Eventos recentes, como a pandemia da covid-19, mostraram como nossa rotina ainda pode ser imprevisível, o que faz com que a gestão de riscos precise estar cada vez mais alerta às movimentações locais e globais, tensões econômicas, crises sanitárias e outros fatores.
Segundo a Global Association of Risk Professionals (GARP), no artigo Risk Management Predictions for 2022: Seeking Alternatives in Times of Uncertainty, mudanças regulatórias, interrupções na cadeia de suprimentos e risco de crédito estarão entre as ameaças que definirão o plano de ação na gestão de riscos para 2022.
A consultoria Gartner estima em seu relatório The Top 8 Cybersecurity Predictions for 2021-2022 que até 2025, 70% dos CEOs exigirão uma cultura de resiliência organizacional para sobreviver a ameaças de ataques e falhas cibernéticas, eventos climáticos severos, distúrbios civis e instabilidades políticas.
E para manter-se preparadas nesse panorama volátil, as empresas precisaram se adaptar por meio da digitalização e novas tecnologias. Com a necessidade de se obter previsões com maior precisão e ter possíveis eventos desfavoráveis no radar, plataformas de automatização mostraram-se grandes aliadas. Veja como nos próximos parágrafos.
A automatização como aliada na gestão de riscos
A matéria The Future Of Risk Management Is Automated, publicada pela Forbes, afirma que a automatização na gestão de riscos deixou de ser uma premissa e tornou-se essencial para a detecção, confirmação e previsão de riscos.
Através de tecnologias inteligentes capazes de coletar dados, monitorar variações e calcular cenários, a automatização permite uma visualização dinâmica e completa de potenciais riscos, tanto internos quanto externos, e seus impactos na organização.
Mas, além de ter em mãos essas informações, é necessário trabalhá-las. Nesse sentido, a tecnologia na gestão de riscos tem o objetivo de otimizar processos, automatizando não apenas atividades táticas, mas também aprimorando as previsões.
Para o gestor de riscos, as informações extraídas pelas inteligências automatizadas podem auxiliar na hora de localizar pontos de alerta e avaliar precocemente os indícios de riscos e reduzi-los, ou até mesmo evitá-los.
A Financial Management Magazine cita, em seu artigo 5 benefits of an integrated risk management programme, o seguinte exemplo:
“Uma empresa de manufatura que define cronogramas de entrega percebeu que nem todos os atrasos no tráfego rodoviário podem ser driblados, então desenvolveu rotas e protocolos alternativos para alertar os clientes sobre possíveis atrasos.”
As vantagens para a área financeira
De acordo com a Dun & Bradstreet (D&B), companhia americana que fornece dados comerciais, análises e insights para empresas, em seu artigo Automation in Risk Management for Finance Organizations, a automatização da gestão de riscos pode ajudar CFOs e líderes financeiros a aumentar a eficiência dos processos.
A automatização da gestão de riscos auxilia a área financeira a identificar falhas no planejamento orçamentário, se posicionarem com antecedência, reservarem recursos de emergência e organizarem comitês de mitigação. Além disso, também envolve a avaliação e o gerenciamento de riscos financeiros, que estão diretamente ligados ao desempenho da receita da empresa, podendo ser estimados seus lucros e prejuízos.
Na matéria How automation and analytics enable new ways of measuring and mitigating risk, feita pela PWC, a análise avançada das plataformas de gestão de riscos é capaz de aprender a prever negócios de alto risco, detectando suspeitas nos processos financeiros, como pagamentos duplicados e fraudes.
Ainda, investir em novas tecnologias no gerenciamento dos riscos demonstra uma abordagem inovadora. Compliance, monitoramento de KPIs financeiros e ESG entram na esfera de proteção com a automatização, cada vez mais importantes para garantir a entrada de novos investidores e clientes.
A TechTarget, empresa americana de serviços de dados para fornecedores de tecnologia B2B, mostra que a automatização oferece benefícios ao gerenciamento de riscos. Alguns deles são:
- Eliminação de tarefas manuais e risco humano: uma plataforma de automatização pode oferecer maior segurança ao eliminar o risco humano relacionado a atividades de alimentação de dados ao coletar, organizar, categorizar e carregar todas as informações, de forma automática e precisa, além de identificar desvios.
Além disso, ao deixar as atividades recorrentes atribuídas à plataforma, o tempo e esforço que seriam usados para fazer esse trabalho são direcionados às estratégias de prevenção e análise dos riscos. - Confiabilidade: o gerenciamento automatizado ajuda a organização e seus gestores a lidarem com os riscos de forma eficaz, garantindo a integridade dos dados, mostrando-se preparada e fortalecendo o relacionamento com stakeholders, que se sentem mais seguros de aplicarem seu dinheiro na empresa.
Manter a confiança de que as informações internas e planos de ação estão seguros mantém uma boa reputação e pode trazer destaque em relação às concorrentes.
Como funciona a automatização da gestão de riscos na prática
De acordo com a CentralEyes, empresa de cibersegurança, as plataformas de automatização funcionam, geralmente, através de um banco de dados, que armazena todas as estruturas de ameaças que podem afetar o negócio (vazamento de dados, crises no mercado e falhas de segurança, por exemplo) e um sistema de padrões que irá quantificar a exposição ao risco.
Uma vez que a plataforma tem os dados para converter em outputs, a automatização inicia as etapas de gerenciamento de risco: mapeamento e identificação do risco, análise, priorização, definição do responsável, resposta e auditoria.
Ao longo desse processo, a ferramenta calcula as variáveis por meio de critérios previamente estabelecidos, ao mesmo tempo em que elabora planos de mitigação, e os distribui para os setores de forma automática.
Nessa avaliação, são consideradas as condições ou situações incertas; a probabilidade de uma condição ou situação ocorrer com base no contexto; os efeitos que a ocorrência pode ter e seus resultados; e a ação a ser tomada, como tolerar ou neutralizar, por exemplo. Após isso, a plataforma continua funcionando para monitorar e criar relatórios. Veja como na ilustração:
Por que implantar a automatização na gestão de riscos?
Segundo a consultoria McKinsey, em seu artigo Managing the risks and returns of intelligent automation, quase 70% das companhias entrevistadas aceleraram a adoção de novas tecnologias e na digitalização de processos e sistemas, principalmente pós-pandemia.
Essa tendência reforça que o gerenciamento de riscos também se beneficia de ferramentas inovadoras para blindar as empresas.
De acordo com a Deloitte, no relatório Future of risk in the digital era, alavancar a implantação da automatização no gerenciamento de riscos traz inúmeros ganhos:
- Eficiência: com gerenciamento dinâmico de logins de acesso, armazenamento de processos financeiros em nuvem, automatização da geração de relatórios de atividades suspeitas.
- Inteligência: com capacidades aumentadas de detecção por meio de visão computacional e identificação de comportamentos anormais associados a violações de compliance para evitar infrações regulatórias.
- Segurança: risco reduzido da cadeia de suprimentos através de blockchain, monitoramento contínuo de ameaças internas, análise dos dados em grande escala e em tempo real para prever falhas antes que elas ocorram e programar a manutenção.
Mas antes de tudo, é necessário que a organização esteja consciente de que a transformação digital envolve não somente a implantação da tecnologia como também requer um alinhamento estratégico, estrutural e processual, maximizando o proveito que a automatização pode oferecer na gestão de riscos.