A aliança entre finanças e tecnologia se mostrou ainda mais necessária nos períodos de pandemia e pós-pandemia. Segundo a ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), o total de investimentos globais em TI (software, hardware e serviços) em 2021 superou os 2 trilhões e meio de dólares.
Mas, embora o CIO (Chief Information Officer) esteja posicionado como diretor e especialista em operações de TI, as limitações do caixa podem tornar o processo de investimento em tecnologia mais complexo, tornando-se necessária a presença de mais diretores na mesa de reuniões, como o CFO (Chief Financial Officer).
Entretanto, a recente pesquisa do Gartner mostra que apenas 30% dos relacionamentos CFO-CIO são caracterizados por serem colaborativos e centrados nas necessidades do negócio.
Nesse cenário, estreitar o relacionamento com o CIO é uma das prioridades do CFO para 2022 como propulsor da inovação, enquanto ambos preservam as reservas financeiras.
O que está colaborando para a aproximação entre CFO e CIO?
Em entrevista para a CXO Talks, o CTO da Deloitte, Bill Briggs, afirma que, no passado, o departamento de TI era considerado de alto custo, e o único envolvimento da área financeira era reduzir gastos sem sacrificar a eficiência e confiabilidade.
Hoje, essa relação é mais estratégica. Em um cenário de constante evolução tecnológica, os investimentos em inovação têm sido vistos como uma das implantações mais estratégicas de capital na empresa, o que torna vantajoso fortalecer as relações entre CFO e CIO.
Para Briggs, “a forma como pensamos sobre finanças em relação a TI está mudando. Este é um momento em que há oportunidades à nossa frente e ambos os setores estão precisando se reerguer e se reinventar. E trabalhar juntos oferece uma chance muito maior de alcançar os objetivos do negócio”.
A pesquisa Insights de pares do CFO para 2021: Transformação digital e prioridades de gastos em TI, elaborada pela Rimini Street, revela que 71% dos CFOs acreditam que a transformação digital é a chave para o sucesso das suas empresas. O levantamento foi feito com mais de 1.500 executivos da área de finanças em 13 países, incluindo o Brasil.
Portanto, espera-se que os CFOs e CIOs liderem funções de TI e finanças mais ágeis, e para isso o CFO deverá entender onde e como os dados e a tecnologia podem ser aplicados, utilizando novas ferramentas como computação em nuvem, análise avançada de dados e softwares de segurança.
Em contrapartida, o CIO precisará entender o mercado em constante mudança, as expectativas operacionais e as novas ferramentas emergentes e conciliá-las com as limitações financeiras da organização.
Como a relação CFO e CIO pode ser vantajosa
Segundo a Ernst & Young, o forte relacionamento entre CFO e CIO pode ser a chave para criar, otimizar e proteger os valores do negócio. Entre as vantagens dessa relação estão:
- Insights melhores através da análise avançada de dados: o CIO pode avaliar a substituição e atualização de novas ferramentas que ofereçam análise, reporte e monitoramento, capazes de auxiliar o CFO a tomar decisões mais precisas.
- Processos mais eficientes com a automatização: tarefas manuais e rotineiras podem ser otimizadas através de ecossistemas digitais capazes de reduzir o tempo e o esforço gasto. Nesse momento, o CIO torna-se responsável também por determinar qual ferramenta do rol de tecnologias pode simplificar as demandas da área financeira.
- Redução de riscos cibernéticos e corporativos: CIO e CFO podem trabalhar colaborativamente no gerenciamento de novos riscos que surgem em cenários de constante evolução. Enquanto o CIO identifica e monitora riscos de segurança tecnológica, o CFO elabora planos de mitigação para manter a empresa financeiramente e intacta.
De acordo a Ernst & Young, os líderes financeiros que desenvolvem um conhecimento prático de TI podem tomar melhores decisões estratégicas e continuar impulsionando – e financiando – a transformação digital de suas empresas.
Enquanto isso, os líderes de TI que contam com uma maior compreensão das prioridades financeiras podem avaliar adequadamente a adesão às suas iniciativas com uma perspectiva maior das estratégias de curto e longo prazo da empresa.
A pesquisa do Gartner, feita com com 183 CFOs e CIOs, revela que relacionamentos fortes entre os dois garantem uma oportunidade 51% maior para liberação de investimentos em tecnologia e 39% mais chances desses valores permanecerem no plano financeiro, além de 18% mais propensão dos resultados pretendidos serem alcançados.
Segundo a consultoria, esses atributos são os principais para definir uma forte parceria digital, no qual as organizações encontram financiamento para iniciativas de inovação, mantendo os gastos digitais dentro do orçamento.
Como aproximar esses dois líderes
O material CFO Insights: Três maneiras de fortalecer a parceria entre CFO e CIO, produzido pela Deloitte, mostra que o objetivo é semelhante para ambos: garantir que as operações sejam executadas com eficiência.
Frente ao desafio de equilibrar perspectivas diferentes, a consultoria sugere questionar se as ações principais do CFO e CIO estão caminhando lado a lado. Alguns exemplos são:
- Quais investimentos a área de TI e financeira estão fazendo ou identificando como críticos para o futuro?
- Como a tecnologia está apoiando a estratégia de crescimento da organização?
- A área financeira está fornecendo apoio às iniciativas de digitalização e propostas da área de TI nas reuniões com outros diretores e parceiros?
- A área de TI está fornecendo dados oportunos e precisos que suportam a entrega de resultados previsíveis e insights sobre receitas, custos, participação de mercado, lucros e ganhos?
- Como a área de TI está gerenciando os riscos de segurança e protegendo os ativos financeiros?
- A área financeira incentiva uma governança adequada para investimentos em tecnologia?
Respondidas essas perguntas, existem formas pelas quais CIOs e CFOs podem fazer parcerias para o sucesso. Para isso, é necessário:
1) alcançar o entendimento mútuo entre ambos;
2) estabelecer comunicações eficazes; e
3) identificar oportunidades para colaborar na entrega de valor ao negócio, forjando pontos em comum entre as duas funções.
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