parceiros contribuirá no processo de educação do mercado para a importância da automatização da contabilidade nas empresas para agilizar a apresentação de dados, promover a transparência das informações e reduzir erros comuns com o uso de planilhas. Consultas informais realizadas pelas equipes do Accountfy indicam que 90% das grandes empresas ainda fazem as suas demonstrações financeiras em planilhas.  

“Isso significa que existe oportunidade de mercado, mas também há resistência na adoção de novas tecnologias capazes de automatizar processos. O grande desafio é mostrar para a empresa que sua área financeira deve estar apoiada em processos, governança e metodologia. E esse processo de educação em finanças só acontece em longo prazo, pois implica em mudança de consciência dentro das empresas”, diz.  

O executivo desta que a especialidade do Accountfy é resolver os problemas de empresas que têm obrigação de reportar informações financeiras por meio da publicação de balanço. São companhias de capital aberto e aquelas que são auditadas, que precisam gerar demonstrações financeiras, fazer consolidação contábeis e outras obrigações.  

Um dos objetivos da startup, entretanto, é também apresentar a ferramenta para pequenas e médias empresas terem acesso à mesma metodologia de reporte e análise financeira que as grandes companhias possuem. “Essa prática resulta em uma auditoria de contabilidade e finança saudável, mais crédito, empréstimos com taxas especiais em função de uma organização financeira e governança que gera confiança e transparência para as instituições e investidores.”  

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Governança: Qual é o caminho para uma empresa mais transparente?

Para muitas empresas, a governança corporativa e transparência aparecem muito mais no discurso do que realmente em ações. 82,1% das startups e scale-ups brasileiras, por exemplo, ainda estão nos estágios iniciais em governança corporativa, afirma uma pesquisa elaborada pela Better Governance, consultoria especializada em governança. Foram avaliadas 148 empresas, 16% delas fintechs, em parceria com a Associação Brasileira de Startups, Distrito, BNDES Garagem, Cubo, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e InvestSP.

Os aspectos de ESG (Environmental, Social and Governance) também são alvo de avaliações não só das próprias empresas, mas de diferentes organizações. A Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), por exemplo, reconhece e  incentiva a transparência das empresas no que diz respeito à divulgação das suas informações por meio das demonstrações financeiras com o Troféu Transparência

A 26ª edição aconteceu em outubro e reconheceu as empresas que seguem as melhores práticas contábeis, em um esforço para apresentar o conjunto de informações mais objetivas para o mercado.

O Accountfy foi um dos apoiadores oficiais da premiação. Conversamos com Marta Pelucio, presidente nacional da ANEFAC, sobre governança, transparência e a importância do prêmio.

A relação entre governança e transparência

Qual a importância de uma empresa ser transparente com suas demonstrações financeiras? 

Por meio das demonstrações financeiras é que qualquer indivíduo ou entidade tem informações sobre o desempenho de uma entidade e de sua situação patrimonial. Quanto mais transparente a empresa for, melhor será a qualidade da informação que chega para esses entes externos. 

Empresas de qualquer tamanho devem prezar por isso?

Independentemente de setor ou do tamanho da empresa, se tivéssemos uma cultura de total transparência, teríamos um mercado cada vez mais confiável para nossos investimentos e para nossas análises e toda a sociedade ganha com informação de boa qualidade. Meu sonho é de que entidades de diferentes portes e áreas de atuação publicassem de forma transparente suas demonstrações financeiras. Mas, infelizmente, as empresas fechadas, que não negociam seus títulos patrimoniais ou de dívidas no mercado de capitais, não geram informação para a sociedade. Um funcionário de uma grande empresa fechada não tem informações sobre a situação dela e pode, de uma hora para outra, ficar sem seu emprego, sendo pego de surpresa com recuperações judiciais ou encerramento de atividades, como já aconteceu com multinacionais de grande porte que não divulgam suas informações. Da mesma forma, importantes combinações de negócios acontecem com essas empresas fechadas e nossa sociedade não tem nenhum tipo de informação, não sendo possível mensurar ou avaliar os impactos de suas negociações na nossa sociedade.

Quais são alguns dos benefícios de uma boa governança corporativa?

Os credores sentem-se muito mais confortáveis com demonstrações financeiras que são transparentes e ser transparente inclui a sua ampla publicação. Quando o credor percebe falta de transparência no mercado, reflete sua insegurança no custo da dívida. Mercado não transparente é um mercado caro. Os investidores sentem-se motivados a participar de um mercado que seja transparente e o buscam para aportar seus capitais, pois entendem que quanto mais transparente, menor será o seu risco. Com isso consideram uma taxa de risco alta na precificação das ações, o que é prejudicial para os participantes. O futuro é a transparência.

O que uma empresa deve fazer para começar a ser mais transparente?

Ela deve pensar com a cabeça do seu leitor. Se colocar no lugar dele e refletir: qual informação é importante para que o usuário externo entenda minha operação? Qual informação é necessária para que o usuário avalie meu desempenho e os riscos do negócio? Uma empresa transparente comunica ao mercado tudo aquilo que é relevante sobre o negócio da entidade, sua situação patrimonial e seu desempenho. Usa uma linguagem acessível. Tem como foco o processo de comunicação.

Quais são os principais desafios nesse processo?

O grande desafio é interpretar o que a empresa é com base nas diretrizes normativas e regulatórias e traduzir em uma linguagem de fácil comunicação. Dessa forma, primeiro é preciso ter uma boa estrutura de governança que garanta que todas as transações relevantes que impactam financeiramente a entidade sejam devidamente mapeadas, controladas e gerem informação clara para que a contabilidade possa atuar adequadamente. 

Outro importante desafio é ter uma boa equipe de contabilidade, com bons conhecimentos normativos e boa capacidade de interpretação dessas transações devidamente mapeadas. E, por fim, ter uma gestão comprometida com a qualidade e que tome decisões durante o processo de elaboração das demonstrações financeiras com foco na qualidade da informação financeira que será gerada. 

Qual o nível de transparência e particularidades do mercado brasileiro em relação a esse tema?

Infelizmente nosso nível de transparência ainda é muito baixo em relação ao tamanho do Brasil. Temos empresas comprometidas com a bandeira da transparência e que são exemplares. O problema é que são poucas quando olhamos para o nosso mercado como um todo.Em 26 anos do nosso Troféu Transparência, por exemplo, até hoje somente cerca de 110 empresas foram premiadas.

Existem mercados muito menores nos quais empresas de médio e pequeno porte publicam suas informações. Acredito que teríamos uma sociedade muito mais transparente se todas as empresas multinacionais tivessem a obrigatoriedade de auditar e publicar suas demonstrações financeiras; que toda empresa de grande porte, mesmo que limitada, tivesse a obrigatoriedade de publicar suas demonstrações financeiras no Brasil. Nós deveríamos exigir essa maior transparência. 

Quais são os pontos positivos e ensinamentos que podemos tirar das empresas vencedores do troféu?

As empresas que são exemplo em transparência buscam o que é melhor para o mercado, buscam gerar informações relevantes e compreensíveis, fomentam a discussão e o networking. Cada uma tem um caminho diferente para se estruturar nesse processo de geração de demonstrações financeiras transparentes, mas o objetivo final é sempre o mesmo: gerar informação útil e transparente para o mercado sobre sua situação financeira. 

Ganhadores do Troféu Transparência 2022

Categoria Receita líquida abaixo de R$ 5 bilhões: 

AES Brasil Energia, Cesp, Cogna Educação, Fleury, Irani, Marcopolo, Qualicorp, Rio Paraná Energia, SLC Agrícola e Totvs.                     

Categoria Receita líquida de R$ 5 bilhões até R$20 bilhões: 

B3, Comgás, CSN Mineração, EDP Energias do Brasil, Engie Brasil Energia, Riachuelo, Klabin, Lojas Renner, Sabesp e Sanepar.

Categoria Receita líquida acima de R$20 bilhões: 

Eletrobras, Eletropaulo, Embraer, Magalu, Neoenergia, Petrobras, Raia Drogasil, Suzano, Vale e Vibra Energia.

Mercado da educação e área financeira: tendências e desafios

O mercado da educação vem se transformando ano após ano em busca de novas alternativas que melhorem a experiência do estudante, otimizem custos operacionais e rentabilizem seus modelos de negócio. Nesse processo, a área financeira é decisiva na sustentabilidade dessas instituições.

Conforme Censo da Educação Superior, promovido pelo, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2020, o Brasil ocupava a posição de 5º maior mercado de ensino superior do mundo e o maior da América Latina, com aproximadamente 8 milhões de matrículas, sendo que 87,6% das instituições de educação superior são privadas.

Segundo dados do Censo Escolar de Educação Básica de 2020, também promovido pelo Inep, o Brasil possui 47,3 milhões de alunos da educação básica, sendo que 80%, ou 38,7 milhões de estudantes, estão matriculados na rede pública de ensino. 

Continue a leitura e entenda os principais desafios da área financeira no mercado de educação e descubra como a tecnologia fez a diferença na realidade de um importante grupo educacional.

Uma fotografia do mercado de educação

Segundo a pesquisa Números da Educação Privada, divulgada recentemente pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) o crescimento do PIB do Ensino Privado entre 2010 e 2015 foi maior do que o crescimento da economia como um todo nesse período. Isso fez com que a participação do Ensino Privado no PIB brasileiro crescesse de 1,42% em 2010 para 1,65% em 2019, totalizando R$ 126,5 bilhões.  

Deste montante, o ensino privado contribuiu com quase R$ 20 bilhões para a Previdência Social e para o FGTS. Além disso, cerca de 3,4% de todos os empregos formais no setor privado brasileiro estão na área educacional e este número segue crescendo. 

O portal de finanças TradeMap, em seu Relatório de 2021 sobre o Setor Educacional, destaca alguns propulsores para esse crescimento:

  • Retomada da economia, puxando o aumento da base de alunos;
  • Alta demanda latente por qualificação acadêmica;
  • Grande relação entre nível de escolaridade e renda;
  • Incentivos governamentais à formação superior;
  • Aumento contínuo de investimentos privados;
  • Demanda por novos cursos e tecnologias.

EAD e Edtechs impulsionam o mercado de educação

Tecnologia e educação nunca se conectaram tanto como atualmente: o ensino a distância (EAD) tem sido um importante acelerador do crescimento deste mercado, pois já superou, pela primeira vez, o ensino presencial por número de ingressantes em 2020.

A EY afirma que dos mais de 3,7 milhões de ingressantes em 2020 (em instituições públicas e privadas), acima de 2 milhões de alunos (53,4%) optaram por cursos a distância e 1,7 milhão (46,6%) escolheram os presenciais.

Fora do Brasil, este cenário também é favorável à economia. É o que aponta a matéria publicada na americana Forbes. Segundo a publicação, o segmento de EAD nos EUA deverá movimentar em torno de US$ 325 bilhões em investimentos até 2025.

Quanto às Edtechs, startups que unem tecnologia à educação, os números crescem a cada dia. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), as edtechs representam hoje o maior segmento entre as startups brasileiras. Os dados mais recentes da entidade, reunidos no Mapeamento de Comunidades 2020, contabilizam 566, sendo que a maior parte delas (58,7%) está localizada na Região Sudeste.

Tendências globais até 2030

Relatório da consultoria EY aponta sete tendências em educação superior baseadas na transformação digital que podem ser adotadas globalmente até 2030, sendo estas:

Plataformas digitais reduzindo o custo de aprendizado, até cair para zero;
– Jornadas de estudo ainda mais flexíveis e customizáveis;
– Provedores e gestores de educação mais cobrados por resultados;
– Universidades mais transparentes com relação às suas entregas;
– Tecnologia como aliada na promoção da equidade educacional;
– Soluções educacionais cada vez mais personalizadas;
– Linhas de pesquisas com maior incentivo financeiro.

“É hora de começar a nos indagar e olhar para as oportunidades que a pandemia trouxe. É hora de repensar como, onde e para quem a educação superior é entregue”, afirma Catherine Friday, líder global de educação da EY  

Principais desafios da área financeira no mercado de educação

Mesmo que esteja atravessando um cenário de transformação digital, o setor da educação precisa evoluir em diversos aspectos na área financeira. Confira os principais desafios:

– Cultura organizacional não voltada à inovação;
– CFO e departamento de FP&A ainda pouco atuantes;
– Excessivo consumo de tempo com processos manuais;
– Ausência ou baixo índice de digitalização nos processos;
– Falta de integração e automatização das informações financeiras;
– Lentidão na consolidação das empresas controladas;
– Ausência de práticas de governança financeira e compliance;
– Baixos índices de segurança e privacidade de dados;
– Ausência de ações e ferramentas de modelagem financeira.

Tecnologia como aliada da área financeira

Fundado em 2003, em Recife, o Grupo Ser Educacional é um dos maiores grupos de ensino superior do Brasil, com uma base de mais de 300 mil alunos e mais de 2.400 cursos. 

Hoje, além do grande número de unidades, a estrutura do grupo conta com mais de 300 polos de ensino à distância, levando a marca para 26 estados e Distrito Federal, contando com mais de 12 mil colaboradores e outras empresas de apoio, o que torna imprescindível à empresa manter a qualidade do ensino e as contas em dia.

Cenário antes do uso da tecnologia na área financeira

Antes do emprego das soluções tecnológicas, o Grupo Ser Educacional enfrentava dificuldades na consolidação das informações das suas mais de 70 empresas, já que a integração de dados era feita manualmente, em planilhas e em conjunto com um ERP, o que consumia muito tempo e esforço da equipe financeira. 

Após a consolidação ainda havia outro desafio: a ferramenta utilizada para o acompanhamento de resultados não estava atendendo às necessidades de expansão do Grupo. Sem a visualização adequada das informações financeiras de toda a estrutura, o planejamento financeiro ficava desfalcado.

“Antes era necessário subir todas as informações no sistema para visualizá-las. Hoje nós lançamos informações brutas e a ferramenta faz isso tudo pra nós de forma dinâmica. O ganho foi imensurável”, diz Diego Ricelle, analista de planejamento financeiro sênior do grupo.

Toda esta governança foi obtida devido à inteligência contábil de uma plataforma de CPM  capaz de integrar diversas soluções em uma, além da implantação e suporte especializado por profissionais de finanças.

Tecnologia para ampliar a competitividade

João Furtunato, gerente de planejamento financeiro do Grupo Ser Educacional, afirma que o principal desafio de trabalhar no mercado de educação é a competição por preços.

“Alinhar investimentos em marketing no orçamento e estimar seu ROI é uma das principais etapas do planejamento. Tudo isso enquanto há a preocupação de não desfalcar o caixa, o pagamento dos educadores e os serviços prestados à instituição.”

Ele diz que, com a tecnologia, é possível usar a modelagem para simular índices que auxiliam o gestor a avaliar quanto desconto deve oferecer a um estudante para conseguir uma matrícula, quanto investir em marketing ou quantos ajustes serão necessários nas estruturas, por exemplo.

Furtunato, que possui formação na área financeira e também na de tecnologia, diz que a junção dos dois mundos foi essencial para a evolução na forma de trabalhar e visualizar os dados. Para ele, isso faz diferença principalmente na hora de apresentar os resultados para investidores e nas aquisições.

George Arruda, especialista em planejamento orçamentário do grupo, acredita que a digitalização dos processos e o uso da ferramenta tem um peso e importância significativos para o momento de expansão e crescimento do grupo. Para ele, o investimento já está representando economia de tempo, rapidez em análise, amplitude, visão e disseminação da informação.

Tecnologia para uma gestão de ponta a ponta

Segundo Furtunato, o investimento em tecnologia também facilitou a integração contábil, algo que antes demandava servidores internos, gerenciamento de acessos e outros apontamentos. 

Com uma plataforma de CPM permite a redução da disparidade entre os dados provindos da pós-aquisição, sendo que um dos principais pontos de otimização de tempo foi nas publicações das atualizações financeiras, antes feitas em ferramentas de texto. Atualmente, as tabelas e as informações da consolidação já são estruturadas automaticamente, bastando apenas a revisão, afirma.

O Grupo Ser Educacional já utiliza todos estes benefícios tecnológicos de forma colaborativa, permitindo que as empresas espalhadas por todo o país tenham acesso às informações. Ao mesmo tempo, para garantir a segurança e a privacidade desses dados, a plataforma permitiu que os administradores estabelecessem limites na visualização e alteração.

 

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Startups brasileiras ainda carecem de governança corporativa, aponta pesquisa

82,1% das startups e scale-ups brasileiras ainda estão nos estágios iniciais em governança corporativa, mostra uma pesquisa elaborada pela Better Governance, consultoria especializada em governança. Foram avaliadas 148 empresas, 16% delas fintechs, em parceria com a Associação Brasileira de Startups, Distrito, BNDES Garagem, Cubo, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e InvestSP.

De acordo com a metodologia, há quatro etapas de maturidade: básico, em desenvolvimento, desenvolvido, e avançado. Entre os resultados, 39,8% estão no básico, 42,3% em desenvolvimento, e 15,5% já estão desenvolvidos.  Para a consultoria, as fases “básico” e “em desenvolvimento” são consideradas estágios iniciais.

O relatório ainda aponta que 64% se autodeclaram nas fases mais avançadas. Apesar disso, pouco mais de 2% se encontram nesse patamar.

“Essa discrepância de visões – entre a autodeclaração e a avaliação externa – pode indicar que algumas empresas supervalorizam suas práticas internas, e que muitas acreditam que estão implementando medidas de governança efetivas quando na realidade estão apenas trabalhando nas demandas mais óbvias e aparentes”,  afirma Fabíola dos Santos, head de Jurídico e Compliance do Accountfy. “Para atingir um nível de maturidade significativo, a empresa deve compreender o conceito da governança corporativa e aplicá-la como um todo. Somente assinar um termo de responsabilidade ESG não torna uma empresa sustentável, por exemplo. É necessário engajamento e compromisso, principalmente da alta administração, para se criar uma agenda com ações efetivas e que sejam objeto de revisão contínua”.

Na avaliação por competências, “divulgação e transparência” é um dos quesitos menos evoluídos, com mais de 60% das empresas no nível básico. Nesse sentido, segundo a Better Governance, o dado mostra que ainda há práticas de gestão de informação, assim como suas ferramentas, a serem aprimoradas pelas startups.

“Quando falamos de demonstrações de resultados e prestação de contas pelos administradores, a conformidade dos dados é essencial para que as startups reforcem seu compromisso com a transparência e tenham mais chances de receber investimentos. Sem uma ferramenta que padronize e auxilie na elaboração e divulgação desses resultados, a chance de haver inconsistências aumenta, e para empresas que estão em fases de busca de capital, é crucial não correr esse risco”, diz Fabíola.

No âmbito ESG e cultura, mais de 40% se encontram nas fases iniciais. Apesar da  maior parte do desenvolvimento estar atrelada à formalização de atos societários, estatutos e contratos sociais, a implantação dessas práticas ainda não apresenta resultados satisfatórios, revela o relatório.

De acordo com a Better Governance, os resultados salientam a falta de conscientização em relação à necessidade de aprofundamento, entendimento e implementação de boas práticas de governança por parte dessas empresas. Entretanto, a consultoria afirma que esse cenário cria oportunidades para construção de planos de ação adequados para cada fase de maturidade.

Como avaliar a governança corporativa 

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) desenvolveu uma ferramenta gratuita para autoavaliação das práticas de governança de startups em parceria com um grupo de trabalho da Comissão de Startups & Scale-ups do instituto.

O sistema de avaliação funciona com o preenchimento de um formulário online, composto por 38 práticas de governança corporativa, que analisa a avalia a adesão das startups e scale-ups, considerando, inclusive, o estágio de evolução e o momento de cada empresa em particular. 

Completando o preenchimento, a startup recebe um relatório automático com a pontuação de cada pilar (Estratégia & Sociedade, Pessoas & Recursos, Tecnologia & Propriedade Intelectual, Processos & Accountability), destacando pontos de melhoria.

Segundo o IBGC, “o objetivo é estimular as startups e scale-ups – inclusive aquelas não formalmente constituídas, ainda na fase de ideação do projeto – a refletirem sobre o seu contexto e a sua jornada de governança corporativa, em direção à adoção das melhores práticas. A plataforma é destinada a membros ou representantes dessas empresas, empreendedores e fundadores, executivos, investidores, conselheiros ou consultores de organizações escaláveis, de alto potencial econômico e inovadoras”. 

O Instituto acrescenta que as informações preenchidas no sistema são utilizadas para pesquisas e publicações, mantendo o sigilo do nome da empresa e seus respondentes.

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O papel da governança financeira em fusões e aquisições

 A KPMG, em pesquisa realizada no terceiro trimestre de 2021, afirma que o Brasil atingiu o recorde de fusões e aquisições. O saldo de 1.361 operações representa o maior número da série histórica, que conta com 25 anos de registros.

As transações de fusões e aquisições, também conhecidas como Mergers & Acquisitions (M&A) em inglês, são parte das estratégias de crescimento, consolidação e participação das empresas no mercado. Organizações que se unem, concentram conhecimento, experiência e poder frente aos concorrentes.

Para isso, as companhias precisam ter práticas de governança financeira que garantam transparência e segurança nas operações. Iniciada a transação, as empresas em processo de fusão definem juntas o modelo de governança que utilizarão, enquanto na aquisição essa decisão fica a cargo da compradora.

Continue a leitura e conheça os aspectos que tornam a governança financeira um elemento relevante nas operações de fusões e aquisições.

Aspectos dos reportes financeiros em fusões e aquisições

Em processos de fusões e aquisições, os reportes financeiros fornecem insights sobre a situação das contas da companhia que será fundida ou adquirida. 

O International Accounting Standard Board (IASB) explica que o objetivo dos reportes é “disponibilizar informações financeiras sobre a empresa, que sejam úteis para investidores, credores e potenciais na tomada de decisões relacionadas ao fornecimento de recursos para a organização”.

As operações de M&A demandam análises financeiras criteriosas para que os envolvidos avaliem os riscos e as vantagens da transação. O diagnóstico realizado pelos relatórios traz mais clareza sobre os dados das organizações e eleva a credibilidade das companhias, sendo um instrumento de governança em fusões e aquisições.

A seguir, confira como por que as demonstrações contábeis e os reportes financeiros são importantes em operações de M&A:

DRE e outras demonstrações contábeis

Através da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), os tomadores de decisão em um M&A têm uma visão geral da situação financeira da empresa. Já o Balanço Patrimonial, ajuda na avaliação do comportamento financeiro da companhia e a entender o percurso feito pelos recursos da organização no período.

A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) mostra como o lucro líquido foi distribuído; a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) revela o grau de liquidez das operações; e a Demonstração de Valor Adicionado (DVA) exibe o valor gerado pela empresa no período e distribuição deste entre os agentes responsáveis, como colaboradores e acionistas.

As companhias que não prezam pela qualidade dessas informações em suas demonstrações contábeis podem ter sérios problemas, como a perda de confiabilidade, a diminuição do valor de mercado e até o cancelamento de uma operação de M&A.

Para saber como tirar melhor proveito das análises das demonstrações financeiras, baixe nosso guia gratuito. 

EBITDA

O “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization” (em português, “Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização”) apura lucros e juros gerados por operações financeiras da companhia.

Através do EBITDA os gestores compreendem a capacidade de geração de dinheiro da organização com seu negócio central ao apurar entradas e saídas financeiras provenientes de créditos e de débitos.

A E&Y afirma que em transações relativamente menores, de empresas que se encaixam no negócio principal do adquirente, os níveis de EBITDA recorrente ou ajustado devem ser considerados como prioridade de diligência. É o caso da aquisição da Pixar pela Disney

Essa métrica sinaliza se a organização está supervalorizada ou desvalorizada, por isso é considerada uma ferramenta relevante no processo de aquisição. O EBITDA ajustado mostra a realidade da empresa com mais clareza e diz se a transação exigirá ou não mais investimentos do que o esperado pelos compradores.  

Clique aqui para saber mais sobre como utilizar os indicadores oriundos da DRE e do EBITDA. 

Avaliação de riscos de corrupção

A avaliação de riscos de corrupção traz mais transparência e credibilidade para as operações de M&A. A Lei nº 12.846, conhecida como Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa, se refere à prática de atos lesivos à administração pública e foi criada para embasar essa análise. 

Uma empresa em processo de fusão e aquisição pode ser responsabilizada por atos de corrupção que a outra companhia tenha cometido. Segundo a legislação, “a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido”.

Organizações que incorporam a avaliação de riscos de corrupção na fase de pré-aquisição conseguem precificar melhor a empresa em análise.

A PwC explica que um programa anticorrupção eficaz permite que as empresas reduzam o impacto dos riscos e mantenham o foco em inovação e competitividade. Os gestores precisam entender como a empresa está em questão de confiança e transparência de suas operações.

Qual é o papel da tecnologia em processos de fusões e aquisições?

A tecnologia contribui com o detalhamento dos dados e com a due diligence em operações de M&A, além de trazer agilidade para os processos.

Os recursos tecnológicos promovem a integração entre as equipes da organização, facilitando a atualização de relatórios. Com documentos precisos e em dia, os tomadores de decisão têm as informações necessárias para insights e deliberações.

O uso de plataformas tecnológicas, como o Accountfy, contribui com a padronização dos processos e centralização dos dados, o que facilita a rotina da área financeira e traz mais transparência aos investidores.

A Harvard Business Review afirma que “a tecnologia pode ter um impacto significativo no sucesso de fusões e aquisições, desde permitir um processo de negociação acelerado e mais bem informado até uma melhor integração pós-fusão”.

O controller financeiro e os processos de M&A

A atuação do controller em uma organização envolve desde questões contábeis a estratégias financeiras. Esses profissionais têm uma visão tática do negócio e focam na precisão das informações e integridade dos dados

Alysson Pedra, controller do Accountfy, explica que “a posição de um controller exige que se tenha o conhecimento técnico para a análise das informações financeiras e contábeis da companhia”.

O controller financeiro atua como um parceiro de negócio nas operações de M&A. Ele faz avaliações rigorosas das contas, analisa os riscos e oportunidades, cria projeções, gerencia a due dilligence, avalia os impactos tributários, estuda as possibilidades de investimento e ainda contribui com as integrações pós-fusão.

Nos processos de fusões e aquisições, o controller se fundamenta no valor da companhia baseado em ativos e caixa (valuation, em inglês) para fazer as recomendações de compra ou venda.  

Saiba mais sobre o atual papel do controller em nosso e-book gratuito. 

Considerações

A governança financeira equivale a um conjunto de boas práticas que permite uma avaliação mais transparente e confiável das empresas em processo de fusão e aquisição.

Seja por relatórios ou normas, o mais relevante é que os tomadores de decisão tenham dados suficientes e uma tecnologia eficiente para analisar a operação de forma profissional e convicta.

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Como escolher um serviço de auditoria financeira

Segundo a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o mercado de fusões e aquisições cresceu 28%, entre 2018 e 2019, o que repercute diretamente na procura por serviços de auditoria financeira, tendo em vista a necessidade por processos mais transparentes.

A Lei 11.638/07 afirma que empresas com ativos superiores a R$240 milhões ou receita bruta anual superior a R$300 milhões são obrigadas a contratar os serviços de auditoria externa.

Para tornar este processo de escolha mais transparente, surgiram, dentro das empresas, os comitês de auditoria. Segundo o Guia para Comitês de Auditoria, sua função é supervisionar as ações da empresa contratada.

Neste post, vamos detalhar aspectos importantes para a escolha de uma auditoria financeira, os principais critérios na seleção desses parceiros, conhecer a influência dos gestores, além de abordar os benefícios que a auditoria traz à organização.

Qual é o perfil da auditoria financeira moderna

Os avanços tecnológicos e a transformação digital que estamos vivendo também impactam a rotina profissional do auditor e das empresas de auditoria.  

Jon Raphael, Diretor de Inovação da Deloitte, afirma, em entrevista à Strategic Finance, que os profissionais de uma auditoria devem possuir amplo conhecimento sobre tecnologia, habilidades analíticas aprimoradas e uma compreensão mais profunda dos riscos de um negócio.

A importância da tecnologia, também, é citada em relatório da EY. O estudo aponta que esses profissionais estão sendo treinados para usar, cada vez mais, a análise de dados para identificar padrões de transações que indiquem fraude material, por exemplo.

De acordo com o Occupational Outlook Handbook, do Bureau of Labor Statistics, até 2030, o número de contadores e auditores empregados, nos Estados Unidos, deve crescer 11%, quase tão rápido que a média de todas as ocupações

Michele Parmelee, Vice-CEO da Deloitte Global, em entrevista à Revista Forbes, diz: “Pense em todos os stakeholders com os quais os auditores têm que lidar. Eles devem ser capazes de ouvir e explicar e construir um relacionamento em todos os níveis da organização.”

A Forbes, baseada em uma série de estudos, lista as cinco principais habilidades de um auditor de sucesso:

  1. Forte capacidade de comunicação
  2. Inteligência emocional
  3. Pensamento crítico e visão de negócios
  4. Perfil questionador e investigativo
  5. Habilidades interpessoais

O papel dos gestores na seleção de uma auditoria financeira

Segundo artigo publicado, na Strategic Finance, e baseado nas pesquisas das autoras Melissa Carlisle, Candice Hux e Aleksandra Zimmerman, a administração pode ter um papel formal ou informal na seleção do auditor e da empresa contratada. 

Segundo a publicação, há algumas características dos parceiros de auditoria que os gestores acreditam ser mais importantes, no processo de seleção, e que podem ajudar empresas a tomar a mesma decisão: 

  • Amplo conhecimento técnico
  • Entendimento sobre o negócio do cliente
  • Experiência e boas referências
  • Disponibilidade e respostas rápidas
  • Capacidade de se relacionar com o time
  • Integridade profissional e ética nas relações
  • Proatividade e objetividade nas suas ações

A matéria, também, cita a experiência dos gestores e o profundo conhecimento deles nas metas e operações financeiras da empresa, diante de riscos e estratégias, como um facilitador na hora de se certificar da qualidade da auditoria.

Principais critérios para escolher uma auditoria financeira

A escolha de um parceiro de auditoria financeira pode envolver diversos critérios, que vão desde o conhecimento técnico e atualização profissional, passando pela postura ética até chegar na relação custo-benefício. Além disso, a definição também deve ocorrer no momento certo para a empresa.

Uma forma de comprovar a capacidade operacional de uma auditoria financeira é através das informações disponíveis no site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Os auditores, para terem um registro na CVM, devem comprovar capacidade profissional para atuar na área.

Aqui, no Brasil, a emissão de normas de auditoria financeira é de responsabilidade do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). A entidade traduziu as Normas Internacionais de Auditoria sob o nome de Normas Brasileiras de Auditoria Independente de Informação Contábil-Histórica (NBC-TA)

No exterior, as Normas Internacionais de Auditoria emitidas pelo International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) são consideradas como referência para o processo de auditoria.

A AICPA (Associação Internacional de Contadores Certificados) criou um guia para auxiliar na avaliação de uma auditoria financeira, destacando os principais requisitos:

  • Experiência e desenvolvimento profissional
  • Políticas de qualidade em todos os seus processos
  • Independência e autonomia na prestação do serviço
  • Licenciamento para atuar com auditoria financeira
  • Postura dinâmica e cultura tecnológica

Benefícios da auditoria financeira para a empresa

Nos últimos anos, as organizações vêm buscando uma experiência de auditoria que seja capaz de refletir uma nova dinâmica de gestão: mais ágil, objetiva e tecnológica.

Richard Summerfield, editor da Financier Worldwide, afirma: uma auditoria financeira eficiente não deve apenas relatar as não conformidades e ações corretivas, mas também destacar pontos positivos e boas práticas.

Uma boa auditoria financeira, também, pode auxiliar empresas na avaliação de riscos. Foi o que constatou a pesquisa da Deloitte, que ouviu 351 executivos, de nove países, sobre a importância de avaliar os riscos em cenários econômicos adversos.

Segundo essa pesquisa, para 90% dos entrevistados, as empresas podem se beneficiar com a parceria de um auditor para avaliar os riscos e entender os impactos financeiros a longo prazo.

Os autores Stephen H. Fuller, Jennifer R. Joe e Benjamin L. Luippold afirmam, em artigo, que, quando o relatório do auditor é mais informativo sobre uma estimativa complexa e o comitê de auditoria é mais eficiente, as divulgações financeiras relacionadas à administração são mais transparentes.

A PwC elaborou um estudo que cita os principais benefícios de uma auditoria financeira para as empresas e seus stakeholders:

  • Possibilita maior transparência e informações claras aos acionistas
  • Aponta inconsistências nas declarações financeiras
  • Identifica falhas na administração e nos controles internos
  • Entrega insights sobre as áreas onde a administração pode melhorar

Agora você já sabe quais os aspectos mais importantes considerar ao escolher um serviço de auditoria financeira para sua empresa. Continue acompanhando nossos conteúdos para se manter atualizado e conte com o Accountfy para otimizar a análise e organizações dos seus dados financeiro!  

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Quando considerar a auditoria financeira para minha empresa?

Uma das fraudes financeiras mais conhecidas do mundo, o caso Enron, envolveu declarações contábeis indevidas. O escândalo da empresa norte-americana acelerou a aprovação da Lei Sarbanes-Oxley, norma internacional para análise contábil, e tornou as regras para auditoria financeira ainda mais rígidas.

Após o colapso da Enron, CFOs e demais líderes se mantiveram ainda mais atentos ao detalhamento das declarações financeiras para que os stakeholders compreendam a legitimidade dos gastos, lucros e cumprimento de leis fiscais.

A auditoria financeira é uma das vias para atestar a veracidade e precisão das informações em demonstrações contábeis e relatórios financeiros da empresa. 

Marie-Laure Delarue, vice-presidente da Ernst & Young (EY), explica que “auditorias de alta qualidade melhoram a confiança das partes interessadas nas empresas, o que por consequência impulsiona o investimento e o crescimento econômico, gerando valor em longo prazo para a sociedade em geral”.

Continue a leitura e compreenda mais detalhes sobre a auditoria financeira, seus impactos e quando considerar a contratação desse serviço.

Como funcionam as auditorias?

A auditoria representa uma prática do mercado que verifica se os processos, os sistemas de controles internos e dados disponibilizados pela empresa condizem com a realidade.  

No contexto financeiro, segundo a legislação brasileira (lei 11.638/07),  empresas com ativos superior a R$240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) são obrigadas a contratarem os serviços de auditoria externa.

As Pequenas e Médias Empresas, que optam pela contratação de uma auditoria, ainda que não seja uma conduta obrigatória, transmitem credibilidade aos stakeholders, elevando o grau de confiança em relação a suas práticas financeiras.

O serviço de auditoria pode ser interno, quando conduzido por profissionais da própria instituição, ou externo, realizado por empresas especializadas e independentes. 

Não existe um método único a ser seguido pelas auditorias. Mas a PwC, uma das maiores empresas mundiais, lista alguns passos da sua metodologia:

  1. Ao ser decidida a empresa, os auditores iniciam seu trabalho obtendo uma compreensão das atividades da organização, considerando as questões econômicas e industriais que podem ter afetado o negócio durante o período de relatórios.
  2. Para cada atividade listada no relatório financeiro, os auditores identificam e avaliam quaisquer riscos que possam ter um impacto significativo no desempenho financeiro, e as medidas que a organização colocou em prática para reduzir os riscos.
  3. Com base nos riscos e controles identificados, os auditores consideram o que a administração fez para garantir que o relatório financeiro seja preciso.
  4. Os auditores, então, julgam se o material apresenta uma visão fidedigna dos resultados e se a organização está em conformidade com as normas.
  5. Finalmente, os auditores preparam um relatório que estabelece seu parecer para os acionistas ou membros da organização.

Quais são as diferenças entre auditoria financeira e contábil?

Segundo a  “NBC TA – de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica”, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), cabe ao profissional analisar documentos contábeis como balanço, fluxo de caixa e DRE, com o intuito de acompanhar a situação econômica, patrimonial e financeira. 

Enquanto isso, o mercado ajustou-se para uma abordagem mais ampla encontrada na auditoria financeira, com acesso ao fluxo de caixa, compreendendo como estão sendo aplicados os recursos, identificando cada pagamento e o cumprimento das leis fiscais. 

Empresas ao redor do mundo realizam uma auditoria financeira que avalia a legitimidade dos usos dos recursos, a adequação às questões tributárias e regulatórias, muitas vezes elevando as companhias aos padrões mundiais de gestão financeira exigidos principalmente por grandes investidores.

Será que é hora de contratar uma auditoria financeira externa?

A necessidade de contratação de uma auditoria financeira está relacionada diretamente ao quão confiante uma empresa está em relação às suas obrigações, à veracidade das informações, agilidade e padronização dos relatórios financeiros.

Isso significa que as demonstrações devem ser minuciosamente preparadas conforme os requisitos legais e as normas que manterão a qualidade, legitimidade, constância e segurança dos relatórios financeiros. 

Caso a companhia já tenha esse tipo de cultura de relatórios financeiros e confiança em suas informações,  deve estudar a necessidade de uma auditoria. Ela pode ser contratada para se proteger de possíveis fraudes, elevando suas práticas de governança corporativa e segurança financeira.

Além disso, a auditoria financeira contribui com os processos de fusão e aquisição, aumentando a confiabilidade e transparência dos dados. No caso de IPOs, empresas precisam ter suas demonstrações financeiras auditadas por empresas especializadas.

Como a tecnologia pode contribuir para a auditoria?

Plataformas financeiras conseguem promover cruzamentos e verificar incoerências de dados, mesmo em diferentes anos-fiscais. A tecnologia automatiza e melhora a apresentação dos resultados.

A EY afirma que os auditores estão sendo treinados para usar cada vez mais a análise de dados para identificar padrões de transações que podem indicar uma fraude material.

Dessa maneira, líderes financeiros com acesso antecipado à tecnologia têm a chance de simular as investigações e descobrir possíveis falhas, verificando a veracidade das informações e se preparando para uma auditoria bem-sucedida.

Considerações 

A aceleração digital promove mais transparência e eleva os padrões de qualidade das instituições. Em um ambiente que exige constantes adequações, empresas que prezam pela conformidade dos seus processos, atingem melhores resultados e tornam-se mais atrativas. Isso reforça a ideia de que a auditoria é um dos diferenciais capazes de aumentar a competitividade das empresas no mercado, independentemente do seu porte.

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SPACs: um caminho diferente para o mercado de capitais

Special Purpose Acquisition Companies (SPACs) é uma sigla que significa Companhias com Propósito Específico de Aquisição em português. O termo define uma prática do mercado de capitais para investir em empresas visando torná-las uma sociedade aberta. O instrumento é uma alternativa ao IPO para uma maneira mais rápida de crescimento.  

A Harvard Business Review afirma que 247 negócios se tornaram sociedades de capital aberto nos Estados Unidos como SPACs em 2020. Já no primeiro trimestre de 2021, foram 295. Os números comprovam que essa modalidade representa mais de 50% das novas empresas americanas de capital aberto.

A tendência das SPACs e sua alta movimentação financeira atraem a atenção do mundo, inclusive do Brasil. Conheça mais detalhes sobre as companhias com propósito específico de aquisição e como os mecanismos brasileiros de regulação do mercado de capitais estão se manifestando.

Como surgiram as SPACs?

As SPACs surgiram nos Estados Unidos na década de 1980. Elas eram conhecidas como “empresas de cheques em branco” e no passado foram associadas a operações malsucedidas e até mesmo fraudulentas.

A comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, a Securities and Exchange Commission (SEC), reformulou e endureceu as regulamentações nas últimas duas décadas, oferecendo mais proteção ao investidor.

As SPACs voltaram a chamar atenção  a partir de 2015, devido às regras mais rígidas e à flexibilidade aos riscos de alguns perfis de investidores.

Mas como elas funcionam?

Empreendedores, grandes investidores e até mesmo pessoas famosas abrem uma SPAC e a levam ao mercado acionário por um IPO regular. Esse processo deixa claro que seu propósito é fundir-se com outra empresa, elevando o status da incorporada à capital aberto.

O IPO costuma ter sua abertura de capital aprovada, visto que não há histórico para auditar. Neste contexto, outros investidores com alto apetite ao risco também podem comprar ações esperando a valorização do negócio.

Após o IPO, a SPAC passa a buscar empresas que queiram abrir o capital e possam ter uma promessa de crescimento rápido. Um sponsor, ou patrocinador em português, com expertise em determinado setor é o responsável pela prospecção de empresas.

O prazo nos Estados Unidos é de dois anos para encontrar as empresas e utilizar os recursos captados, mediante aprovação dos acionistas. Do contrário, o valor é devolvido aos investidores.

A regulamentação atual americana prevê que o dinheiro dos investidores esteja em uma conta durante o período de prospecção de oportunidades. Isso traz segurança e desmistifica a expressão “empresas de cheque em branco”.

Quais são as vantagens das SPACs?

As SPACs concedem o status de companhias de capital aberto na bolsa de valores às empresas que as adquirem, de uma forma menos onerosa, burocrática e mais ágil do que um IPO. 

A reportagem da Harvard Business Review explica que “todo o processo da SPAC pode levar de três a cinco meses, com a avaliação definida no primeiro mês, enquanto os IPOs tradicionais costumam levar de nove a 12 meses, com pouca certeza sobre a avaliação e o montante de capital levantado até o fim do processo”.

Ainda segundo a matéria, um IPO convencional deve manter a subscrição de ações, determinando um preço mais atraente inicialmente para manter os sócios em posições vantajosas. A SPAC propicia ativos mais lucrativos desde o início, o que gera uma maior arrecadação na primeira fase.

Desta maneira, empresas com alto potencial de crescimento podem encontrar em uma SPAC uma modalidade de investimento rápida, acompanhada de boas práticas em governança corporativa adotadas em tempo recorde.

A consultoria Deloitte afirma que em um IPO tradicional os preços são impactados pela volatilidade do mercado e pelo comportamento dos investidores, enquanto as SPACs fornecem mais certezas, já que as negociações ocorrem antes do fechamento da transação. 

Quais são os desafios das SPACs?

A consultoria Ernst & Young destaca os desafios que os gestores das empresas alvos estão expostos. Entre eles estão:

  • Diluição do poder de decisão dos diretores/fundadores;
  • A empresa deve estar pronta para atender exigências dos novos stakeholders;
  • Implantação de todos os requisitos formais de uma empresa pública, como conselhos, declarações contábeis, práticas de ESG e outros.

Comumente, as SPACs são associadas a uma celebridade, seja ela do mercado de capitais ou não. A SEC adverte que não é um famoso que assegura a viabilidade de um negócio, portanto líderes corporativos devem estar atentos à idoneidade do modelo de investimento.

Outro alerta está na manutenção dos valores dos ativos após o IPO. Os investidores estão autorizados a saírem do negócio seja pela desvalorização das ações ou outros motivos. Essa particularidade gera margem para questionamentos sobre uma possível bolha no ecossistema de ofertas voltadas às SPACs ao longo do tempo.

O crescimento das SPACs nos Estados Unidos

A fornecedora de dados SPAC Analytics aponta que no momento (outubro de 2021) existem 527 SPACs em busca de aquisição nos Estados Unidos, o equivalente a US$145,6 milhões. Isso mostra o ritmo de crescimento acelerado da modalidade.

O mercado americano atinge principalmente startups e fintechs, recolocando empresas iniciantes no mais alto estágio de governança corporativa e financeira. 

Por exemplo, a A Infinite Acquisition Corp., uma empresa com propósito específico de aquisição, tem entre os seus investidores Kevin Durant, uma estrela do basquete do Brooklyn Nets, além da consultoria do Credit Suisse Group AG. Essa SPAC busca US$200 milhões de recursos e perseguirá alvos que operam plataformas tecnológicas.

A expectativa é que a experiência bem-sucedida dos EUA possa ser replicada em outros países. James Palmer, chefe de mercados de capitais de ações para a Europa no Bank of America, em entrevista ao Financial Times, afirma que “banqueiros e investidores estão agora de olho em quando o fenômeno SPAC migrará para além das fronteiras americanas”.

As SPACs na América Latina e Brasil

A revista Latin American Business Stories (Labs) afirma que Alpha Capital, Valor Latitude, SoftBank e DILA Capital buscam a primeira startup latino-americana que se fundirá com uma SPAC. Na reportagem, o setor de tecnologia é apontado como a principal possibilidade. 

A brasileira XP Investimentos captou US$200 milhões em sua primeira SPAC lançada na bolsa de valores americana, a NASDAQ. O destino dos recursos está previsto para os setores de saúde, financeiros, consumo e varejo, tecnologia e educação.

Thiago Maffra, CEO da companhia, reforça que eles estão “confiantes que esta será apenas a primeira de uma série de SPACs da XP. Este é o início da jornada para nos posicionar como o maior e melhor sponsor da América Latina”. 

Como está a regulação das SPACs no mercado de capitais brasileiro?

Os órgãos reguladores movimentam a discussão sobre SPACs no mercado brasileiro. Flávia Mouta, diretora de emissores da B3, a bolsa de valores no país, afirma que é saudável trazer mais uma opção de investimento e interagimos com escritórios que assessoram essas operações nos Estados Unidos para entender a dinâmica em detalhes”.

Segundo ela, “não existe uma vedação aos SPACs na legislação brasileira, mas isso não significa que não possamos estudar e melhorar nosso arcabouço para viabilizá-las no nosso mercado. As regras do jogo têm de ficar claras aos investidores”.

Em agosto de 2021, a consultoria Alvarez & Marsal apresentou o primeiro pedido de listagem de uma SPAC na bolsa brasileira. Uma vez que não há clareza legal, a empresa fez uma oferta via instrução 476, que tem dispensa de registro na CVM, sendo direcionada a investidores profissionais que possuam mais de dez milhões de reais em investimentos financeiros.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em seu edital publicado em julho de 2021, sobre “Regulamentação das ofertas públicas de distribuição de valores mobiliários”, citou as SPACs, reconhecendo sua popularidade no mercado norte-americano e afirmando que elas não são vedadas pela regulamentação brasileira.

No documento, afirma o desejo “colher opiniões sobre a possibilidade de que tais ações fossem destinadas inicialmente a investidores qualificados, ou seja, aqueles com capital investido acima de 1 milhão de reais ou com certificação na área, podendo alcançar os investidores de varejo após o período de 18 meses”.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA), motivada pela CVM e em resposta ao edital, criou um grupo de trabalho dedicado a estudar as adaptações necessárias para adoção das SPACs no mercado de ações do Brasil. 

Considerações 

As SPACs multiplicaram-se nos Estados Unidos após 2020 e, com tamanha repercussão, analistas e profissionais do mercado financeiro se questionam se uma grande bolha está por vir.

Enquanto isso no Brasil, os órgãos reguladores ainda planejam um caminho para a estrutura legal das companhias com propósito específico de aquisição. Tal contexto não impede que empresas nacionais passem a ser alvos das SPACs estrangeiras.

A vocação das startups brasileiras pode facilitar a entrada dos investimentos internacionais com a contrapartida de abertura de capital em bolsas americanas. 

Nesse sentido, empresas que vislumbram a captação de recursos das SPACs devem organizar as rotinas internas com o máximo de detalhes na governança e gestão financeira, adaptando os seus processos, controles e práticas de transparência exigidas às empresas de capital aberto.

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6 formas de captação de recursos para empresas em diferentes estágios

Apesar do IPO ser um dos temas mais quentes em empresas de todos os portes, nem todas pensam ou estão preparadas para esse passo. Mesmo assim, há diversas formas de captação de recursos que podem se encaixar em diferentes estágios do desenvolvimento de um negócio.

Para discutir esse tema, Goldwasser Neto, cofundador e CEO do Accountfy, plataforma SaaS para gestão de performance corporativa, nos ajudou a listar e detalhar alguns modelos de captação recursos.

Alguns deles foram utilizados pelo próprio Accountfy para se tornar e empresa reconhecida que é hoje, com mais de 500 grupos econômicos como clientes e atividades na América Latina e Estados Unidos. 

Incubadoras 

No início da jornada de grande parte das startups brasileiras – que hoje já somam mais de 13 mil empresas – parques tecnológicos, incubadoras e hubs de inovação podem oferecer o suporte inicial para o desenvolvimento dessas ideias. 

As incubadoras, que podem ser de iniciativa pública ou privada, acolhem startups em fase de ideação ou MVP (mínimo produto viável), momento em que as empresas estão testando suas soluções. O objetivo ali é acrescentar valor à empresa por meio de materiais, redes de relacionamentos e treinamento para empreendedores e equipes.

Aceleradoras

Espaço para startups que já testaram seus MVPs e estão prestes a se tornar rentáveis e ganhar mercado. Os programas de aceleração duram um período pré-determinado e participam startups que tenham sinergia com o que é proposto pela aceleradora. É comum, mas não regra, que aceleradoras realizem aportes financeiros nas startups aceleradas durante o programa em troca de participação societária na empresa.

Investimento-anjo

Este é o investimento mais inicial de todos. É para onde recorrem grande parte das startups ainda em seu começo. O investimento-anjo é realizado por uma ou mais pessoas físicas de capital próprio, os chamados investidores-anjo. Embora não tenham uma posição executiva na empresa, eles comumente são empresários ou executivos que, junto com o capital, também agregam valor à empresa por meio de suas redes de relacionamento, experiência e mentorias. Os aportes por investidores-anjo costumam variar entre R$200 mil e R$1.5 milhão.

Capital semente (seed money)

Considerado o segundo nível de investimento, após o investimento-anjo, os valores aportados nesta categoria variam de R$500 mil a R$2 milhões. Ainda voltado para empresas em estágio inicial, o objetivo do seed money é acelerar o crescimento de empresas de alto impacto, especialmente aquelas em fase de implementação de processos. 

Venture capital

Voltado para empresas de pequeno e médio portes, o venture capital é uma modalidade de investimento usualmente voltada para aquelas em processo de expansão. Assim, o valor captado é utilizado para assegurar o crescimento exponencial do negócio.

Como em outros modelos, os fundos de investimento que realizam o aporte de capital detém uma participação societária na empresa. Os meios mais comuns para se chegar a um investimento de venture capital são por meio de fundos regulamentados pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM), como Fundos de Investimento em Participações (FIP) ou Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes (FMIEE).

O valor de investimento nesta fase pode variar de acordo com o valor de mercado da empresa. Segundo o CrunchBase, já foram investidos mais de R$ 7,7 bilhões em venture capital no Brasil, em 2021.

Os investimentos Série A se referem à primeira vez em que uma empresa recorre a fundos de venture capital para levantar fundos. Geralmente, a primeira rodada é realizada para ajustar e otimizar processos e produtos ou serviços da empresa investida.

A segunda rodada, chamada de Série B, costuma ter o objetivo de fazer com que a empresa investida cresça e atinja novos mercados, por exemplo. Já a rodada Série C costuma ser realizada com empresas já bem consolidadas em seus mercados e com bom desempenho em mercados estrangeiros. 

Private Equity

Assim como o VC, os investimentos realizados por fundos de private equity são regulamentados pela CVM, como o FIP. Este modelo, ao contrário do que é o mercado de ações, é realizado para empresas que não tem capital aberto, tornando-se a forma com que investidores adquirem participação no capital social do negócio investido. 

É uma modalidade voltada para empresas mais robustas, que tenham uma margem de lucro e estabilidade no mercado. Um dos principais objetivos do private equity é consolidar a empresa investida, para que futuramente ela possa abrir ações na bolsa de valores e se tornar uma empresa de capital aberto.

Governança financeira e captação de recursos

A governança financeira é o conjunto de boas práticas que legitimam a transparência nos processos financeiros e contábeis de uma corporação. Para empresas que buscam formas de captação de recursos e que cuidam da sua reputação perante os investidores a governança financeira é indispensável.

Em um modelo macro de governança, as finanças corporativas são onde as expectativas dos investidores estão ancoradas. Desta maneira, é necessário ter em plano um projeto de transparência e acesso às informações sobre a gestão financeira e a capacidade organizacional das contas. 

Relatórios validados por auditorias independentes trazem ainda mais legitimidade e fortalecem a confiança entre ambas as partes: companhia e investidores. Na captação de recursos por meio de investimentos, todos os detalhes importam e ajudam a atrair essas diferentes fontes, demonstrando não só uma saúde financeira, mas um comprometimento com o crescimento dos números e a legalidade em suas operações.

 

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